Números da Quaest e a tranquilidade necessária para Raquel e João
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
A pesquisa Quaest para as eleições de 2026 ao Governo de Pernambuco, divulgada ontem (22), apresentou cenário positivo para o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e dificuldades para a reeleição da governadora Raquel Lyra (PSD).
Mas deve ser analisada com cabeça fria pelos dois grupos, porque ainda falta mais de um ano para a disputa e ambos sabem que, em política, nada é definitivo e pode mudar a qualquer instante. É bom lembrar que, nas duas últimas eleições para governador de Pernambuco, quem largou na frente não se elegeu: Marília Arraes, em 2022, e Armando Monteiro, em 2018.
Leia maisA vantagem de João Campos, com 55% das intenções de voto, contra 24% da governadora, deve ser muito bem administrada, sem clima de “já ganhou”. Como já disse neste espaço outras vezes, o salto alto pode prejudicar o candidato, levando a escolhas erradas e à falta de humildade. É momento de estratégia para João, de usar os números em seu benefício sem se expor, continuar trabalhando como se fosse o último colocado.
No caso de Raquel, o desafio é maior. Essa não é a primeira pesquisa em que a governadora aparece em desvantagem nas intenções de voto. No dia 12 de agosto, por exemplo, um levantamento encomendado pelo União Brasil ao Instituto Paraná Pesquisas mostrou João com 57%, contra 24% de Raquel.
Mesmo com a máquina nas mãos e rodando o Estado em campanha, a governadora não consegue sair da média dos 24%. Raquel teve problemas de articulação política desde o primeiro dia de governo e parece nunca ter descido do palanque de 2022.
Perdeu tempo com picuinhas desnecessárias, como a canetada do fim do mundo (que paralisou a máquina) e a exigência da volta dos servidores cedidos às prefeituras, enquanto deveria, naquele primeiro ano, organizar a casa, preparar o time e contratar as licitações para, hoje, fazer as entregas.
Não dialogou com a política, subestimou a força de ex-aliados ignorados por ela e menosprezou a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o que vem lhe rendendo dores de cabeça até hoje, com expectativa de mais problemas até o fim de seu primeiro mandato.
A governadora também enfrenta dificuldades na comunicação. Nos últimos meses, subiu o tom e radicalizou o discurso, ficando “raivosa” e “pesada”. Tudo isso parece estar sendo percebido pela maioria do povo pernambucano, o que tem prejudicado o projeto de reeleição.
Ainda sobre comunicação – Ao que tudo indica, Raquel Lyra escolheu uma estratégia de comunicação pouco eficaz, muito aquém do que se espera de uma chefe de Poder Executivo de um Estado libertário como Pernambuco. Estão sendo investigados, pelo Poder Legislativo, os indícios de que milícias digitais operam na internet um gabinete do ódio contra opositores da governadora, ao mesmo tempo em que os tais perfis fake, de maneira pueril, enaltecem Raquel Lyra e Priscila Krause, a vice-governadora.

Gestão centralizadora – Com uma gestão centralizadora, na qual ninguém pode brilhar porque Raquel não gosta de sombra, nem o próprio time do primeiro escalão pode defender o governo. A gestão prefere mandar os cargos comissionados comentarem em postagens dos principais blogs de política do Estado, como todo mundo que acompanha já percebeu, do que deixar os secretários, por exemplo, falarem às televisões, rádios, jornais e blogs de notícias espalhados do Litoral ao Sertão de Pernambuco. Por qual razão a governadora não libera seu time para defendê-la? Por que não investe nos perfis de Instagram deles, para que possam mostrar o trabalho que estão fazendo?
Time apagado por ordem de cima – Com exceção de dois ou três que já são midiáticos, como Daniel Coelho (Meio Ambiente) e Kaio Maniçoba (Turismo), os demais secretários são completamente apagados. Muitos têm até os perfis fechados. Seria muito mais inteligente investir na imagem do próprio time e deixá-lo falar sobre as obras da gestão de canto a canto do Estado do que financiar perfis chinfrins para atacar opositores ou obrigar comissionados a fazer elogios à governadora.
Raquel é Lula? – Outro fator que prejudica o projeto de reeleição de Raquel Lyra é a indefinição quanto ao cenário nacional. Ninguém sabe se Raquel apoia a reeleição do presidente Lula (PT), em um Estado majoritariamente lulista. Inclusive, o presidente estadual eleito do PT em Pernambuco, deputado federal Carlos Veras, afirmou ontem (22), em entrevista à Rádio Folha, que aguarda uma sinalização da governadora quanto ao apoio à reeleição de Lula. A indefinição, segundo ele, será determinante para a escolha do partido em relação à sucessão estadual em 2026.

Débora Almeida comprou Os Leões do Norte – De passagem por Arcoverde, em viagem para o Sertão pernambucano, ontem, a deputada estadual Débora Almeida (PSDB) adquiriu o mais novo livro do titular deste blog, Os Leões do Norte, que reúne biografias de 22 governadores do Estado. “Comprei agora e já estou lendo, estou gostando”, comentou Débora Almeida. A parlamentar é uma das mais aguerridas aliadas da governadora Raquel Lyra na Alepe e solicitou à Mesa Diretora da Casa a recontagem dos votos para a composição da CPI da Publicidade. O pedido foi feito após o juiz Fernando Jorge Ribeiro Raposo manter, ontem, a suspensão dos efeitos da reunião realizada pela Comissão Executiva Interventora do PSDB-PE.
CURTAS
Josafá recebe Matuto – O presidente estadual do PRD, Josafá Almeida, recebeu ontem, na sede estadual da legenda no Recife, o deputado estadual Júnior Matuto, que se filiou recentemente ao partido. Além de saudar o novo líder do PRD na Alepe, Josafá também confirmou que o partido terá chapa de candidatos a deputado estadual no próximo ano, levando em consideração que a chapa de federal está praticamente montada.
Mas Joãozinho é líder – Mais uma decisão judicial envolvendo as mudanças partidárias, em meio à disputa por vagas na CPI da Publicidade na Alepe, foi divulgada ontem. O juiz Sérgio Paulo Ribeiro da Silva entendeu como irregulares as alterações do diretório estadual do PRD, nomeando Júnior Matuto como líder da sigla na Casa e suspendendo a saída do bloco governista. O deputado Joãozinho Tenório, então, voltou a ser o líder do partido na Alepe.
PT pede prisão de Bolsonaro – O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) ontem um pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprir as medidas cautelares impostas pela Corte. Segundo o deputado, há chance real de o ex-presidente fugir do país. Disse que, mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro estava comandando ações da oposição para tentar frustrar as investigações. As informações são do portal Poder360.
Perguntar não ofende: Qual será o clima da primeira reunião da CPI da Publicidade, na Alepe?
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