Por Antonio Magalhães*
Quase uma década de arbítrio jurídico gerou consequências enviesadas, tortas, no Brasil, atingindo apenas um campo político: o da direita. As críticas constantes de juristas sérios, vistas como ataques à Corte, não abalaram aparentemente… você sabe quem…, o líder autoritário que se faz de surdo e vem impondo sua vontade diante dos colegas e de uma Nação espantada, humilhada e angustiada. O não cumprimento da Constituição Federal, por quem deveria ser seu guardião, não é um empecilho para ele. Passa por cima até de leis maiores e menores.
Contudo, você sabe quem, não atentou para a Lei do Retorno. Começaram a ser divulgadas ontem na imprensa internacional ilegalidades na sua conduta em inquéritos intermináveis e fantasiosos. Na mais recente edição do relatório “Vaza Toga 2”, o jornalista americano Michael Shellenberger, que acompanha de perto os assuntos brasileiros, aponta prisões irregulares e duradouras de gente que apenas se pronunciou contra o governo petista ou a Corte Suprema.
Leia maisA “Vaza Toga 2” revela também troca de mensagens pelo Whats App… por ele… e seus assessores nas quais são sugeridas prisões para crimes inexistentes e condenações sem julgamento de críticos do sistema, apenas cidadãos comuns reagindo ao arbítrio jurídico. E aponta ainda a grave ilegalidade do uso, por ordem… dele… já como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do banco de dados da corte para identificar e punir oposicionistas.
Quem se julgava impune, livre de qualquer castigo merecido, está vendo o tempo fechar e as coisas piorarem. Primeiramente, como um raio inesperado vindo de fora contra quem se julgava impune, vivendo além da realidade, veio a perda do visto de entrada nos Estados Unidos para ele e sua família. E depois a punição pela Lei Magnitsky por ser ele um abusador dos Direitos Humanos dos brasileiros. A lei lhe veta e à sua família qualquer operação financeira ou de negócios com entidades que tenham ligação com os EUA. Você sabe quem… mexeu com os nacionais e americanos. A conta chegou.
A onda de arbitrariedades jurídicas e policiais que atingem os adversários do regime, comandada por… você sabe quem… teve sua gênese em 2016. Começou como uma marolinha, quando o então vice-presidente Michel Temer tomou conhecimento do hackeamento do celular da sua esposa, Marcela. Ele pediu ao secretário de segurança de São Paulo da época, ele mesmo, para deter o hacker, evitando a divulgação do conteúdo e pondo fim a uma chantagem. Missão dada, missão cumprida.
Com o impeachment de Dilma Rousseff, Temer assumiu a Presidência da República e convidou por gratidão o amigo caçador de hackers para o Ministério da Justiça. Na primeira vaga do STF, com a morte em acidente aéreo pouco esclarecido do ministro Teori Zavascki, o grato presidente indicou seu ministro para o Supremo em meio à resistência petista – é isso mesmo, resistência do PT. No entanto, ele foi aprovado em 2017. E virou parceiro da esquerda e dos petistas. A política é como uma nuvem e o interesse de muitos, muda a toda hora.
Daí em diante foi dada largada numa maratona de arbítrios, principalmente depois da posse em 2019 do presidente Jair Bolsonaro, vítima de facada durante a campanha em 2018 que quase o matou e que veio a ser ‘persona non grata’ no sistema ou consórcio STF, mídia velha, bancos e esquerda.
As forças do consórcio fecharam o cerco ao ‘bolsonarismo’ em agosto de 2022 com a ida de… você sabe quem… para presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tudo preparado para dar sustentação à campanha de Lula e esvaziar o desempenho pré-eleitoral do adversário. Novamente, missão dada, missão cumprida e com um ‘plus’, tornando o derrotado em inelegível.
O suposto golpe de estado ‘Roque Santeiro’, o que foi sem nunca ter sido, criado e estimulado pelo consórcio a partir das manifestações e depredações sem armas ou participação de militares em 8 de janeiro de 2023, gerou a mais grave consequência para a direita brasileira. Sem se importar com qualquer aspecto jurídico legal, ele e o STF condenaram Bolsonaro a 27 anos pela suposta trama golpista e muitos anos para outros 33 processados, militares e civis. Nesta terça-feira, 25 de novembro, o processo transitou em julgado e os condenados, inclusive o ex-presidente, começaram a cumprir pena.
O Brasil de cabeça para baixo, onde as leis não valem de nada, lembra uma situação surreal, bizarra, registrada na abertura de uma série da tv dos anos 1960 chamada ‘Além da Imaginação’. Diz o locutor com uma voz grave: “Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação”. E é aqui que vivemos neste momento. É isso.
*Jornalista
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