Cumpriu-se a crônica de uma crise anunciada. A indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga de Luís Roberto Barroso no Supremo fez o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pegar em armas.
Ele está no Amapá e desligou o telefone, não sem antes fazer questão de avisar a aliados que Lula não o comunicou previamente da escolha e que rompeu com Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.
O Planalto está ciente do tamanho da confusão. “Vamos fazer o quê?”, diz um ministro de Lula. “Deixar o Alcolumbre indicar o ministro Supremo? É crise? Vamos enfrentar”, conclui.
Entre os aliados de Alcolumbre, há quem pregue acelerar a tramitação da indicação, pautar rapidamente a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça e, no mesmo dia, levar o nome de Messias ao plenário. Tudo para que o governo não tenha tempo de articular uma reação.
Hoje, mesmo entre petistas é consenso que Messias não tem os 41 votos necessários para ser aprovado pelo Senado. Com a oposição aberta de Alcolumbre, a situação fica ainda mais complexa.
Lula formalizou a indicação de seu advogado-geral da União para o posto antes de uma viagem internacional, ciente da adversidade no Congresso. O governo já não tem maioria na Câmara e agora esgarçou as relações com o Senado.
Mas a escolha do presidente foi consciente. Ele havia avisado que não poderia deixar o Parlamento “sequestrar” uma atribuição que constitucionalmente compete ao chefe do Executivo: a indicação ao STF.
Aliados do petista lembram que, nos últimos anos, o Congresso foi ampliando seu poder de tutela sobre o Executivo, inclusive controlando parte expressiva do Orçamento, por meio das emendas.
Os bombeiros vão entrar em campo, mas o presidente da República riscou o fósforo — e o do Senado parece disposto a tacar fogo no parquinho.
O Sertão de Pernambuco registrou volumes expressivos de chuva nas últimas 24 horas, segundo dados da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC). Carnaubeira da Penha foi a cidade que mais recebeu precipitação, com 74,9 mm, destacando-se como o maior acumulado do período e evidenciando a força das chuvas sobre a região.
Floresta também registrou um volume significativo, com 37,2 mm. O Riacho do Navio ficou cheio, fazendo a alegria dos moradores e contribuindo para o abastecimento de água da cidade. Outras cidades sertanejas também registraram precipitações relevantes: Itacuruba, com 36,8 mm; Cabrobó, 32,5 mm; e Ibimirim, 18 mm. Com informações da APAC e do Blog do Elvis.
Deputados iniciaram conversas para viabilizar a CPI do Banco Master. A instituição foi alvo de operação da Polícia Federal, que prendeu Daniel Vorcaro e outros executivos do banco na última segunda-feira (17) por suspeita de manipulação de ativos e desvio de recursos de fundos de investimentos.
A reportagem apurou que os deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Luciano Bivar (União Brasil-PE) conversaram sobre encabeçar a iniciativa, o que daria ao Congresso acesso a todos os documentos apreendidos na operação e às perícias da Polícia Federal realizadas nas mídias recolhidas, como telefones celulares.
Vorcaro mantinha relações com integrantes dos três poderes e de todos os espectros ideológicos, mas, especialmente, do Centrão. Do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, ao do PP, Ciro Nogueira, que comandam juntos a maior força de direito no país, passando pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Cunhado do banqueiro, Fabiano Campos Zettel, do Moriah Asset, doou R$ 2 milhões para a campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao governo de São Paulo nas eleições de 2022. Foi o único doador pessoa física.
O empresário também repassou R$ 3 milhões para a campanha de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição. E doou R$ 10 mil para a candidatura do deputado federal Lucas Gonzalez (Novo) em 2022.
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, usou suas redes sociais nesta quinta-feira (20), para comemorar a indicação de Jorge Messias para o STF. Advogado-geral da União, Messias tem 45 anos e é considerado um nome de confiança de Lula.
Wolney lembrou que foi colega de turma de Jorge Messias na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. “Ele seguiu a carreira na AGU e eu toquei a vida na Câmara dos Deputados. Voltamos a nos encontrar em Brasília, ambos servindo ao governo do presidente Lula”, destacou.
O ministro disse ainda estar duplamente feliz com a ascensão de Jorge Messias, “como brasileiro e como pernambucano”. E afirmou estar confiante na aprovação de seu nome pelo Senado. “Apenas uma coisa me preocupa: a falta que ele vai fazer ao presidente Lula e ao conjunto de ministros”, ressaltou Wolney.
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) realiza, amanhã (21), a partir das 8h, mais uma edição do Projeto Inclusão INSS. Dessa vez, o destino é o município de São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife.
A iniciativa visa agilizar a análise do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para crianças e adolescentes neurodivergentes da rede pública de ensino. Em parceria com a Secretaria de Educação do município, foram convocadas 22 famílias para 40 atendimentos, que incluem avaliação social e perícia médica.
Os atendimentos ocorrerão no Centro Social Urbano de São Lourenço da Mata, no bairro de Chã da Tábua, com o apoio de uma equipe formada por dois assistentes sociais, um perito médico e três servidores administrativos, além de profissionais da Prefeitura.
A política de Taquaritinga do Norte ganhou novos contornos após declarações do pré-candidato a deputado federal Carlos Costa, que disse se sentir “magoado” e “chateado” com o ex-prefeito Ivanildo Lero. Em entrevista ao radialista Alberes Xavier, Carlos criticou a decisão de Lero e seu grupo político de declarar apoio à pré-candidatura de Juliana de Chaparral à Câmara Federal, classificando a mudança como ingratidão pelo apoio histórico recebido.
Carlos Costa lembrou que ele e o irmão, o ministro Silvio Costa Filho, foram decisivos na última eleição para o grupo Calabar, oferecendo sustentação política e recursos importantes para a gestão municipal. Segundo o pré-candidato, ele ainda se empenhou pessoalmente para ajudar Lero a manter sua elegibilidade, após condenação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o que torna o apoio a Juliana ainda mais decepcionante.
A decisão de Lero, segundo Carlos, expôs um novo racha dentro do grupo Calabar e reacendeu especulações sobre os rumos da política local. Apesar da frustração, o pré-candidato reafirmou que seguirá firme em sua pré-campanha: “Demos apoio, encaminhamos recursos, ajudamos o grupo e inclusive me movimentei para que Lero mantivesse sua elegibilidade. Não esperávamos ser surpreendidos dessa forma”, disse. “É triste ver que, na política, muitas vezes falta gratidão”, lamenta Carlos.
A corridinha diária de 8 km, hoje, foi no finalzinho da tarde, na boquinha da noite, como diz o sertanejo, no Parque Verde, em Arcoverde. O Sertão está igual ao Rio 40 graus, não dá para correr pela manhã. Quente demais!
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, abriu as portas do partido para filiação do vice-prefeito de João Pessoa, Leo Bezerra, e de seu grupo político, que estão na iminência de deixar o PSB, partido do governador João Azevêdo. “Claro que as portas do MDB estão abertas para o vice Leo. Seria um gesto de fortalecimento da pré-candidatura do prefeito Cícero ao Governo da Paraíba”, disse o dirigente nacional. As informações são do Jornal da Paraíba
Ontem (19), em entrevista à CBN, o pai de Leo, deputado estadual Hervázio Bezerra, sinalizou a saída do PSB, principalmente depois que o vice-prefeito foi instado a deixar a presidência municipal do PSB.
O imbróglio acontece após o grupo de Hervázio e Leo Bezerra declarar apoio às pré-candidaturas de Cícero Lucena (MDB) ao Governo da Paraíba e de João Azevêdo (PSB) ao Senado, algo que o governador considera como “incompatível”.
Em resposta à CBN, Baleia Rossi afirmou que cabe ao senador Veneziano Vital do Rêgo, presidente estadual do MDB, formalizar o convite para filiação de Leo e de seu grupo, mas defendeu que essa filiação ocorra. Ontem, Hervázio se reuniu com Leo Bezerra e com o vereador Odon Bezerra e foi aconselhado a aguardar “um pouco mais” até que tome uma decisão definitiva sobre os rumos no PSB.
Em 1981, cartazes espalhados pelo Recife anunciando uma missa foram vandalizados. Havia no ar o temor de que a Igreja do Carmo, na capital pernambucana, fosse intencionalmente explodida. Até mesmo o Vaticano se colocou contra a missa. Afinal, como um evento religioso conseguiu se tornou tão polêmico?
Durante a ditadura militar (1964-1985), na noite de 22 de novembro de 1981, a chamada Missa dos Quilombos reuniu católicos progressistas, o cantor Milton Nascimento e o poeta e político de esquerda Pedro Tierra no mesmo lugar onde a cabeça do líder quilombola Zumbi dos Palmares foi exibida depois de sua execução, em 20 de novembro de 1695 — 330 anos atrás.
A missa foi o primeiro grande evento público para celebrar a Consciência Negra, contribuindo para que se tornasse feriado nacional. Artisticamente, teve poesia e música de alta qualidade. Religiosamente, era uma celebração católica — contudo, incorporando referências afro, de uma maneira que ainda não era plenamente aceita pelo Vaticano naquela época.
Politicamente, foi uma afronta: denunciava as consequências sociais da escravidão e escancarava preconceitos, além de exaltar a luta quilombola. “Ao denunciar a existência do racismo no Brasil, a Missa dos Quilombos afrontava o discurso oficial do regime militar sustentado no mito da democracia racial”, explica à BBC News Brasil o historiador Petrônio Domingues, professor na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“Além disso, a afronta era intensificada com a presença de um ex-membro Ação Libertadora Nacional [principal organização de luta armada contra a ditadura, atuou de 1968 a 1974] e ex-preso político do governo ditatorial como um dos seus coautores, no caso o poeta Pedro Tierra.”
Cerca de 6 mil pessoas se apinharam no Pátio do Carmo, no centro da capital pernambucana, para acompanhar a missa. O evento teve repercussão nacional.
“Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem. […] Problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos, com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões”, recitou o então arcebispo de Recife, Hélder Câmara (1909-1999).
Perseguido pela ditadura e chamado pejorativamente de “comunista de batina” e “bispo vermelho”, Câmara cobrou que a Igreja Católica não ficasse apenas “em palavra” — partindo para a ação. “Claro que dirão […] que é política, que é subversão, que é comunismo”, disse o arcebispo, defendendo que seguia o evangelho de Cristo.
Segundo o sociólogo Charlisson Silva de Andrade, também professor na UFS, há documentos confidenciais da época, hoje disponibilizados pelo Arquivo Nacional, com evidências de que o evento em Recife e seus organizadores foram monitorados pelos militares.
Por trás, a Teologia da Libertação
Hélder Câmara no início dos anos 1980: ‘Problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos’, disse na Missa dos Quilombos | Arquivo Nacional
A ideia da celebração começou a ser desenvolvida dois anos antes por dois religiosos que estavam entre os principais nomes da Teologia da Libertação no Brasil: Hélder Câmara e seu colega Pedro Casaldáliga (1928-2020), bispo de São Félix do Araguaia (MT).
Corrente cristã surgida entre os anos 1960 e 1970, a Teologia da Libertação incomodava por conta de sua interpretação do evangelho como resposta à pobreza e a injustiça social — a partir da ótica dos oprimidos e promovendo luta por justiça social e dignidade humana.
O movimento sempre foi visto como “de esquerda” e, não raras vezes, motivo de controvérsia até mesmo dentro da Igreja Católica. Os dois religiosos convidaram o já renomado Milton Nascimento para a empreitada.
“Prontamente, Milton aceitou o convite, motivado pela admiração que já nutria pelo trabalho pastoral e poético de Casaldáliga e pela temática centrada no negro”, afirma Domingues. “Ou seja, a conjunção entre antirracismo e ressignificação do cristianismo num viés progressista animaram o cantor e compositor.”
A ideia seria que Casaldáliga compusesse as letras dos cânticos e o texto-base para a missa. Ao artista, caberia a composição musical. “Modéstia à parte, vamos fazer a melhor coisa do mundo”, escreveu Milton Nascimento ao bispo, na época.
Em seguida, uniu-se ao projeto o poeta goiano Pedro Tierra, pseudônimo de Hamilton Pereira da Silva, que havia sido preso pela ditadura no início dos anos 1970.
Naquele momento, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vinha defendendo trazer a Igreja Católica para o debate racial.
A CNBB incentivava padres a abordarem questões como preconceito racial em suas paróquias e comunidades e esteve entre os apoiadores da formação do Movimento da União e Consciência Negra, núcleo de religiosos e leigos negros que militavam no então incipiente movimento negro brasileiro.
Durante a ditadura, a CNBB foi um dos organismos da sociedade civil que se colocaram como resistência ao regime ditatorial, sobretudo pela influência de nomes como Hélder Câmara e o cardeal arcebispo Paulo Evaristo Arns (1921-2016), entre outros.
Ainda em 1980, ficou definido que a missa seria celebrada por José Maria Pires (1919-2017), bispo da Paraíba e naquela época o único bispo negro do país — quando morreu, aos 98 anos, era o bispo mais idoso dentre os que viviam no Brasil.
Na celebração, ele usou uma batina especial, com cores e motivos africanos. Antes apelidado de “dom Pelé”, tomou para si a alcunha de “dom Zumbi” depois desse projeto — demonstrando seu vínculo com a causa negra.
Ameaças e tensão: ‘Missa vermelha’
O evento levaria ainda um ano para sair do papel, em grande parte por conta da agenda atribulada de Milton.
Em um artigo acadêmico publicado este ano na revista Afro-Ásia, os pesquisadores Petrônio Domingues e Charlisson Silva de Andrade afirmaram que Milton, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra compuseram a missa a partir de uma pesquisa sobre a escravidão. O objetivo deles foi criar um “poema litúrgico” sobre a “ambivalência (tragédia e esperança) que constitui o ‘martírio’ do povo negro na América”, dizem os pesquisadores.
À Folha de S. Paulo, alguns dias antes da missa, Casaldáliga declarou que a Igreja Católica havia participado da escravidão — não só como cúmplice, mas também como instituição proprietária de pessoas escravizadas.
Na véspera do evento, cinco mil cartazes divulgando o evento foram espalhados por Recife. O símbolo do projeto aparecia neles: era um mão negra segurando uma cruz, sobre um fundo vermelho.
Conforme apontam os pesquisadores Domingues e Andrade, muitos deles foram vandalizados por opositores da missa. Com spray de tinta preta, a cruz foi transformada em foice, em uma referência ao símbolo comumente usado por comunistas.
Segundo o artigo, o núcleo de opositores do evento era formado por membros do Comando de Caça ao Comunistas (CCC), organização de direita radical que atuava no país.
Na época, houve relatos de que críticos ao evento planejavam explodir a Igreja do Carmo na véspera da celebração — o que é hoje endossado por pesquisadores. Em um documentário produzido em 2009 pela Universidade Católica de Pernambuco, o próprio Milton Nascimento relatou que houve ameaças de bomba.
Fotos publicadas em jornais da época também mostram muros pichados com frases como “Abaixo a Missa Vermelha” e “Cristo sim, Casaldáliga não”.
O bispo José Maria Pires criticou, na homilia, a ausência de pessoas negras em cargos decisórios, inclusive no comando da Igreja Católica.
Apesar da tensão, Missa dos Quilombos reuniu cerca de 6 mil pessoas | Foto: Reprodução/Acervo pessoal de Petrônio Domingues e Charlisson de Andrade
Em 90 minutos da celebração, houve a apresentação de 11 canções de cunho litúrgico, todas cantadas por Milton Nascimento e um coro de 15 pessoas de Minas Gerais, formado por ele. Milton participou da composição da maioria dessas faixas, com exceção daquelas de tradição popular, com origem no folclore afrobrasileiro e na cultura do povo caiapó. A temática social perpassa todo o repertório.
Em “A de Ó (Estamos Chegando)”, por exemplo, canta-se que “dos novos Palmares nós somos, viemos lutar”. Na canção “Ofertório”, dedicada a esse momento específico de uma missa, entoa-se: “Com a força dos braços lavramos a terra, cortamos a cana, amarga doçura na mesa dos brancos.” “Cavamos a terra, colhemos o ouro que hoje recobre a igreja dos brancos.” “Plantamos na terra o negro café, perene alimento do lucro dos branco.”.
“Em Nome do Deus” lembra que Jesus “nasceu moreno” e evoca Xangô, orixá considerado responsável pela justiça na espiritualidade iorubá.
Não há relatos de violência durante a celebração, apesar do clima de tensão política. Segundo o jornal Diário de Pernambuco registrou, houve distribuição de panfletos difamando os religiosos Câmara e Pires durante a missa. “A Missa dos Quilombos aconteceu em um dos momentos mais delicados da ditadura militar, no início dos anos 1980, quando o regime ainda mantinha vigilância e censura, mesmo sob o discurso de abertura”, contextualiza à BBC News Brasil o escritor e palestrante Alê Garcia, autor do livro “Negros Gigantes”.
Vaticano reprime projeto
Milton em foto de 1982, ano em que disco baseado na Missa dos Quilombos foi gravado
Depois, Milton Nascimento transformaria o projeto em disco. “Missa dos Quilombos”, o álbum, foi gravado em março de 1982. O repertório trazia as músicas da celebração de 1981.
Mas tudo foi gravado em outra ocasião: ao vivo na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, no Santuário do Caraça, cidade de Catas Alta (MG).
Algumas locuções incluídas na gravação, como a oração Invocação à Mariama, de Câmara, foram recuperadas do evento original.
Dentro da Igreja Católica, o evento seguia sendo visto como algo “de inspiração marxista” e era alvo de dissenso interno.
Em julho de 1982, tornou-se pública a notícia de que o Vaticano enviou duas cartas à CNBB reprovando a iniciativa — tudo indica que após o evento ocorrer.
Assinadas pelo então prefeito da Congregação para o Culto Divino, o mais tarde cardeal Giuseppe Casoria (1908-2001), as reprimendas enfatizavam que era inconcebível que uma missa incluísse reivindicações de qualquer “grupo humano ou racial”.
A Congregação para o Culto Divino, atualmente chamada de Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, é uma das pastas da cúpula do Vaticano. Cada um desses órgãos é incumbido de zelar por uma questão da Igreja — no caso deste, é responsável por garantir que a liturgia seja respeitada.
Cada dicastério tem um prefeito, nomeado diretamente pelo papa. A missiva oficial assinada por Casoria determinava que a CNBB se encarregasse de não mais permitir no futuro “atos semelhantes à chamada Missa dos Quilombos”.
“A missa denunciava o passado escravista do Brasil como pecado histórico e fazia a memória dos povos africanos como memória martirial, algo incomum na liturgia oficial até então”, analisa o escritor e músico Rafael Senra, professor na Universidade Federal do Amapá (Unifap).
“Para setores conservadores, isso politizava a eucaristia, transformando a liturgia em ato ideológico. O uso de tambores, expressões corporais e elementos da cultura afro-brasileira foi visto por críticas conservadoras como sincretismo impróprio e desvio litúrgico”
O professor avalia que o evento assumiu um posicionamento claro: “a opção preferencial pelos pobres e contra a opressão racial”. “Isso trouxe a missa diretamente para o centro da disputa ideológica”, contextualiza.
Cabe ressaltar que o entendimento da cúpula católica mudou sobre esse tipo de celebração. Desde o Segundo Concílio Vaticano (1962 a 1965), passou a haver uma maior abertura à incorporação de realidades locais ou regionais às práticas católicas.
Com o pontificado de Francisco (1936-2025), isso foi ainda mais incentivado — o que tornou-se nítido no Sínodo dos Bispos para a Amazônia, realizado em 2018 no Vaticano, no qual muitos elementos indígenas fizeram parte dos ritos litúrgicos.
Ainda não há posicionamentos explícitos do Papa Leão 14 sobre essa questão, mas é de se esperar uma postura semelhante à de Francisco, em parte pela sua experiência pastoral, tendo vivido 40 anos no Peru.
Repercussões da missa de 1981
A Missa dos Quilombos chegou a ter outras apresentações e adaptações. A mais relevante delas foi a de 1995, para celebrar os 300 anos da morte de Zumbi. Participaram 20 mil pessoas. Foi a única vez que ela foi realizada dentro de um templo católico — e não em uma igreja comum, mas sim no Santuário Nacional de Aparecida, a basílica mais importante do país.
Na ocasião, o evento religioso encerrou uma caminhada política de dez dias organizada pelo sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, então presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Os participantes caminharam por 227 km, buscando atrair a atenção para a existência de trabalho análogo à escravidão no Brasil contemporâneo.
Milton Nascimento, claro, repetiu sua participação.
Para os entrevistados, a missa de 1981 contribuiu para consolidar o Dia da Consciência Negra no 20 de novembro.
A ideia de celebrar a data veio do Grupo Palmares, movimento negro de Porto Alegre, no início dos anos 1970.
Em 1978, o então Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial incorporou a efeméride. Foi quando o 20 de novembro passou a ganhar capilaridade nacional.
“Um evento de grande proporção e de repercussão nacional, como foi a Missa dos Quilombos, foi fundamental para a ascensão da celebração na memória do povo brasileiro”, comenta o sociólogo Charlisson Silva de Andrade.
Dois anos atrás, em 2023, o Dia da Consciência Negra se tornou feriado nacional. “A Missa [dos Quilombos] não foi a origem da [instituição da] data, mas foi determinante para projetá-la e consolidá-la no debate público”, concorda o escritor Alê Garcia.
A Câmara de Vereadores de Mirandiba, no Sertão Central de Pernambuco, concedeu ontem (19) o Título de Cidadão Mirandibense ao jornalista e radialista Silva Lima. A homenagem, proposta pelo vereador Dito Messias (PT) e aprovada por unanimidade, reconhece a relação construída por Silva com o município desde 2006, quando atuava no Exército Brasileiro e participou de operações locais, e celebra sua trajetória na comunicação regional.
O maior complexo portuário do hemisfério sul, o Porto de Santos, terá investimento de R$ 1,6 bilhão para ampliar a capacidade de movimentação de cargas. O anúncio foi feito no final desta manhã pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em Dubai, durante missão oficial aos Emirados Árabes.
A ampliação do aporte para o Porto de Santos se deu após reunião realizada entre Costa Filho e representantes da DP World. A empresa opera um dos maiores e mais modernos terminais portuários privados multipropósito do país. O investimento total se soma aos R$ 450 milhões já anunciados, e tem por objetivo elevar a capacidade para 2,1 milhão de TEUs até 2028, incluindo obras de ampliação do cais em 190 metros.
“Esses investimentos reforçam a modernização do setor portuário, ampliam a eficiência do porto e demostram a confiança dos investidores no Brasil”, afirmou o ministro após reunião com representantes da DP World, nesta quinta-feira (20), em Dubai, onde realiza missão oficial nos Emirados Árabes. Também nesta quinta-feira, o ministro visitou o Porto de Jebel Ali.
A segunda fase dos investimentos, recém-aprovada, contempla a construção de um novo píer de atracação, a ampliação da retroárea com a implementação de uma laje sobre estacas, além de melhorias no gate de acesso, nas áreas de inspeção, na infraestrutura para cargas refrigeradas, bem como outras estruturas de apoio operacional.
No conjunto das duas fases, o programa contempla a aquisição de quatro novos portêineres, essenciais para a operação de navios de grande porte; 15 RTGs, que aumentarão a capacidade e velocidade de movimentação de contêineres no pátio; e 40 ITVs, que reforçarão a frota responsável pelo transporte interno de cargas.
Esses equipamentos atendem padrões modernos de eficiência energética e sustentabilidade, alinhados à estratégia global da DP World de reduzir emissões e adotar tecnologias de menor impacto ambiental. Com a expansão, segundo a empresa, o cais poderá receber navios porta-contêineres da classe New Panamax, com até 150.000 TPB (366m) simultaneamente.
O cais ganhará mais 190 metros lineares, passando de 1.100 para 1.290 metros, o que vai ampliar as áreas de exportação de celulose e de operação de contêineres. A previsão é de que a obra seja concluída em agosto do próximo ano.
Em agosto, em visita técnica ao terminal, o ministro participou da cerimônia de lançamento da pedra fundamental das obras de expansão do cais. O ministro conheceu o local onde foram cravadas as primeiras estacas e conversou com trabalhadores portuários.
Costuma-se dizer que a ocasião faz o ladrão. No BRB, banco estatal de Brasília, é diferente. Ali, o ladrão faz a ocasião. Ao trocar R$ 12,2 bilhões por títulos de pirlimpimpim recebidos do Master, o BRB criou um tipo novo de crime: o autoassalto. Conseguiu fazer assalto a banco parecer mais simples do que roubo de galinha.
O assalto ao galinheiro exige planejamento. Antes da ação é preciso responder a inúmeras perguntas: Como neutralizar o cachorro? Como romper a cerca? Como agarrar as galinhas? Como fugir das bicadas do galo? No assalto ao BRB, o dono do Master, Daniel Vorcaro, teve menos trabalho.
A investigação mostra que não havia perdigueiro nem galos no banco de Brasília. Paulo Henrique Costa, o presidente da instituição, foi afastado do cargo sob a suspeita de cumplicidade. Os bilhões foram transferidos eletronicamente. Sem cacarejar. Em março, quando se ofereceu para comprar 58% do Master, mantendo Vorcaro no comando, o BRB tentava encobrir o assalto não abrir um novo negócio.
Ibaneis Rocha, o governador da Capital, é correligionário de Michel Temer, conselheiro de Vorcaro. Ibaneis é amigo também de amigões do banqueiro. Gente como Ciro Nogueira e Antonio Rueda, os chefes da federação União-PP. Num ambiente assim, tão amistoso, não há arames farpados. A porteira abre sozinha.
A investigação do caso Master será incompleta se não esclarecer a relevância das conexões políticas na formação do escândalo. Só uma irrecuperável mente criminosa se aventura a roubar galinhas sabendo o trabalho que dá. O tráfico de influência parece mais limpinho. Às vezes requer apenas um par de telefonemas.
A deputada estadual Débora Almeida (PSDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para criticar a decisão da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), que incluiu a tilápia na lista de espécies exóticas invasoras. Segundo ela, a medida é “tecnicamente frágil”, pode abrir caminho para restrições à atividade e ameaça diretamente a cadeia produtiva da piscicultura no estado. A parlamentar afirmou que seu mandato seguirá “atento, vigilante e atuante” para evitar que decisões equivocadas resultem na criminalização dos produtores rurais.
Débora destacou que a tilapicultura é um dos pilares da piscicultura pernambucana, especialmente no Agreste, no Sertão e no São Francisco, onde garante o sustento de milhares de famílias. A atividade, afirmou, tornou-se uma alternativa real de renda e desenvolvimento para trabalhadores que enfrentam as adversidades climáticas do estado. Ela também reforçou a importância estratégica do setor para Pernambuco, lembrando que a cadeia da tilápia movimenta empregos, impulsiona pequenos empreendimentos rurais e mantém ativa uma rede econômica que vai da produção de insumos ao beneficiamento do pescado, além de fortalecer a oferta de proteína animal acessível à população.
A parlamentar anunciou que buscará diálogo com os ministérios da Pesca, da Agricultura e do Meio Ambiente, além do Congresso Nacional, para evitar retrocessos que possam prejudicar o segmento. Débora afirmou que Pernambuco “não aceitará ser penalizado” por decisões que desconsiderem a realidade socioeconômica dos produtores. “No que depender do meu mandato, os produtores não serão silenciados. Seguiremos ao lado do setor para proteger um segmento vital para a economia do estado e para o povo pernambucano”, declarou.