A morte da estudante Alícia Valentina, de 11 anos, após ser agredida dentro da Escola Municipal Tia Zita, em Belém do São Francisco, continua mobilizando familiares, autoridades e a comunidade escolar. A criança foi espancada no dia 3 de setembro e faleceu quatro dias depois, no Hospital da Restauração, em Recife, com diagnóstico de morte cerebral. O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, a menina foi agredida por cinco colegas, incluindo quatro meninos e uma menina. Um dos adolescentes acusados da agressão foi apreendido e encaminhado à Funase, em Petrolina. Conforme o documento, as agressões foram feitas porque a vítima “não quis ficar” com um dos garotos. A polícia não informou se o adolescente apreendido foi esse garoto.
Leia maisA família da menina aponta falhas no socorro inicial. Segundo a tia da vítima, que prefere não se identificar, a escola demorou a acionar os responsáveis e a encaminhar a aluna para atendimento médico. “Negligência da escola. Não levaram rápido para o hospital. Graças a Deus apareceu uma professora de outra escola que viu a criança e a socorreu até o hospital com a coordenadora e depois a buscou a mãe na casa. Aí foi quando a mãe informou a família”, relatou.
No primeiro atendimento, realizado no Hospital Municipal Doutor José Alventino Lima, a tia afirma que a criança recebeu apenas injeções de dexametasona e dipirona. “Nenhum soro a menina tomou, nada. Ela passou 20 minutos no hospital, quando afirmaram que estava bem, não tinha trauma nenhum. Não pediram nenhum exame, mesmo com ela falando que sentia muitas dores e que o menino tinha dado um soco”, disse. Segundo a parente, a coordenadora da escola questionou a médica sobre a gravidade do caso e recebeu a resposta de que não havia sinais de trauma.
A prefeitura de Belém do São Francisco e a direção do hospital divulgaram nota negando qualquer negligência. Segundo o comunicado, emitido na última segunda-feira (8), a médica plantonista não autorizou a alta, e a menor teria sido levada para casa pela mãe. A família, porém, refuta veementemente essa versão.
Após voltar para casa, Alícia apresentava um sangramento no ouvido, e os pais a levaram a um posto de saúde do município, onde outro médico constatou a gravidade da situação e recomendou sua transferência. Ela retornou ao hospital municipal já sem conseguir andar ou falar, e só então foi encaminhada para o Hospital de Salgueiro, também no Sertão de Pernambuco, onde exames revelaram traumatismo craniano e coágulos na cabeça. Em seguida, foi transferida para o Hospital da Restauração, no Recife, mas não resistiu. No atestado de óbito, consta que a vítima teve “traumatismo cranioencefálico produzido por objeto contundente”.
A família descreve a menina como uma criança alegre e dedicada. “Sempre foi uma boa aluna, uma boa pessoa. Muito amável, sempre aqui em casa, sorridente e alegre”, contou a tia. “A gente só quer que a justiça seja feita”, acrescentou.
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