Por Ryann Albuquerque – Blog da Folha
“O PT não vai dizer que apoia dois candidatos. Jamais. Nunca disse numa disputa estadual”, garantiu a senadora Teresa Leitão (PT), em entrevista à Rádio Folha nesta segunda-feira (28). A petista foi direta ao rechaçar a possibilidade de um “duplo palanque” da legenda nas eleições estaduais de 2026. Ela reafirmou que o partido continuará na oposição ao governo de Raquel Lyra (PSD) e que o apoio petista deverá ser ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), em razão da aliança com o PSB e do apoio declarado ao presidente Lula.
“O PT apoiando quem está apoiando Lula, quem já disse que está com Lula. Quem foi que já disse que está com Lula aqui no estado de Pernambuco? O prefeito João Campos, presidente do PSB, o vice-presidente-geral do Alckmin, também do PSB. Isso é o que está posto hoje. E o PT participando da chapa majoritária”, afirmou a senadora.
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A senadora destacou que a presença do PT na chapa majoritária estadual em 2026 é vista como natural pela articulação nacional. “Ninguém cogita o PT fora da chapa majoritária em 2026 aqui em Pernambuco, ninguém cogita”, afirmou.
Ela citou sua própria trajetória para ilustrar o processo de construção das alianças. “É um pouco a dança que foi feita em 22 comigo, que queriam que eu fosse vice e eu disse que não tinha perfil para vice. Se fosse para ter uma vice do PT, escolhesse uma outra pessoa. E aí evoluiu, evoluiu para o Senado.”
Teresa defendeu a recondução do senador Humberto Costa ao Senado como prioridade da legenda, apontando-o como nome forte para a aliança encabeçada por João Campos.
“Eu não vejo que é incompatível a gente recolocar Humberto como candidato à reeleição de forma nenhuma”, afirmou. “Se a vaga é do PT, e eu defendo que ela seja, é o PT quem escolhe. E hoje o nome que deve se consolidar, não só como nome da CNB [tendência interna do PT], mas como nome do PT, é o nome do senador Humberto Costa.”
Apesar da defesa enfática da candidatura de Humberto, o cenário da composição da chapa majoritária com João Campos ainda está em disputa. Além do nome do senador, também são ventilados outros possíveis candidatos para a vice ou para o Senado, como o ex-prefeito de Petrolina e presidente estadual do União Brasil, Miguel Coelho; o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos); e a ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade).
PT e Raquel
Além disso, Teresa foi enfática ao lembrar que a legenda permanece oficialmente na oposição ao governo Raquel Lyra.
“Se você pegar as resoluções do PT, tá lá escrito que o PT é oposição ao governo de Raquel Lyra. Isso foi aprovado.” E criticou movimentações individuais de filiados que se aproximaram do Palácio do Campo das Princesas: “Se houve depois defecções de deputados, de prefeitos, não foi pelo PT. É de petistas. Quem segue o PT, segue a resolução do PT.”
A senadora também fez questão de diferenciar apoio institucional de alinhamento político.
“Isso é muito diferente de alinhamento político-ideológico, muito diferente de palanque único. Se Raquel quiser apoiar a Lula, Lula vai dizer que não?”, questionou.
Teresa também apontou os obstáculos internos à aproximação entre o PT e o governo Raquel Lyra.
“Você acha que, com a base de apoio do atual governo Raquel Lyra, vai ser fácil ela declarar apoio a Lula? Você viu a pendenga que aconteceu entre Humberto Costa e Renato Antunes (PL)? Só por um breve comentário, como se levantou a temperatura? É disso que eu estou falando.”
Comparar à 2006
Teresa rechaçou ainda as comparações com as eleições de 2006, quando Lula apoiou simultaneamente Eduardo Campos (PSB) e Humberto Costa (PT) ao governo do estado.
“As pessoas confundem muito a conjuntura de 2026 com a de 2006. Era absolutamente diferente. Os dois [Eduardo e Humberto] eram ex-ministros de Lula, da base de apoio de Lula. Humberto era do PT, era ministro da Saúde. Eduardo era ministro de Ciência e Tecnologia. O acordo era: quem for ao segundo turno, um apoia o outro.”
Para ela, a atual configuração política não permite esse tipo de pacto. “Hoje a campanha está antecipada e muito beligerante. Raquel está recebendo muito apoio, o governo dela está e vai continuar recebendo apoio. Isso não significa que o PT vai apoiá-la.”
Com todas essas declarações, Teresa Leitão reafirma a intenção do PT de manter fidelidade às suas resoluções e de alinhar-se estrategicamente com o PSB, rejeitando qualquer divisão de apoio em 2026.
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