Lula aposta na isenção do Imposto de Renda e no fim da escala 6×1 para recuperar popularidade
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
O governo Lula (PT) tem duas apostas principais para este ano na tentativa de melhorar os índices de popularidade: a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil e a redução da jornada de trabalho sem perda salarial, ou seja, o fim da escala 6×1. São medidas que visam especialmente a grande massa trabalhadora.
O presidente Lula, inclusive, afirmou ontem (14) que a isenção no IR será anunciada na próxima terça-feira (18), um dia depois do início do período anual de envio das declarações do Imposto de Renda (exercício 2024). O prazo para acertar as contas com o Leão começa na segunda-feira (17).
Leia mais“Quem paga Imposto de Renda é quem tem desconto na fonte, porque não tem como sonegar. Quem ganha muito, às vezes, nem paga, inventa sempre uma mutreta qualquer para não pagar”, declarou Lula, em evento para entrega de ambulâncias do Samu, em São Paulo. A ação é uma das principais promessas de campanha do petista. A estimativa é que haja uma renúncia fiscal de R$ 25 bilhões para o governo federal.
O Ministério da Fazenda estuda formas de compensar a arrecadação. Uma delas é a criação de um imposto de ao menos 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, incluindo lucros e dividendos.
Aliado de primeira hora de Lula e agora presidente nacional do PT até julho, o senador Humberto Costa confirmou que a estratégia é alcançar as pessoas que compõem a força de trabalho brasileira. Sobre a isenção do IR, ele disse: “Vai atingir em cheio a população de classe média e classe média baixa, trabalhadores. Creio que vai ter uma grande repercussão e será uma grande luta política, porque a extrema direita é contra isso, até porque nós estamos vinculando essa desoneração ao aumento da taxação dos super-ricos”.
O senador reuniu a imprensa pernambucana na última quinta-feira (13), na sede do PT, no Recife, e falou, entre outros assuntos, sobre a dificuldade enfrentada por Lula no quesito popularidade neste momento. A isenção do IR e o fim da escala 6×1 são as pautas que farão o governo federal se reconectar com a população. É nisso que o Poder Executivo aposta.
“Essas duas bandeiras têm muita capacidade de mobilização e vão envolver o Congresso Nacional, os movimentos sociais, a sociedade de um modo geral”, destacou Humberto.
O GOVERNO É BOM – O governo do presidente Lula é um bom governo, na opinião de Humberto Costa. Mas é preciso fazer as pessoas sentirem isso. É aí que entram as pautas de mobilização em prol dos trabalhadores. “É um governo que, do ponto de vista da economia, levou o Brasil a um processo de crescimento do seu Produto Interno Bruto, que é um dos maiores do mundo. É o país que foi considerado pelo próprio FMI como o que aplicou o terceiro mais eficiente ajuste fiscal nesse período que estamos vivenciando agora, que reduziu o desemprego a patamares históricos e que mantém a inflação sob controle”, defendeu Costa.

A colheita vem – O senador acredita que a gestão vai entrar em uma fase de colheita. “O governo tem muitas ações importantes se concretizando. Como o presidente Lula diz, nós vamos agora ter a colheita, com ações na área da infraestrutura e as políticas públicas sendo implementadas em sua integralidade. Além de tudo isso, é preciso lembrar o que o presidente Lula recebeu do governo passado. Em dois anos, colocou todos esses programas de pé, remontou todos eles e implantou outros importantes, como o Pé de Meia. São muitas coisas nesse período, e a gente precisa ter um diálogo maior com a população para que ela entenda”, reforçou o senador.
Novo mote – Com essa ideia de melhorar o diálogo com o povo, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, apresentou ontem o novo mote do governo às equipes de assessoria de comunicação dos ministérios e de estatais, em reunião no Palácio do Planalto. Segundo a nova orientação, os ministros devem passar a incluir a frase “Brasil dando a volta por cima” em seus discursos. O slogan é uma tentativa de martelar a ideia de que o país ainda se recupera da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A volta do comandante – O ex-ministro da Casa Civil e ex-deputado federal José Dirceu comemorou seu aniversário de 79 anos em um jantar prestigiado, em Brasília, que reuniu ao menos 13 ministros de Estado, petistas e congressistas do centro e da oposição. Chamado de “comandante” durante a festa, Dirceu tem se reabilitado politicamente e planeja disputar as eleições de 2026 e voltar ao Congresso como deputado em 2027.

Braga Netto permanece preso – A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem, por unanimidade, rejeitar o recurso da defesa e manter a prisão do ex-vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, general Braga Netto (PL). Ele foi preso em 14 de dezembro de 2024. A decisão foi tomada no plenário virtual. Os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux compõem o colegiado. Todos seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes, para manter o general preso. Segundo Moraes, a manutenção da prisão é necessária por causa das tentativas do general de “embaraçar as investigações” sobre o suposto plano de golpe de Estado.
CURTAS
Hospital do Câncer do Araripe – O prefeito de Araripina, no Sertão, Evilásio Mateus (PDT), participou ontem de um encontro no Hospital do Câncer do Araripe para anunciar um investimento de mais de R$ 6 milhões na unidade, dos quais R$ 4 milhões serão conveniados com a prefeitura. O recurso busca ampliar o atendimento e reduzir a necessidade de deslocamento de mais de 600 pacientes oncológicos da região para o Recife. O evento contou com a presença de lideranças políticas, como os deputados Eduardo da Fonte (PP), Roberta Arraes (PP), Lula da Fonte (PP) e o senador Ciro Nogueira (PP).
Maternidade de Serra Talhada – A prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), comemorou a publicação do edital de licitação da nova maternidade do município, divulgado no Diário Oficial do Estado ontem. A gestora fez questão de agradecer à governadora Raquel Lyra (PSD) e ressaltou que essa conquista é resultado da parceria entre as duas líderes. “A nova maternidade de Serra Talhada é um marco para a saúde do nosso povo e um símbolo da relação de respeito e compromisso que construí com a governadora Raquel Lyra”, disse.
Ato para Marielle e Anderson – Para marcar os sete anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, completados ontem, a deputada estadual Dani Portela (PSOL), o Instituto Marielle Franco e representantes de movimentos sociais do Recife promoveram um ato em defesa da memória de Marielle e Anderson. “Quem mandou matar Marielle nunca imaginou o tamanho de Marielle Franco. Quem fez isso queria dar um recado, silenciar, mas não entendeu que Marielle perpassa milhares de pessoas no nosso país e no mundo”, destacou Dani Portela.
Perguntar não ofende: a massa trabalhadora do Brasil vai fazer as pazes com o presidente Lula?
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