Por Manoel Guimarães
Especial para o blog
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, prepara-se para passar o comando da sigla para o prefeito do Recife, João Campos, neste final de semana. Todavia, não se furta a opinar sobre os rumos do partido no futuro, cravando que os socialistas não formarão uma federação com o PT. A hipótese foi levantada pelo líder petista na Câmara dos Deputados, José Guimarães, mas não encontraria eco no outro lado.
“Não vamos abrir uma discussão sobre essa federação. Tivemos vários problemas por conta disso na formação das chapas em 2022. Temos conversado com Cidadania e PDT, que são partidos afins, que aceitam uma federação com regras democráticas, onde um partido não mande no outro. Conhecendo como conhecemos os parceiros do PT, isto é impossível. Vamos apoiar a reeleição do presidente Lula, se ele for candidato. Estaremos no campo em que sempre estivemos. Não pelos cargos, que temos poucos, mas porque temos lado”, disparou Siqueira, em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por Magno Martins.
Leia maisO dirigente lembrou ainda que, na eleição passada, a proposta de federação com os petistas havia sido posta à mesa, com apoio de seus correligionários, mas que também foi rechaçada – e o tempo teria lhe dado razão. “Fui pressionado e fiquei contra a federação com o PT. Não sou contra federação, mas fui contra a proposta apresentada pelo PT, resisti bravamente e todos hoje me dão razão. Não chamaria a proposta de indecente, mas de antidemocrática. Nos colocaria como partido subalterno, e um partido que se coloca nessa posição perde o sentido de existir”, criticou.
Sobre as diferenças entre os partidos, Siqueira lembrou que ambos sempre estiveram juntos nas disputas presidenciais, à exceção de 2002, quando os socialistas lançaram Anthony Garotinho, e 2014, quando o ex-governador Eduardo Campos concorreria ao Planalto, trajetória interrompida pelo acidente aéreo que o vitimou.
“O PT é um partido parceiro, do nosso campo, mas somos diferentes. Somos um partido de centro-esquerda com diferentes características. Por exemplo, na Venezuela, condenamos a fraude nas urnas radicalmente. Não podemos fazer concessão a ditadura nenhuma. Defendemos o socialismo com liberdade, política, religiosa, com pluralismo político e cultural. Não podemos nos confundir com ditadura, também condenamos o que acontece na Nicarágua. E o governo e o PT fizeram corpo mole. Na questão do Peru, também fomos críticos, porque não é razoável dar refúgio a alguém envolvido em corrupção. Não é bom para a imagem do governo, da esquerda, de ninguém. Esses três casos são ruins, porque, apesar de termos essa posição, também nos afeta”, concluiu.
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