Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
O compositor Edu Krieger, famoso pelas paródias de músicas que faz, fez uma versão para “Eduardo e Mônica”, de Renato Russo. “Eduardo e Trump” fala da relação de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o seu ídolo meio alaranjado que hoje preside os Estados Unidos. “Eduardo e Trump sempre foram parecidos”, canta Edu Krieger. “Eles não gostam de vacina e são contra a imigração”.
Se, porém, essa relação de amor às vezes correspondido, às vezes não, pode provocar versos bem-humorados do parodista, na prática ajuda a intensificar a complicadíssima relação entre o Brasil e os Estados Unidos a menos de uma semana da confirmação se realmente haverá o tarifaço ameaçado por Trump. Eduardo lamenta ou comemora?
Leia maisUm problema enorme para o Brasil. Por causa disso, a parte mais sensata da oposição tenta a todo custo se desvincular da sobretaxação. O problema: a toda hora Eduardo aparece para reivindicar a paternidade dela. Eduardo vira figura tóxica em boa parte da oposição.
O Correio Político apurou que entre aqueles que hoje andam querendo distância de Eduardo Bolsonaro está o próprio presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Há uma avaliação de que a melhora na popularidade de Lula em grande parte é resultado da ação de Eduardo.
Pesquisa Ipespe divulgada na quinta-feira (24) foi mais uma a demonstrar que a desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva cai, na exata medida em que sua aprovação sobe. E os levantamentos eleitorais voltam a colocá-lo como favorito em todos os cenários. Com uma clara relação nos levantamentos entre a melhora e a questão do tarifaço. Num primeiro momento imediatamente posterior ao tarifaço, as avaliações nos bastidores da oposição eram de que Eduardo Bolsonaro tinha ganhado reconhecimento: teria demonstrado acesso a Trump. Não demorou muito, porém, para ficar clara a repercussão negativa.
A última declaração de Eduardo, dizendo que os EUA poderiam incluir nas suas listas de retaliações os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), gerou imensa irritação. Era envolver o terceiro dos poderes.
O script que a oposição pretendia visava o foco em Alexandre de Moraes e no Judiciário. Imaginava sanções ao ministro do STF que pudessem reforçar a possibilidade do seu impeachment, e uma mudança para tirar da Corte o julgamento de políticos.
Desgastar o Executivo também era desejável. O problema é que a coisa fugiu do controle, e desgasta o Brasil inteiro. Mas não estava na conta de ninguém incluir também os comandos do Legislativo no rolo. Porque aí não sobra espaço para nada, para ação nenhuma.
Então, fica agora a oposição torcendo para o imponderável. O tarifaço deve trazer prejuízos econômicos. Inflação e desemprego podem cair na conta de Lula. Desde que a culpa não acabe apontada para a própria oposição. É onde Eduardo vira problema.
Leia menos