Por Claudemir Gomes*
O futebol é movido a paixão. Isto é fato. E nada é mais torturante para o torcedor do que perceber que seu time não está correspondendo ao seu amor. Este é o sentimento da torcida do Sport ao ver o rubro-negro pernambucano amargar a 19ª derrota no Brasileiro da Série A. O carrasco da vez foi o Atlético Mineiro, e o palco, a Ilha do Retiro, que se transformou na casa dos festejos para os adversários que nela enfrentam o dono da casa.
Enquanto aguardava o jogo – Sport x Atlético/MG – sintonizo o rádio na Tribuna FM e me delicio com a música – Leão Ferido – de Biafra. “A verdade dói demais em mim / Tenho que ser bandido / Tenho que ser cruel / Um leão ferido, feroz…”.
Leia maisO Atlético Mineiro iniciou a partida com uma equipe alternativa. O Sport encaixou um contra-ataque e abriu o placar: 1×0. Apesar da desvantagem, o Galo se movimentava melhor, e tinha o controle do jogo. Mas o Leão segurava a vantagem e chegou ao segundo gol. Tudo conspirava para que a torcida rubro-negra saboreasse a terceira vitória do time na competição.
Mas o alvinegro mineiro tinha no banco o que falta ao rubro-negro pernambucano: jogadores de qualidade, com potencial para mudarem o rumo da história. Foi justamente que aconteceu. Quando o técnico Jorge Sampaoli promoveu as mudanças necessárias no Atlético/MG, os gols saíram de forma natural.
Estático, o treinador interino do Sport, César Lucena, com seu comportamento traduzia a impotência do grupo que comanda. No final, o placar de 4×2 a favor dos visitantes foi mais uma frustração imposta aos amantes do Sport.
Um outro trecho da música do Biafra – Leão Ferido – ocupa meu pensamento enquanto observo a torcida leonina deixar o estádio da Ilha do Retiro cabisbaixa, como se estivesse carregando o peso do mundo nos seus ombros. “Sou um herói vencido / Anjo que fere o céu / Grito de amor, sumido / Na voz, que voz…”.
O Brasileiro da Série A é composto de 38 rodadas, divididas em dois turnos com 19 jogos de ida, e 19 jogos de volta. Ao alcançar a marca de 19 derrotas é possível afirmar que o quantitativo é igual ao número de partidas de um turno.
Ligo para um amigo rubro-negro que é bem-informado sobre as coisas que acontecem nos bastidores, e pergunto se existe a possibilidade da diretoria do Sport renunciar. Ele me respondeu com uma metáfora:
“Quando Lampião foi visitar o Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no Ceará, andou livre pela cidade. Um repórter foi entrevistá-lo e perguntou se após o encontro com o Padim Ciço ele deixaria a vida de bandido. Lampião respondeu com outra pergunta: ”Se você tem um negócio rentável, você se desfaz dele?”
C’est la vie!
*Jornalista
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