Por Áureo Cisneiros*
Enquanto Pernambuco enfrenta a pior crise de segurança pública de sua história, com unidades policiais sucateadas, falta de efetivo, de tecnologia, de estrutura e com os policiais civis recebendo o pior salário do Brasil, a governadora Raquel Lyra decidiu priorizar outra categoria: a sua própria.
O Projeto de Lei nº 3681/2025 concede aos Procuradores do Estado – carreira da qual a própria governadora faz parte – um pacote de benefícios que ultrapassa qualquer padrão de razoabilidade. Se aprovado sem controle, permitirá que um procurador receba acima de R$ 100 mil por mês, somando vantagens, honorários e remuneração variável.
Leia maisOu seja: os procuradores passam, na prática, a atuar como sócios do Estado – não mais como servidores públicos. Sociedade privada com recursos públicos. Tudo isso enquanto os trabalhadores que carregam o peso da segurança, da saúde, da educação e de todas as políticas públicas seguem à margem, invisíveis, desvalorizados e sobrecarregados.
UM PROJETO DE LEI FEITO PARA AGRACIAR A PRÓPRIA GOVERNADORA
Como procuradora de carreira, Raquel Lyra será diretamente beneficiada pelo próprio projeto. Na prática, se essa lei for sancionada, Pernambuco passará a ter a governadora com a mais alta remuneração do país. Uma distorção inédita, que fere o princípio constitucional da impessoalidade e gera um impacto moral e político gravíssimo.
UM ESTADO EM CRISE E UMA ELITE REMUNERATÓRIA EM ASCENSÃO
O governo alega dificuldade financeira quando precisa investir em segurança, saúde e valorização dos servidores, mas abre mão dessa mesma preocupação quando o assunto é beneficiar uma elite remuneratória.
Quem ganha com isso? Certamente não é o povo. Certamente não é o servidor comum. E muito menos é o policial civil, que trabalha no limite, arriscando a vida diariamente.
O SINPOL-PE FARÁ O QUE O GOVERNO NÃO FEZ: DEFENDER A CONSTITUIÇÃO
Diante desse absurdo, o SINPOL-PE anuncia que ingressará com ação de inconstitucionalidade contra o Projeto de Lei. Não apenas porque cria privilégios, mas porque viola o equilíbrio entre carreiras, fere a moralidade administrativa e transforma uma função pública em um negócio pessoal altamente lucrativo.
Pernambuco não pode aceitar que uns poucos acumulem fortunas enquanto o restante do serviço público agoniza. Não pode aceitar que a governadora legisle em benefício direto da sua própria carreira. E não pode aceitar que a desigualdade seja elevada ao status de política de governo. Este é um chamamento para que a sociedade acompanhe, pressione e não permita que mais um capítulo de injustiça seja escrito.
*Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco e defensor da Segurança Pública como Direito Fundamental.
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