Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
A cerca de um ano das eleições, já é possível começar a construir um quadro de como deverá ser o Senado a partir de 2026. Como se trata de eleições majoritárias, com a eleição de dois senadores por estado, as pesquisas conseguem tratar um cenário. É claro, uma estimativa, longe de ser exata.
Mas um cenário que, neste momento, indica que o plano inicial que a oposição pretendia, de atingir maioria suficiente para aprovar processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras situações de embaraço, não deverá acontecer. Levantamento com base nas pesquisas mais recentes mostra que a oposição mais raiz ao atual governo hoje elegeria a maior parte dos senadores. Mas não em número suficiente.
Leia maisNo ano que vem, o Senado elegerá dois terços da bancada, 54 senadores. Com base nos levantamentos recentes, o PL poderia fazer o maior número: em torno de 13. O PSDB, 4. O Podemos, 3. E o Republicanos, também 3. Seriam 24 alinhados à atual oposição.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso venha a ser eleito, elegeria consigo em torno de 12 senadores governistas de fato. Seriam três do PT. A ex-deputada gaúcha Manuela D’Ávila, que hoje está sem partido. Quatro do PSB. E também quatro do PDT.
Definiria, então, a situação, os partidos do Centrão. Ou pelo menos aqueles partidos que o tempo todo oscilam. Porque ainda que a Federação Progressista, associação do União Brasil com o PP, tenha se declarado de oposição, enquanto houver Davi Alcolumbre (União-AP) e Arthur Lira (PP-AL) o jogo não é tão simples. O PSD pode eleger quatro senadores. O MDB, 8. O União Brasil, 5. O Solidariedade, 1. E o PP, 1. Há aí nomes governistas, como o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tentará a reeleição. E o atual governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). E outros oposicionistas, como o atual governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Somando-se aos 27 senadores que foram eleitos em 2022, a oposição raiz ficaria em torno de 34. O maior número de senadores, mas abaixo da metade mais um, 41 senadores. Ou seja: quantidade suficiente para fazer muito barulho. Mas insuficiente para ditar os rumos.
Se Lula vier a reduzir seu discurso e alianças aos governistas de fato de esquerda, teria ao seu redor, no caso de uma reeleição, uma bancada de somente em torno de 17 senadores, cinco que permaneceriam e mais 12 novos. Sem alianças ao centro, uma situação complicada.
E, então, o Centrão somaria 31. Mantendo, no fim, uma situação parecida com a atual. Ora se grupo se alinharia à oposição, ora ao governo. Parte sempre à oposição, parte sempre ao governo. E se o eleito não for Lula? Viveria necessariamente uma situação melhor?
Não por acaso, muitos acertos agora estão passando justamente pela conquista desse centro. Sejam os acertos em Alagoas, por exemplo, com o PP de Arthur Lira. Ou no Rio, com o PSD do prefeito Eduardo Paes. Será pelo meio que o jogo será jogado.
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