Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Em fevereiro, em um seminário do PL em Brasília, Carlos Bolsonaro chorou ao lembrar que teve que derrotar a própria mãe, Rogéria, para se eleger vereador pela primeira vez. Rogéria foi a primeira pessoa do clã que Bolsonaro introduziu na vida política, em 1992, logo depois dele mesmo.
Em 2000, Bolsonaro estava se separando de Rogéria, que é mãe não apenas de Carlos, mas também do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Para evitar, então, que Rogéria se elegesse vereadora novamente, ele colocou Carlos para derrotar a mãe. Algo que Carlos admitiu naquele dia, foi “traumático”. O episódio está na raiz dos problemas de relacionamento dos três filhos com a madrasta, Michelle.
Leia maisPesquisa Atlas Intel divulgada nesta terça-feira (2) a mostra empatada com Lula num eventual segundo turno. O problema é a aceitação de seu nome pelo clã. E essa aceitação está difícil. Valdemar tenta uma reunião entre todos para conseguir obter um freio de arrumação. Um acerto mínimo.O senador Flávio Bolsonaro coloca-se como a alternativa da família. Mas ele está longíssimo de ter o mesmo apelo eleitoral que parece ter Michelle. E Valdemar, afirma ao Correio Político um interlocutor de Valdemar, confia pouco nele. Costuma comentar que Flávio é menos fiel ao partido que Eduardo.
É como se Bolsonaro invertesse o sentido daquela frase atribuída a Leonel Brizola. Quando ainda se imaginava que fosse haver eleição em 1965, ele dizia que não haveria impedimento em disputar a Presidência sendo cunhado do então presidente, João Goulart. Seus correligionários diziam que não havia impedimento, porque “cunhado não é parente”. Assim, a resistência especialmente dos filhos reside em algo próximo: “Esposa não é parente”. Ou pode deixar de ser. E há diversos outros problemas de relacionamento entre a madrasta e os filhos de Bolsonaro.
Segundo esse interlocutor, nas eleições de 2022, Eduardo, com todos os seus problemas de voluntarismo, teria cumprido mais efetivamente missões do partido que lhe foram dadas. Flávio, tido como mais maleável e experiente politicamente, seria muito individualista: jogaria somente para ele.
De qualquer modo, voluntarismo parece ser o grande problema dos Bolsonaro. É a origem de todo o rolo de Eduardo nos EUA. E a razão do rolo com Michelle no caso do Ceará e de Ciro Gomes. Valdemar quer tentar reunir todos para, ao menos, pedir que o jogo entre eles seja mais combinado. Mas a tarefa é difícil.
No fundo, o que Valdemar desejaria era conseguir imprimir um pouco de pragmatismo à visão política do clã. O PL é o mesmo partido que ocupou a vice nos dois primeiros governos de Lula. Mas o problema é que ele fez o PL crescer ao incorporar um grupo que nada tem de pragmático.
Depois de uma reunião nesta terça-feira (2), o PL suspendeu os acertos que estavam sendo feitos no Ceará para fechar uma aliança em torno de Ciro Gomes (PSDB) ao governo do estado. Ou seja: num primeiro momento, Michelle venceu a parada. O apoio a Ciro subiu no telhado.
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