Do jornal O Globo
Suspenso da Câmara por seis meses, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) avalia a possibilidade de concorrer ao governo do Rio no próximo ano.
O parlamentar se coloca como uma alternativa à esquerda, já que o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), deverá disputar o Palácio Guanabara com o apoio do PT. A sigla aposta em Paes como palanque forte para a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado. A candidatura de Glauber, no entanto, vai de encontro a dois outros integrantes do PSOL, que já se colocam na disputa.
Leia maisA possibilidade de Glauber se colocar na disputa foi anunciada por ele ao jornal Diário de Pernambuco e confirmada pelo parlamentar ao Globo. Para avaliar a viabilidade de sua candidatura, ele afirmou que, nos últimos meses, tem participado de reuniões e percorrido os municípios do estado para discutir “programa de governo, conjuntura nacional e tática eleitoral”, além de consultar eleitores sobre qual cargo deverá concorrer em 2026.
“Tem um espaço deixado pela esquerda no estado que está vazio e as pessoas estão cansadas das opções que estão colocadas, como o Rodrigo Bacellar, (que foi) preso, com um desembargador preso, agora com dois deputados (Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy, do PL) alvos de operações da Polícia Federal, um com mais de R$ 400 mil em dinheiro vivo em casa”, disse. “Eu quero ajudar a derrubar o que já está podre na política do estado.”
A candidatura do parlamentar, caso se torne definitiva, deslocaria os dois pré-candidatos já inscritos para a análise do partido. Um deles é o vereador do Rio William Siri, que tem recebido o aval da direção da sigla e de deputados do partido na Câmara. Desde julho, Siri coloca seu nome à disposição do partido como representante da ala ligada à juventude e com base eleitoral na Zona Oeste da capital.
“Tenho a minha candidatura, que estou colocando há algum tempo, em harmonia com o partido, já que Paes está fazendo tudo para que a extrema direita esteja com ele”, afirmou. “Sobre o Glauber, vejo como muito legítimo o fato de ele querer se lançar e acho importante termos alguém com a musculatura dele. Não estamos encarando isso como se fôssemos adversários.”
Além de Siri, o PSOL também tem como pré-candidata Thais Ferreira, atual líder da bancada da legenda na Câmara do Rio. A decisão final, por sua vez, deverá ficar para o período entre março e abril do ano que vem, segundo o deputado estadual Flávio Serafini, presidente estadual da sigla:
“O PSOL é um partido que vem se renovando muito e vamos buscar chegar a um acordo consensual sobre quem será o candidato final. Temos uma chapa para construir e fortalecer o partido e impulsionar a esquerda no estado.”
Dúvidas sobre o PT
Internamente, o partido enxerga um jogo casado entre Paes e o governador Cláudio Castro (PL), para que ambos não atrapalhem o caminho escolhido pelo outro na disputa eleitoral, o governo do estado e o Senado, respectivamente. O PSOL também tem colocado em dúvida a aliança entre o PT e Paes, sob expectativa de receber apoio de parte da militância ligada a Lula. O comando do núcleo petista no estado, no entanto, indica que estará com o prefeito e busca espaço na chapa majoritária dele, com indicações a vice ou senador.
“Acredito que essa candidatura do Paes está conectada com o Castro, até pelo que tem sido dito pelo vice-prefeito (Eduardo Cavalieire) que atacou a esquerda, preservou o Castro e fez elogios à chacina feita na Penha e no Alemão. Eles devem receber o apoio do PL”, disse Glauber. “A expectativa que tenho é, sendo eu o anunciado ao governo, que a minha candidatura tenha uma base militante da esquerda empolgada com as pautas que a gente quer colocar em discussão.”
O parlamentar, no entanto, não descarta a disputa pela reeleição em 2026, ano em que o PSOL, nacionalmente, terá como prioridade o crescimento da bancada na Câmara. Para concorrer ao governo, Glauber abriria mão tanto do atual mandato quanto da chance de se reeleger.
Como mostrou o Globo, para atingir a cláusula de barreira, o partido terá de eleger ao menos 13 deputados distribuídos por um terço das unidades da federação ou alcançar 2,5% dos votos válidos.
O foco principal estará em São Paulo, onde a sigla será desafiada pela ausência de Guilherme Boulos, que assumiu a Secretaria-Geral da Presidência (SGR) e ficará de fora do pleito. Em resposta, o PSOL apostará na reeleição da deputada Erika Hilton e no lançamento da candidatura da mulher de Boulos, Natalia Szermeta.
Leia menos




























