Por Aloisio Sotero*
Eis a questão: será que existe um dilema shakespeariano entre humanos robotizados e robôs humanizados, tão presente em nossos dias? Na minha opinião, trata-se de um falso dilema. Não estamos diante de uma escolha exclusiva entre um ou outro. A verdadeira questão não é optar, mas compreender como essas fronteiras estão se dissolvendo.
Afinal, o que está em jogo não é ser um ou ser outro, mas como usamos a Inteligência Artificial para expandir — e não reduzir — nossa humanidade. A questão é a seguinte: como saber utilizar a Inteligência Artificial (IA) ao nosso favor e decidir o que podemos fazer com ela a cada momento no presente?
Leia maisSerá que vale a pena projetar um futuro cada vez mais incerto sem saber o que queremos hoje? Já enfrentamos inúmeros desafios em que podemos contar com a IA na gestão atual dos negócios! Aprimorando continuamente o que já existe, como dizem, “economizando tempo”, um dos recursos mais escassos nos tempos atuais. Inovar, de maneira criativa, significa trazer à existência algo que ainda não existe.
O exercício da criatividade nos desafia diariamente, como quando você “cria um novo caminho para sair de simples engarrafamento”. A interseção entre humanidade e tecnologia desafia nossa compreensão tradicional de identidade e função, sugerindo que o futuro pode não ser sobre escolher entre ser humano ou robô, mas sim sobre saber como usar a IA a nosso favor — e não o contrário.
Os humanos e os robôs têm qualidades e limitações únicas. Os humanos pensam e as máquinas repetem o já pensado. Simples assim. Os humanos são capazes de empatia, criatividade e pensamento crítico, mas também são propensos a erros e preconceitos. Os robôs são capazes de processar informações rapidamente e de realizar tarefas repetitivas de forma precisa, mas não são capazes de compreender e responder às emoções humanas. A melhor maneira de superar esse dilema é combinar as forças dos humanos e dos robôs.
Humanos: visionários na era da IA
Ser visionário, ter visão do futuro é uma habilidade natural da inteligência humana. Assim como dormir, comer e sonhar. Aqui me faz lembrar a mais humana das campanhas publicitárias do momento: “É feito de futuro”. Os robôs não comem, não dormem, não pensam no futuro.
Na era da IA, robôs são fantásticos em combinar informações do passado com velocidade e volume incompatíveis com a capacidade humana. A IA funciona como extensões habilitadoras da inteligência humana, como o garfo e a faca são extensões das mãos, ou como a caneta e o lápis são extensões dos dedos.
Confesso que o meu presente já é feito com IA. Meus amados “robôs que me poupam tempo” , já não posso viver sem IA no meu dia a dia, meu dia a dia é “feito de IA”. Já não consigo trabalhar sem vocês.
Meu grande auxiliar de poupar tempo. Digo o que quero, com experiência e pensamento crítico! Faço as escolhas à luz do portfólio de experiências. Saber perguntar é o desafio diário para testar a IA.
Os humanos podem usar a criatividade e o pensamento crítico para desenvolver novas tecnologias, enquanto os robôs podem usar sua capacidade de processamento de informações para automatizar tarefas e ajudar a tomar decisões rápidas.
Entretanto, como dizia Albert Einstein, “a imaginação é mais importante que o conhecimento”. Conhecimento em estoque é vaidade! O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abrange o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz à evolução. Movido pelas perguntas.
Agrego uma informação interessante em estudo realizado pela Page Personnel, consultoria de recrutamento. A pesquisa revela que 90% das promoções e demissões nas empresas acontecem em função das power skills, o conjunto de habilidades de hard skills com soft skills.
E mais. De acordo com uma pesquisa da Harvard University, Carnegie Foundation e Centro de Pesquisas de Stanford, 85% do sucesso dos profissionais é resultado do desenvolvimento das power skills, em especial para as soft skills, sendo que apenas 15% é proveniente das habilidades exclusivamente de conhecimentos técnicos, as hard skills. Ao fim e ao cabo, a IA está aí para realizar tarefas que talvez nunca tenham sido, de fato, humanas.
E mais: se os algoritmos são criados por nós, será que, no fundo, a IA não está apenas revelando a melhor face do que podemos fazer — e fazer cada vez melhor?
*Conselheiro em Negócios, Board Member, B-Level, membro do Conselho Editorial da Revista da FUNCEX (Fundação de Comércio Exterior do Brasil).
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