Nos funerais da minha cunhada Socorro Martins, há 15 dias, em Afogados da Ingazeira, vivi outro momento de muita emoção: o reencontro com a professora Elvira Siqueira, que, garoto, na escuridão da minha santa ignorância, me ensinou a cadeira que mais tarde seria a mais importante na minha trajetória profissional: Português.
Fui correndo ao meu carro, peguei meus dois recentes livros, “O Estilo Marco Maciel” e “Os Leões do Norte”, e a presenteei com muito orgulho e alegria. Elvira me tirou a fenda dos meus olhos. As memórias das suas aulas no colégio Normal em Afogados da Ingazeira ainda me inspiram hoje. Seu carinho e paciência moldaram meu futuro.
Leia maisElvira não me ensinou apenas a ler, mas a amar a ler e aprender também. O primeiro professor é como um jardineiro que planta sementes de conhecimento no coração de uma criança. Foi ela que plantou em mim a semente do amor pelo aprendizado. A influência dela, e mais tarde de Socorro Dias, foi fundamental para o meu desenvolvimento. Socorro foi outra grande mestra no domínio da nossa língua.

O primeiro professor mostra que aprender pode ser divertido e emocionante, nos empresta suas asas para a imaginação. Lembro-me com carinho das histórias e brincadeiras que aprendi na sua aula. Me ensinou a ser curioso e a buscar o conhecimento sempre. Aprender é uma aventura.
Olhando para Elvira ao longo do nosso reencontro lembrei-me de Rubem Alves, meu cronista preferido, que disse que educar é mostrar a vida a quem não a viu. Paulo Freire ensinou que ninguém caminha sem aprender a caminhar, sem aprender a fazer o caminho caminhando, refazendo e retocando o sonho pelo qual se pôs a caminhar.
Aprendi com minha professora Elvira que por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma rainha das letras, uma santa no saber. Santa é saber educar. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.
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