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O presidente da Câmara de Vereadores de Arcoverde, Luciano Pacheco, anunciou, há pouco, que o empresário Antônio Carlos, da Tamboril Veículos, e minha Nayla Valença, distinguidos com o título de cidadania arcoverdense, vão receber a honraria numa solenidade conjunta, já marcada para o dia 28 de novembro.
Luciano é autor da proposição de Nayla, enquanto Célia Galindo propôs a de Antônio Carlos, ambas aprovadas por unanimidade. Bióloga, natural de Sertânia, minha Nayla mora em Arcoverde há mais de 15 anos, já atuou na Compesa, Sesc e Prefeitura, prestando relevantes serviços ao município na área social e cultural.
Já Antônio Carlos é paraibano de Camalaú e mora em Arcoverde há mais de 20 anos. Empresário bem-sucedido, Antônio Carlos atua no mercado automobilístico, proprietário da concessionária Chevrolet Tamboril Veículos de Arcoverde, gerando emprego e renda na cidade e em mais três regiões, entre elas o Araripe.
O secretário-executivo do Consórcio Público Intermunicipal do Agreste Pernambuco e Fronteiras (CONIAPE) e pré-candidato a deputado estadual, Raffiê Dellon, foi um dos debatedores do encontro da Liga Acadêmica Democracia e Liberdade, da instituição educacional Associação Caruaruense de Ensino Superior, em Caruaru.
Além de Raffiê, o ex-vereador de Belo Jardim Tallys Bruno também participou do encontro, sob mediação do professor Marco Aurélio. Dellon ressaltou que momentos deste nível engrandecem a democracia. “A defesa da democracia precisa ser uma constante na vida acadêmica e social. Foi um momento ímpar de debate do poder de escolha da nossa gente”, disse.
Em cerimônia bastante prestigiada, ontem, o professor e escritor Roberto Pereira foi empossado na cadeira 35 da Academia Pernambucana de Letras, vaga anteriormente ocupada por Marcos Vilaça, falecido em março deste ano. As informações são do portal Gazeta Pernambucana.
A solenidade, marcada por emoção e simbolismo, contou com a presença da advogada Ilana Vilaça, neta do acadêmico homenageado, e foi aberta por uma vibrante apresentação cultural do grupo de caboclinho “União Sete Flexas”, de Goiana, município onde o novo imortal atuou como secretário de Turismo e Desenvolvimento Cultural.
Leia maisEm seu discurso de posse, Roberto Pereira homenageou Marcos Vilaça e reafirmou o compromisso com a preservação da cultura como base da identidade nacional. Fez referência a nomes fundamentais da literatura lusófona, como Fernando Pessoa, Gilberto Freyre, João Cabral de Melo Neto e Joaquim Cardoso. A acadêmica Margarida Cantarelli, responsável pela saudação oficial, foi enfática: “Quem é filho de Nilo Pereira, já é de casa”, em alusão ao pai do empossado e à sua notável trajetória como homem de cultura e das letras.
Mais do que uma recepção a um novo integrante, a cerimônia reafirma o papel essencial da Academia Pernambucana de Letras como guardiã da cultura literária de Pernambuco e da língua portuguesa. Fundada em 26 de janeiro de 1901 pelo escritor Carneiro Vilela e outros dezenove intelectuais, a APL é uma das mais antigas instituições literárias do Brasil. Ao longo de seus mais de 120 anos, consolidou-se como um verdadeiro farol da cultura pernambucana e da língua portuguesa, valorizando a literatura, promovendo a reflexão crítica e defendendo a memória cultural do Estado.
Sediada em um solar do século XIX, tombado como patrimônio histórico e cultural, no bairro das Graças, no Recife, a APL abriga biblioteca, museu, salas de exposição e ambientes que preservam o legado intelectual de seus membros. Mais que um espaço simbólico, é uma instituição viva, dinâmica e comprometida com o diálogo entre tradição e contemporaneidade.
A Academia desenvolve concursos, premiações, publicações e eventos que revelam novos talentos, homenageiam nomes consagrados e mantêm viva a chama da criação literária em Pernambuco. É um centro de referência não apenas regional, mas também nacional e lusófono, conectando escritores, leitores e estudiosos da língua portuguesa.
A posse de Roberto Pereira reforça essa missão institucional. Sua trajetória como gestor público, especialmente nas áreas da educação e da cultura, somada à sua atuação intelectual, contribui para a renovação crítica e consistente do quadro acadêmico. Em sua nova condição de imortal, ele se une a uma linhagem de pensadores que não apenas celebram as letras, mas as colocam a serviço da sociedade.
Ao acolher mais um membro, a Academia Pernambucana de Letras reafirma seu papel como uma das instituições culturais mais relevantes do país. Em um tempo de mudanças velozes e desafios simbólicos, a APL permanece como âncora, ponte e farol, comprometida com a permanência da palavra, a força da memória e o futuro da língua portuguesa.
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A convite do delegado José Belém, ex-secretário de Segurança Pública de Pernambuco e ex-presidente da Associação dos Delegados do Estado, o ex-delegado e atual líder político Romero Leal participou de um produtivo almoço na capital pernambucana, reunindo diversos delegados e representantes das Polícias Civil e Militar do estado.
O encontro teve como objetivo discutir as demandas e os desafios enfrentados pelas forças de segurança, além de fortalecer o diálogo com profissionais que atuam diariamente na defesa da população pernambucana. Demonstrando seu compromisso com o estado, Romero Leal destacou a importância de manter esse contato constante com os colegas de profissão e reafirmou seu empenho em contribuir para o avanço das instituições policiais.
Leia mais“Sabendo do nosso compromisso com Pernambuco, o Dr. José Belém nos convidou para dialogar e levantar demandas dessa importante categoria da qual fiz e faço parte, mesmo que já não mais na ativa. Foi uma agenda bastante produtiva, onde tivemos a oportunidade de reencontrar delegados da velha guarda e também conversar com novos integrantes das Polícias Civil e Militar, compartilhando experiências e visões sobre o futuro da segurança no estado”, afirmou Romero.
Durante a conversa, Romero destacou os avanços já alcançados pela gestão da governadora Raquel Lyra na área da segurança pública, reconhecendo os esforços para fortalecer as estruturas e valorizar os profissionais. No entanto, ele reforçou que o trabalho deve continuar firme, buscando melhorias que contemplem todas as forças de segurança.
“Muito já foi feito pela governadora Raquel Lyra, mas precisamos seguir avançando, com ações que garantam mais estrutura, valorização e reconhecimento aos nossos policiais civis e militares. Só assim construiremos um Pernambuco mais seguro e forte para o nosso povo”, ressaltou. O encontro também foi marcado pela presença de grandes amigos e colegas de profissão, como Nilson Mota, Cleide Lyra, Roberto Brutos, Nonato, Adalberto, Araupã, Salatiel e João Arraes, entre outros.
Ao final, Romero agradeceu a José Belém pela cordialidade e reforçou que seguirá à disposição para futuros encontros com a categoria, sempre com o propósito de dialogar, ouvir e buscar soluções que contribuam para o fortalecimento da Polícia Civil e Militar de Pernambuco. “Seguiremos de portas abertas para o diálogo, com o mesmo compromisso de sempre: trabalhar por um estado mais justo, seguro e melhor para todos os pernambucanos”, concluiu.
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O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgará, amanhã, se o Congresso foi omisso ao não regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto na Constituição de 1988. Com resistência no Congresso, a taxação de super-ricos é uma das bandeiras do governo Lula. As informações são da Coluna do Estadão.
A ação foi movida pelo PSOL em 2019. O Congresso, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediram que a Corte rejeite o processo. Até o momento, só há um voto no julgamento, o do ministro aposentado Marco Aurélio Mello, antigo relator do caso. “Passados 31 anos da previsão constitucional, que venha o imposto”, disse o magistrado em 2021. O processo tramita no gabinete do ministro André Mendonça.
Leia maisEm 2019, o PSOL acionou o Supremo e afirmou que o Congresso havia se omitido ao não regulamentar o Imposto sobre Grandes Fortunas, o único imposto ordinário previsto na Constituição ainda não implementado. “Mais de três décadas após a promulgação da vigente Constituição, esse dispositivo constitucional permanece letra morta, por falta de lei complementar votada pelo Congresso Nacional”, afirmou o partido na oportunidade.
A Câmara negou qualquer omissão e afirmou ao STF que há um projeto de lei sobre o caso pronto para ser votado em plenário. Em 2020, a PGR afirmou que o Supremo afrontaria a separação entre os Poderes se aceitasse o pedido do PSOL.
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Por Ygor Valença*
A nova minuta do Ministério dos Transportes representa um dos maiores retrocessos na história da formação de condutores no Brasil. O texto, elaborado sem qualquer diálogo com os Detrans, os Centros de Formação de Condutores (CFCs) e os profissionais instrutores, ignora 28 anos de avanços e coloca em risco a segurança de milhões de brasileiros.
O ministro Renan Filho conduz o processo de forma autoritária e com evidente viés eleitoral. A mais de 90 dias, o governo federal transformou a discussão em uma campanha publicitária, prometendo reduzir em até 80% o custo da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O discurso é populista: todos queremos baratear, modernizar e desburocratizar o processo. Mas, para as autoescolas, isso não é possível sem mudanças na legislação atual, que ainda impede, por exemplo, a redução da carga horária mínima, o uso de carros automáticos e a oferta de aulas teóricas em formato EAD.
Leia maisEnquanto ataca o setor de formação, o ministério apresenta uma “solução” perigosa, que ameaça transformar o trânsito brasileiro em uma verdadeira carnificina. A minuta é permeada por interesses privados e lobby de gráficas, clínicas médicas, plataformas de aplicativos e empresas de EAD. Em vez de aperfeiçoar o modelo existente, destrói o que vem sendo aprimorado há quase três décadas e cria um sistema que permite aulas práticas em veículos sem duplo comando de freio e ministradas por instrutores autônomos, fora da estrutura fiscalizada dos CFCs.
O ministro afirma combater “reservas de mercado”, mas se cala diante das verdadeiras: as gráficas credenciadas pelo próprio Ministério dos Transportes, apenas três em todo o país, e o pequeno grupo de clínicas médicas e psicológicas habilitadas para realizar exames. Por que essa seletividade?
Quando o governo diz que uma CNH custa R$ 2.500, omite os próprios custos oficiais: cerca de R$ 300 pela taxa de emissão e R$ 250 por cada exame médico e psicológico, valores cobrados por prestadores credenciados pelo próprio governo. Em alguns detrans a taxa passa de R$1000. O restante corresponde às aulas teóricas e práticas, que são o coração da formação e garantem que o futuro motorista aprenda com segurança e responsabilidade.
Nós, do setor, apresentamos uma proposta técnica que mantém a qualidade, reduz a carga horária e o valor final em até 60%. Mas o governo se recusa a ouvir. O ministro já divulga, em suas redes sociais, o passo a passo do “novo processo”, mesmo antes de concluída a consulta pública, o que evidencia que essa consulta é apenas uma formalidade.
Agora imagine seus filhos ou netos aprendendo a dirigir em carros de locadora, sem duplo comando de freio, ao lado de um instrutor desconhecido, avaliado por estrelinhas em um aplicativo. Ou ainda, aulas de motocicleta em vias públicas sem qualquer identificação de aprendiz. Fiscalizar será impossível.
No Brasil, existem hoje 17 programas de CNH Sociais com milhares de vagas ociosas. Muitos cidadãos não tiram a habilitação nem quando ela é gratuita. O problema não é o preço, e sim a falta de fiscalização e a impunidade, fatores que desestimulam o interesse e enfraquecem a cultura da responsabilidade no trânsito.
Estamos falando de um setor que emprega cerca de 300 mil brasileiros e reúne mais de 15 mil empresas que prestam um serviço essencial à segurança pública. Em vez de fortalecer essa rede, o Ministério dos Transportes tenta destrui-la por vaidade política.
Renan Filho faz campanha antecipada sob o pretexto de “modernização”. O mesmo ministro que sonha voltar ao governo de Alagoas transforma o trânsito em palanque eleitoral. É lamentável que um governo que prega a educação como instrumento de transformação aceite a banalização da educação no trânsito, justamente o espaço onde se salva vidas.
A proposta é tão equivocada que uniu as maiores centrais sindicais do país (CUT, UGT, CTB e Força Sindical), que já realizaram protestos em 17 estados. O ministro Renan está conseguindo algo inédito: colocar empresários e trabalhadores contra o próprio Partido dos Trabalhadores.
Para manter os Detrans em silêncio, a minuta não toca nas provas teóricas e práticas, nem na abertura de concorrência para novas empresas imprimirem CNHs ou realizarem exames médicos. Em outras palavras, os Detrans continuam ganhando, as gráficas continuam ganhando, as clínicas continuam ganhando e agora entram as locadoras, os aplicativos e as empresas de EAD, e por falar em EAD é do mesmo grupo empresarial que obrigou os cfc’s a comprar o SIMULADOR de Direção, por isso o apoio do Vice-presidente.
O trânsito não é palco para populismo. A CNH não é um produto. É uma conquista que envolve responsabilidade, técnica e formação. Reduzir custos à custa da segurança é um preço alto demais para o Brasil pagar.
*Presidente da FENEAUTO e do SindCFC-PE | Coordenador da CPCFC/Fecomércio-PE
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Consagrada artista visual brasileira, Valéria Pena-Costa irá assinar a curadoria da próxima exposição da brasiliense Isadora Maia. Agendada para acontecer em novembro, a mostra irá reunir tecidos autorais e uma série de telas, com toda a criação inspirada na Ilha da Madeira.
Em fevereiro, Isadora Maia fez uma imersão em Portugal, em busca de novas referências para sua pesquisa. Percorreu o Funchal e as cidades ao redor, no Arquipélago da Madeira, para conhecer as manifestações culturais da região, especialmente o artesanato, as uvas autóctones, o vinho e as mundialmente conceituadas Rendas da Madeira. A influência dessa viagem irá transpirar nas cores e formas que serão apresentadas na exposição, marcada para acontecer na Hill House – celeiro de arte e design genuinamente brasileiros, e que lança e endossa o trabalho de jovens artistas de Brasília.
Será a primeira vez que Isadora Maia participará de uma mostra no espaço, com o respaldo e a expografia lideradas por Valéria Pena-Costa. Enquanto Pena-Costa pauta sua trajetória criativa no Tempo, Isadora Maia imerge em suas raízes hereditárias, com enfoque especial na ancestralidade indígena e africana. Seu trabalho destaca-se por uma experimentação multidisciplinar, da pintura à moda, da fotografia às performances e instalações.
O povo indígena Pankará Serrote dos Campos, enraizado no Sertão pernambucano, no município de Itacuruba, realiza, neste momento, uma manifestação na PE-422 em protesto contra a ação de uma mineradora no local. Segundo vídeo publicado nas redes sociais pela cacique Lucélia, a mineradora Era Mar Ltda. está tentando explorar uma área com o apoio da CPRH e do Governo do Estado. Confira!
Blog do Valdo Cruz
A postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizando o encontro entre os presidentes Lula e Donald Trump, dos Estados Unidos, teve baixo engajamento – sendo que, a maior parte das reações foi negativa, 62,8%. Monitoramento realizado pela Ativaweb, ontem, nas principais redes sociais, Instagram, Facebook, X e Tik Tok, mostra que o conteúdo de engajamento caiu em relação à média anteriormente registrada em publicações do deputado.
Neste caso, a taxa de engajamento ficou em 0,49%. Índice inferior à média histórica do perfil, que oscilava entre 0,8% e 1,2%. Segundo o diretor da Ativaweb, Alek Maracajá, o conteúdo mostra queda progressiva no engajamento e redução da capacidade de viralização, sinalizando fadiga de discurso e desconexão com o público.
Isso mostra, segundo ele, que o deputado Eduardo Bolsonaro fala basicamente para seu público, não conseguindo nem mais gerar grandes ondas e sensibilizar o eleitorado moderado. “Eduardo Bolsonaro fala hoje apenas para os convertidos. Seu discurso já não mobiliza, apenas ecoa dentro de um corredor ideológico. Enquanto o mundo fala em diplomacia e reaproximação, ele insiste em transformar fatos políticos em guerra cultural”, afirmou Maracajá.
O presidente da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Flávio Dino, agendou o início do julgamento dos recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros seis réus do chamado núcleo crucial da trama golpista para o dia 7 de novembro. A sessão se estenderá até o dia 14 no plenário virtual. As informações são do portal Estadão.
Além de Dino, participarão do julgamento Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Luiz Fux, que deixou a Primeira Turma na semana passada, não deve votar. O prazo para recurso dos réus condenados terminou na segunda-feira, 27. Foram condenados oito réus desse núcleo em setembro. Apenas o tenente-coronel Mauro Cid não apresentou recurso, pois conseguiu manter os benefícios previstos no acordo de delação premiada.
Os recursos que serão julgados são embargos de declaração. Eles não têm potencial para reverter as condenações, mas podem resultar em ajustes pontuais às penas impostas aos réus. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão. Após a análise dos recursos, os ministros decidirão se receberão outros recursos na sequência, ou se decretarão o trânsito em julgado logo. Apenas com os processos oficialmente encerrados é que pode ser determinado o início do cumprimento da pena e a definição se isso ocorrerá no sistema prisional ou em casa.
Por Osório Borba Neto
O governo de São Paulo transformou a Sabesp em manchete de pregão. Vendeu na B3 o que era, até pouco tempo atrás, um símbolo da capacidade pública de gerir o essencial. Prometeu eficiência, investimentos, expansão. E o que se vê agora? A Agência Reguladora do Estado (Arsesp) discutindo reduzir a pressão da água por até 16 horas diárias, às vésperas de um rodízio. É o retrato cru do discurso liberal quando confrontado com a física dos mananciais e a aritmética da escassez.
Quando a água passa a ser tratada como ativo financeiro, muda-se a lógica: o cidadão vira cliente, o direito vira produto, e o lucro vira bússola. A universalização, que é cara e demorada, deixa de ser prioridade. E a equação de mercado não se preocupa com quem vive no fim da linha ou na ponta seca da rede. A água, que sempre foi questão de soberania, vira aposta de portfólio.
Leia maisEm Pernambuco, a governadora Raquel Lyra anuncia o mesmo caminho para a Compesa. A promessa é destinar aos municípios o produto da privatização, como se fosse uma partilha generosa. Mas o que se vende, na prática, é o controle sobre o bem mais vital de todos. A Compesa é falha, sim – envelhecida, às vezes ineficiente –, mas é nossa. É do Estado. Está sujeita à transparência pública, ao controle social, ao voto e à crítica. Privatizá-la é entregar o comando da torneira a quem responde não ao cidadão, mas ao acionista.
Há quem diga que o problema é o Estado – que basta vender para que a eficiência floresça. Mas o liberalismo de gabinete esquece que saneamento é serviço de rede, de longo prazo, sem retorno rápido, dependente de subsídio cruzado e de planejamento. Nenhuma empresa privada investe vinte anos para levar água ao Sertão sem expectativa de lucro. O Estado, sim. Porque esse é o papel do Estado: garantir o essencial aonde o mercado não chega.
Veja o exemplo da saúde pública em Pernambuco. Anda mal, padecendo de filas, desassistência e falta de médicos, muriçocas, teto caindo em UTI neonatal! Diante disso, Raquel Lyra proporia privatizar os hospitais públicos como solução? Evidente que não. Ou, ao menos, não fez até agora. O problema não está no caráter público do serviço, mas na má gestão, na ausência de políticas consistentes, de planejamento e de governança. Com a Compesa, é o mesmo: o que se precisa é reformar, não entregar.
O caso paulista é um aviso: o “bater descontrolado do martelo” na Bolsa pode parecer modernidade, mas ecoa vazio nas torneiras. Reduzir a pressão da água é reduzir a pressão sobre quem lucra com ela. E, quando o lucro se sobrepõe ao direito, a sede deixa de ser um problema social e passa a ser uma variável financeira.
Privatizar a água é o tipo de decisão que, feita uma vez, não se desfaz. É abrir mão de um dos últimos instrumentos de soberania pública sobre o que é, em essência, um bem comum. O que se espera do governo não é que venda o que é de todos, mas que administre com coragem o que herdou: um sistema falho, sim, mas público. Porque água é vida – e vida não cabe em balanço patrimonial.
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Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
As equipes que agora negociarão com o governo dos Estados Unidos, aqui sob o comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, não têm ilusões. As conversas, avaliam, não serão nada fáceis. Mas, pelo menos, essas conversas acontecerão, o que já é classificado como uma grande vitória.
Após a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no domingo (26), qualquer dúvida sobre algo que o Correio da Manhã aqui já antecipara dissipou-se: o ex-presidente Jair Bolsonaro foi inicialmente colocado na mesa por Trump como pretexto. Trump, disse um integrante dessas equipes, é “um homem de negócios”. Sempre foi um empresário que arrisca e negocia alto.
Leia maisÉ como na clássica história do “bode na sala”. Coloca-se ali um animal grande e malcheiroso. Quando se tira o animal, a sensação de alívio é imediata. Embora nada de concreto tenha avançado para o que havia antes. É caso. O tarifaço, por enquanto, continua.
No domingo, Lula entregou a Trump uma pauta com os pontos que o Brasil deseja negociar. Segundo os demais interlocutores, Trump leu o documento e pareceu mesmo dar atenção a ele. Mas Trump mesmo não entregou pauta alguma em troca.
A avaliação que os negociadores do governo fazem é de que, ao menos, o ambiente distensionou-se. Abrindo espaço para que Brasil e Estados Unidos voltem a ter relações bilaterais. Algo que parecia impensável há três meses quando Trump impôs a sobretaxação de 50% sobre os produtos brasileiros em carta que iniciava mencionando a situação de Bolsonaro. Agora, Bolsonaro estará fora da pauta dos negociadores de cada lado. Temas políticos, os dois presidentes deixaram claro, serão tratados somente por eles. Sobre o que especificamente girarão as negociações, as equipes ainda não têm clareza, a não ser de forma genérica
Trump não admite derrota. Qualquer que seja o resultado, para ele é ele sempre quem vence. Um ponto, porém, que impressionou quem assistiu à conversa foi como Trump tratou de buscar pontos de conexão com a história de Lula, não com a de Bolsonaro.
Embora quisesse evitar que as agruras do ex-presidente dominassem a reunião, foi Lula quem primeiro puxou o assunto. Disse que Bolsonaro teve julgamento que respeitou o devido processo legal e que, inclusive, encontrou-se um plano de assassinato do próprio Lula.
Segundo versão dos interlocutores brasileiros, Trump disse que achava Bolsonaro um “cara legal”. Mas também não se aprofundou muito na defesa do ex-presidente. Disse que tinha essa boa impressão, mas que, na verdade, não conhecia Bolsonaro muito bem.
E, aí, impressionou como buscou pontos de conexão com Lula. Quis saber detalhes sobre o tempo de prisão. Impressionou-se quando soube que foram mais de 500 dias. E disse considerar que ambos, ele e Lula, seriam “vítimas do sistema”. Por aí se iniciou a conversa.
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