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Há quem diga — entre um suspiro, um gole de uísque e uma frustração mal curada — que o mundo ficou chato. Cinza, repetitivo, desinteressante como uma conversa de elevador. Pode ser. Ou talvez o mundo só tenha perdido a elegância do improviso. Aquela beleza que só existe quando ninguém está tentando aparecer.
Mas reconhecer que há outros pontos de vista — ah, isso é o primeiro passo rumo à sabedoria. Ou, como diria Freud, é quando o ego aprende a tirar férias do próprio espelho.
Me deparei com essa foto dos anos 80 como quem encontra uma carta de amor esquecida num livro de filosofia: um soco de ternura. Ali estavam quatro personagens que jamais caberiam num feed: Zózimo, Roberto D’Avila, Anna Maria Tornaghi e Ricardo Boechat. Quatro capítulos vivos de um Rio que sabia conversar, rir, provocar e brindar — tudo na mesma noite.
A mesa parece mais um palco iluminado pela inteligência. Zózimo, com sua verve carioca que misturava veneno e poesia em doses perfeitas. Roberto, mestre das entrevistas e das entrelinhas. Anna Maria, musa cultíssima, com olhos de quem já tinha lido a vida. E Boechat, afiado como navalha, sempre com um comentário que vinha de canto, como quem não quer nada — e derrubava tudo.
É nostalgia servida com uma rodela de melancolia — do tipo fina, cortada à francesa. Um vazio bonito (e meio covarde) do que não vivi. Queria ter estado ali, nem que fosse para pedir gelo. De leve.
A cena é um brinde à inteligência boêmia, ao charme que não se fotografa e à era em que as conversas terminavam com riso, cinzeiro cheio e um pacto de silêncio não escrito.
Très charmant, como um bolero bem tocado numa vitrola antiga.
E com aquele toque sutil de saudade, servido on the rocks.
Risadas, veneno elegante, charme natural.
E sim, claro… essa noite terminou no Hippopotamus.
Cheers cool Rio!
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