Do Jornal do Commercio
A imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, anunciada pelo governo norte-americano no último dia 9 de julho, pode provocar perdas severas para a economia de Pernambuco. Estudo técnico realizado pela Federação do Comércio de bens, serviço e turismo do estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) estima que, o cenário de aumento de preços decorrente da tarifa, o valor exportado do estado para os EUA poderá cair de uma projeção inicial de US$ 227,8 milhões para apenas US$ 44,1 milhões em 2025 — uma retração de 80,6%.
A medida tarifária, que entra em vigor em 6 de agosto de 2025, foi justificada por autoridades norte-americanas com base em desequilíbrios comerciais e tensões políticas internas do Brasil. O levantamento da Fecomércio-PE considera diferentes cenários de sensibilidade da demanda e projeta impactos com base em elasticidade-preço, câmbio, frete e paridade do poder de compra.
Leia mais“O comércio internacional é um canal sensível a decisões políticas e mudanças tarifárias. Essa nova tarifa imposta pelos Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais de Pernambuco, afeta diretamente a competitividade dos nossos produtos”, afirmou Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio-PE. “É necessário que o país adote uma estratégia diplomática e econômica para preservar o espaço conquistado pelos nossos produtores no mercado externo”, concluiu.
Exportações pernambucanas
Segundo o estudo, em 2024, as exportações pernambucanas para os EUA totalizaram US$ 205 milhões, com destaque para produtos agropecuários e industriais. Os principais itens exportados foram açúcar de cana, uvas frescas, torres de ferro, coque de petróleo e plásticos PET. O setor agro, no entanto, demonstra alta sensibilidade aos preços: um aumento de 10% pode reduzir o valor exportado em US$ 20,8 milhões; já com alta de 25%, a perda pode atingir US$ 67 milhões. No cenário mais extremo, com 50% de aumento nos preços — correspondente à nova tarifa —, o valor exportado cairia para menos de 20% da previsão original.
“A elasticidade-preço da demanda para os nossos principais produtos, especialmente os agrícolas, é elevada. Isso significa que aumentos de preço, mesmo que moderados, provocam quedas acentuadas na quantidade comprada pelos Estados Unidos”, explica Rafael Lima, economista da Fecomércio-PE. “O estudo identificou uma elasticidade média de -1,92, ou seja, a cada 1% de aumento no preço, há uma queda de quase 2% na quantidade exportada. Em um ambiente global competitivo, esse efeito tende a excluir nossos produtos da preferência internacional”, finalizou.
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