Por Marcus Prado*
Neste mês de agosto dedicado à vida e à obra de Roberto Burle Marx (1909-1994), reúno breves notícias sobre o mais celebrado paisagista do seu tempo dentro e fora do Brasil, ele que foi ambientalista, desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador, cantor de óperas e design de joias (fez parceria com H. Stern). Ficou famosa a parceria entre ele e Joaquim Cardozo, quando ambos moravam no Recife, tendo como objeto o livro de poemas O Interior da Matéria (1975). Nele, constam vinte desenhos de Roberto Burle Marx e vinte poemas de Joaquim Cardozo. Hoje, tornou-se uma raridade bibliográfica.
Com Ana Cecilia Burle Marx, uma bela mulher, sobrinha do nosso homenageado, pianista (herança da avó Cecilia Burle, pernambucana do Recife), tenho mantido há anos uma troca de impressões, para mim, gratificantes, ela no Rio de Janeiro, eu em Olinda, sobre o tio famoso: “Tio Roberto foi e sempre será meu ídolo. Estar junto a ele era sempre um aprendizado. Tudo que fazia era bem-feito, belo, inspirado, criativo. O que imaginava se concretizava, tinha o apoio do meu pai, Guilherme Siegfried, o caçula e sócio por meio século. Um ator, poeta (poucos sabem disso), escultor, pintor, cantor, paisagista, cozinheiro, um grande imitador também (…). Acredito que tínhamos uma ligação visceral. Eu, a filha que era sobrinha, era a única a dar palpites em tudo. Tocamos, cantamos, viajamos, nos beijamos e abraçamos”.
Leia maisJá foi dito sobre a influência da Escola Bauhaus e seu fundador Walter Gropius, na obra não só paisagística de Burle Marx na sua fase inicial, embora o Brasil do tempo de Burle Marx nunca se filiou aos padrões de Walter Gropius e da escola alemã. Aqui foi sempre Le Corbusier a maior influência para a maioria dos arquitetos: Acácio Gil Borsoi, Janete Costa, entre eles. Walter Gropius e Burle Marx se conheceram, em 1953, na Capital paulista. Gropius, na presidência do Júri da Segunda Bienal de São Paulo, deu o seu voto de premiação a BM, reconhecendo os atributos do jardineiro que conquistou o mundo.
Numa reunião do Seminário de Tropicologia, da Fundação Joaquim Nabuco (1958), Roberto Burle Marx fez uma confissão: “Minha experiência no Recife foi fundamental para o rumo que, posteriormente, tomou minha atividade profissional”.
O prédio horizontal na cidade chinesa de Shenzhen possui o comprimento do Empire State. O projeto foi baseado em obras de jardins de Roberto Burle Marx, com grandes espaços abertos, muito verde e espelhos d’água. Embora não haja registros de projetos executados por ele no Japão, seu estilo inovador e o uso de plantas tropicais chamaram a atenção e inspiraram paisagistas japoneses.
Por nossa iniciativa (2009), com o apoio da deputada, hoje senadora, Teresa Leitão, o Governo de Pernambuco, através da Assembleia Legislativa Estadual, concedeu a Roberto Burle Marx o diploma de Cidadão Honorário de Pernambuco, post-mortem.
*Jornalista
Leia menos

















