Por Aldo Paes Barreto
Traquitanas tecnológicas de todas as formas, com destaque para os inevitáveis celulares, indispensáveis até em reuniões familiares dos almoços domingueiros, não têm deixado tempo para as boas leituras, principalmente entre os jovens. É pena. No sossego de uma rede ou no conforto de uma cadeira do papai, faria um bem enorme. Ao corpo, ao espírito e aos olhos que veem o mundo se deteriorando sob guerras, governos, ineficientes, belicosos, corruptos ou ditatoriais adeptos do radicalismo.
Podem crer: já existiram e ainda existe muita gente boa, letrada, gentil e, sobretudo, humanizada por aí, inclusive neste imenso e ambicionado Brasil. Lamentável apenas que essa nossa gente boa geralmente seja péssima no momento de votar. Quem lançar um olhar pelo retrovisor vai encontrar número significativo de homens que fizeram da política a arte do bem comum. Outros, não percorreram os caminhos políticos, nem por isso, deixaram de praticar o bem. Aqui e mundo afora.
Leia maisNão importa. O crescente exército dos idiotas, dos insensatos e dos insensíveis que querem ver o mundo pior e trabalham para isso, cresce em todo o universo, independente de crenças ou ideologias. Já beira os precipícios do inferno e sempre quer mais, desde exista algum lucro financeiro no final do túnel.
Dia desse andei relendo “Guerra e Paz, do russo Leon Tolstoy. Leitura sempre recomendada pela história e pelo autor. Tolstoy continua atual e universal. Deixou incontáveis e valiosos ensinamentos. Teve uma existência voltada para a boa conduta do ser humano, para a convivência harmoniosa e para a prosperidade sadia da humanidade. Um desses ensinamentos poderia servir como paradigma: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.
Outro seria da maior utilidade para se viver com mais harmonia com a natureza, com os concidadãos salvando as cidades de hoje, de cimento e cal: “Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros. Em vão… Porque até na cidade, a Primavera é Primavera”.
E outra citação que justificaria invocá-lo neste espaço e que certamente faria as delícias do PT de antigamente e os de hoje por motivos mais sonantes: “Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas. ”
Estou cansado dessa gente. Pelos anos intensamente vividos, pelos caminhos estreitados, pelas estradas percorridas, pelo tempo corrido e transcorrido, pelas noites longas e dias ao desemparo que provocam mais rugas à alma do que cicatrizes ao corpo. O agora é um tempo áspero e amargo que vai ceifando os amigos, apagando cenários antigos, sepultando as velhas esperanças. É tempo de fechar a cortina e assistir no palco os tenebrosos atores como o ególatra Trump, o sanguinário Putim ou genocida Netanyahu incendiando o planeta. É assim que o mundo vai terminar, não com uma explosão, mas com um suspiro, como escreveu o poeta norte-americano T.S. Eliot.
O suspiro dos ingênuos, dos tolos e dos omissos.
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