Do Jornal do Commercio
A cada 100 domicílios em Pernambuco, pelo menos 35 sofrem com insegurança alimentar. O estado figura o 5º lugar no ranking dos piores índices em todo o país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O dado foi divulgado ontem (10), pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada por meio de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
Leia maisLideram os números do Brasil os estados do Pará (44,6%), Roraima (43,6%), Amazonas (38,9%), Bahia (37,8%), Pernambuco (35,3%), Maranhão (35,2%), Alagoas (35%) e Sergipe (35%).
Em quase todas as Unidades da Federação houve melhora nos números, com exceção de Roraima, que aumentou de 36,4% para 43,6%; do Distrito Federal, que foi de 26,5% para 27%; do Amapá, que passou de 30,7% para 32,5%; e de Tocantins, que saiu de 28,9% para 29,6%.
O estudo classifica a insegurança alimentar em três níveis:
- Insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos e redução da qualidade para não afetar a quantidade;
- Insegurança alimentar moderada: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos entre adultos;
- Insegurança alimentar grave: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre menores de 18 anos. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.
Atualmente, quase um em cada quatro domicílios no país ainda sofrem com esta carência, enquanto mais de 75% estão em situação de segurança alimentar.
Desigualdades históricas e os piores índices
Apesar do Brasil ter registrado queda em todos os níveis de insegurança alimentar – entre 2023 e 2024, mais de dois milhões de lares saíram da insegurança alimentar –, as regiões Norte e Nordeste ainda são retrato das desigualdades históricas, com as maiores proporções do país.
No Norte, 37,7% dos lares sofrem com a precariedade (2,2 milhões), enquanto no Nordeste, o percentual chega a 34,8% (7,2 milhões).
Já no Centro-Oeste são 20,5% (1,3 milhão); no Sudeste são 19,6% (6,6 milhões); e na região Sul, 13,5% (1,6 milhão).
“Em termos absolutos, a região Sudeste, por concentrar a maior parte da população, tem um número elevado de domicílios em situação de insegurança alimentar. Uma coisa é olhar por termos proporcionais, com piores situações no Norte e Nordeste. Mas quando vemos em termos de quantidade, são Nordeste e Sudeste”, explica a analista da pesquisa, Maria Lucia Vieira.
A taxa de insegurança alimentar grave do Norte foi quase quatro vezes maior quando comparada com o Sul (1,7%), por exemplo.
O estudo mostra que a desigualdade vai além das regiões do país e também revela que quando se trata de gênero e raça, o Brasil ainda é desproporcional. De acordo com o IBGE, os lares afetados pela insegurança alimentar são comandados, em sua maioria, por mulheres, pretos e pardos, de acordo com a pesquisa.
O instituto aponta que as mulheres chefiavam os domicílios em quase 60% dos casos — enquanto os homens comandavam pouco mais de 40%. Além disso, pretos e pardos eram os responsáveis em 70% dos lares inseridos no contexto da insegurança alimentar — contra 28,5% dos brancos.
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