Por Roberto Almeida*
Muita gente deve estar se perguntando por que João Campos mantém ampla vantagem nas pesquisas, quando confrontado com Raquel Lyra, na futura disputa pelo Governo de Pernambuco.
Vamos a algumas considerações, como simples jornalista. Os cientistas políticos terão mais capacidade de aprofundar essa discussão.
A princípio, acreditamos que João mantém a dianteira por continuar sendo bem avaliado como gestor pela população do Recife.
Leia maisA capital, logicamente, influencia todas as cidades em redor, como Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Camaragibe, Cabo de Santo Agostinho, Paulista, Igarassu, Abreu e Lima, Ipojuca e São Lourenço da Mata.
A área metropolitana concentra 40% do eleitorado do Estado e é nesta região que o socialista aparece em melhor situação em todas as pesquisas.
A governadora Raquel Lyra teve um começo difícil, de poucas entregas. Este ano é que começou a inaugurar mais obras, mesmo assim num volume ainda pequeno, se consideramos o poder de alguém que está à frente da máquina estadual.
Nos parece que João Campos se comunica melhor também. Na entrevistas, nos vídeos, em público, ele passa mais naturalidade.
Já ouvi de mais de uma pessoa que Raquel Lyra dá sempre a impressão de estar representando. Muitos eleitores devem ter essa percepção e isso tem prejudicado a governante.
Enfim, tem a questão da herança política de cada um.
Raquel teve o avô e o pai como prefeitos de Caruaru.
João Lyra Neto, o pai, foi também vice de Eduardo Campos e assumiu o governo durante 11 meses.
Mas não deixaram uma marca, em todo o Estado, como o pai e o bisavô de João Campos.
Já citei em mais de uma matéria (já escrevi várias sobre a sucessão estadual) o nome de Fernando Lyra, tio de Raquel.
Ele foi deputado federal por sete mandatos. Um parlamentar aguerrido, muito importante na luta pela redemocratização. E que foi ministro da Justiça no Governo Sarney.
Fernando ajuda? Os mais jovens não sabem quem foi. E quem lembra do deputado combativo e o admirava certamente não fica satisfeito ao saber que a direita de Pernambuco, os bolsonaristas, estão com Raquel.
João Campos não é tão esquerdista quanto Arraes ou Lula, isso é evidente.
Mas está mais no campo progressista. Já está claro que vai estar junto do presidente na campanha do próximo ano e o fato de ser filho de Eduardo e bisneto de Arraes pesa bastante.
Raquel Lyra bate no PSB, embora tenha sido filiada ao partido. Mas isso não está funcionando, como em 2022.
E ela não pode bater em Arraes e Eduardo. Os dois já morreram e ela foi secretária estadual do segundo, na gestão do Partido Socialista.
A eleição de Pernambuco está decidida? De maneira alguma. Temos ainda muito tempo pela frente e sempre pode acontecer um fato novo que mude tudo.
Armando Monteiro liderava com folga em 2014. Até que caiu um avião.
Em 2022 Marília Arraes liderou até o dia da eleição. A morte do marido de Raquel Lyra, pouco antes do povo começar a votar, mudou tudo.
João Campos está na vantagem, mas precisa saber administrar os números favoráveis e não cometer erros. Raquel já provou que não é amadora, que sabe fazer política. Não pode de maneira nenhuma ser subestimada.
*Jornalista
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