Por Tales Faria – Correio da Manhã
O PT inaugura sua campanha eleitoral neste final de semana durante o 17º Encontro Nacional do partido, que se realiza em Brasília. Os encontros nacionais do PT têm o caráter oficial de convenção partidária.
Este encontro, que ocorrerá a partir da sexta-feira (1º) até o domingo (3), será marcado por dois fatos:
- a posse do novo presidente da sigla, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, que também foi ministro da Comunicação de Dilma Rousseff;
- a reação que o governo deve ter à tarifação de 50% imposta pelo governo de Donald Trump à importação de produtos brasileiros.
Edinho Silva declarou à coluna que a discussão sobre a relação com Trump não poderia ficar de fora desse 17º Encontro. “É, na verdade, a discussão sobre a soberania nacional, e isso não podia ficar de fora”, afirmou.
Segundo Edinho Silva, o PT defende a manutenção de canais de negociação com os Estados Unidos em torno da questão das tarifas, “mas é preciso, primeiro, saber o que o Donald Trump quer negociar”.
Edinho será empossado ao final do evento, no domingo, junto com os demais membros do Diretório Nacional, com a presença do presidente Lula, ministros, governadores de Estado, parlamentares, presidentes estaduais e dirigentes do PT.
Ele já deixa claro à coluna que o Brasil não abre mão da soberania nacional: “Temas que esbarrem na nossa soberania são inegociáveis. Não dá para negociar barreiras ao PIX, abrir mão das nossas terras raras e aceitar interferência em outros poderes”.
O partido está acompanhando as negociações do governo federal para, então, colocar publicamente suas posições após esse Encontro Nacional que tem a participação de 1.000 delegados: “O governo está negociando. A oposição não pode dizer que não negociamos. E o PT está aberto a negociações. Mas temos que saber o que, de fato, eles querem. Isso é negociar”
Os delegados e delegadas de todos os estados do país debaterão a chamada “Tese Guia”, um documento elaborado pela tendência majoritária do partido, a CNB (Construindo um Novo Breasl) cujo texto foi eleito no Processo de Eleição Direta (PED) 2025. O texto afirma, entre outras coisas:
“Trump tenta transferir o ônus dos problemas internos dos EUA para o resto do mundo. Tudo indica que os efeitos danosos da política de Trump começam a afetar o seu apoio interno, inclusive em setores do establishment. Além disso, alguns países têm retirado parte dos seus investimentos dos EUA em busca de sistemas de comércio que não dependam exclusivamente do dólar, devido ao sentimento de insegurança geral. (…)Tem-se a impressão de que há muito jogo de cena, mas não devemos subestimar o estrago que ela pode causar devido ao grande peso que os EUA continuam a ter na geopolítica e na economia global”.
Com base nessa avaliação, cresce no PT a tese de que o Brasil deve reagir energicamente ao tarifaço, porque, como diz o norte-americano Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia e articulista do The New York Times, Donald Trump teria muito mais a perder do que o Brasil com uma guerra de tarifas.
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