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O Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou graves irregularidades na alimentação escolar durante a gestão de Raquel Lyra (PSD) como prefeita de Caruaru e pediu ao MPPE que estude a possibilidade de ações criminais sobre o assunto. Raquel deixou a Prefeitura, em abril de 2022, para disputar o Governo do Estado.
O julgamento, relatado pelo conselheiro Carlos Neves, ocorreu em 9 de dezembro deste ano. Carlos Neves destacou a “contratação de empresa com diversas impropriedades e irregularidades, quais sejam: falha no planejamento na gestão de compras; não foi identificada estrutura física para armazenar e distribuir gêneros alimentícios perecíveis ou não perecíveis”.

Segundo o conselheiro, a empresa contratada não foi localizada nos endereços informados. “A empresa JV de Abreu Distribuidora de Alimentos EIRELI – ME, com capacidade logística e estrutura de pessoal reduzidas, não atendendo aos requisitos do termo de referência, vez que, por ser uma empresa nova, não forneceu atestado de capacidade técnica; capital social (R$ 200.000,00) da referida empresa, incompatível com o volume contratado (empenhos totalizando mais de R$ 3 milhões, em 2017)”, disse Carlos Neves.
Ainda segundo o relator, houve aquisição de gêneros alimentícios “por meio de Dispensas de Licitação 03/2017, 04/2017, 05/2017 e 06/2017, com sobrepreço”.
O TCE apontou dano ao erário no montante total de R$ 452.169,22. Os conselheiros julgaram irregulares as contas de Rubenildo Ferreira de Moura, que era o secretário municipal de Educação na gestão de Raquel Lyra. Ainda há possibilidade de ações penais contra os responsáveis.
Carlos Neves determinou o envio de cópia do processo ao Ministério Público Estadual, para que tome ciência dos fatos nele noticiados – irregularidades constatadas pela auditoria deste Tribunal – e providências que entender cabíveis quanto aos aspectos civis e penais. O voto de Carlos Neves foi acompanhado pelos conselheiros Eduardo Porto e Rodrigo Novaes. Carlos Neves vai assumir a presidência do TCE em janeiro de 2026.
Depois que assumiu o governo, a gestão Raquel Lyra fez várias críticas, públicas e privadas, à atuação do TCE. Em crítica pública, em sessão da Assembleia Legislativa ocorrida em maio de 2025, o secretário estadual de Educação, Gilson Monteiro, disse que cautelares do TCE estavam travando os projetos da pasta. O TCE, na época, respondeu em nota.
Raquel também ingressou com mandado de segurança contra o TCE, após o órgão suspender a licitação de publicidade. Após o TCE recorrer ao STF, a Folha de São Paulo publicou que Raquel considerou o recurso a Brasília uma “declaração de guerra” do TCE contra sua gestão.
Raquel conseguiu, contudo, vencer no STF, e a execução dos contratos foi liberada. Outra crítica recorrente de membros da gestão estadual contra o TCE são os números de cautelares supostamente elevados. O TCE, em declarações dos conselheiros durante sessões plenárias, negou que haja qualquer perseguição ao Poder Executivo do Estado.
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