Por José Adalbertovsky Ribeiro*
Dedico este artigo ao prefeito João Campos, em defesa dos pangarés que fazem o transporte de tração animal. Prefeito Johnnie, please, liberte os bichanos!
MONTANHAS DA JAQUEIRA – O cowboy Mac Donald Tramp ama Bolsonaro? A questão vai além de sentimentos pessoais. Está em curso um realinhamento ideológico de direita nas Américas, Brazil inclusive. O capitão é apenas uma peça nessa engrenagem. A mundiça vermelha vai dançar.
Leia maisMontado em seu cavalo branco, The White Horse, MaCDonald botou moral no saloon oval da Casa Branca: “Agora eu sou herói e o meu cavalo só fala inglês”. Ele fala inglês com o sotaque conservador do Velho Oeste. É um cavalo da direita e usa a diplomacia do big stick, o grande porrete. Barack Obama era um intelectual com tutano vermelho e o cavalo dele, o Azulão, falava inglês com sotaque politicamente correto. O cavalo globalista de Joe Biden, The Red Horse, exercitava a diplomacia da monetização de aliados através da CIA e Usaid.
A humanidade caminha nas patas dos cavalos, desde a Antiguidade. A guerra entre gregos e troianos foi decidido pelo Cavalo de Troia, um presente de grego para adentrar nas muralhas do inimigo e resgatar Helena, a mulher que fazia o rei Menelau gemer sem sentir dor.
O cavalo branco de Napoleão conquistou impérios até naufragar na batalha de Waterloo. As patas do valente cavalo Bucéfalo conduziram o grande Alexandre da Macedônia, durante o século IV antes de Cristo, a dominar os reinos da Grécia, Egito e Índia. O conquistador Alexandre adorava Bucéfalo.
No apogeu de sua glória, o excêntrico Calígula (século I antes de Cristo), nomeou, monocraticamente, o cavalo Incitatus como senador do Império Romano. Sua excelência o equino cavalgava garboso em plenário com paramentos de seda e manta de púrpura, a cor dos cardeais, ao cumprimentar seus pares e ímpares.
Era uma criatura de fidelidade cavalar, assim feito algumas cavalgaduras de hoje que pedem licença ao painho até para ir ao banheiro. Isto, em troca da merenda milionária em emendas secretas. Cercado por cavalos atômicos nos mares do Caribe, o ditador narcotraficante da Venezuela não tem saída. O capitão América vai raspar o bigode dele.
Também cultivamos nossos ídolos equestres. Eis uma declaração de amor à musa Pocotó de nossa fauna tropical:
“Vou mandando um beijinho pra filhinha e pra vovó/ Só não posso esquecer da minha eguinha Pocotó./ Pocotó-Pocotó-Pocotó!” Emocionante! Quanto romantismo!
Ao presenciar um cocheiro açoitar a um cavalo numa rua em Turim (Itália), o filósofo Nietzsche (1844-1900) abraçou-se com o animal e caiu no choro. Depois disso teve um curto-circuito no cérebro e enlouqueceu.
Quando vejo carroceiros maltratarem cavalos de carga nesta cidade, eu me lembro de Nietzsche e do prefeito João Campos. Nietzsche era humano, demasiadamente humano, assim falou Zaratustra. Prefeito Johnnie, eu sei que você é um animal político humano, demasiadamente humano. Liberte os nossos bichanos. Substitua os pangarés por cavalos motorizados, tipo triciclos com bagageiros. Os bucéfalos vão adorar. Zaratustra manda lembranças.
*Periodista, escritor e quase poeta
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