Raquel no palanque de Tarcísio
Como todo Nordeste, Pernambuco é santuário lulista. Por isso, estrategistas e marqueteiros da governadora Raquel Lyra (PSD) têm pregado um segundo palanque em harmonia com o projeto de reeleição do presidente Lula, que tem como aliado número um e prioritário no Estado o prefeito do Recife, João Campos (PSB), pré-candidato a governador, favorito em todas as pesquisas de intenção de voto.
A tendência da governadora, entretanto, será seguir o seu novo partido. Presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab reafirmou, na última quinta-feira, preferência pela candidatura ao Planalto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atualmente filiado ao Republicanos, mas com chances de migrar para o PL, caso a direita se una em torno da sua candidatura, cenário bastante provável, com o afunilamento do processo em abril.
Leia maisIsso forçará Raquel a se posicionar, saindo de cima do muro, postura que adotou desde que foi ao segundo turno contra Marília Arraes em 2022, não assumindo a candidatura de Lula, tampouco a de Bolsonaro. Assim, ganhou maciçamente os votos dos bolsonaristas e parte do centro-esquerda que rejeitava a alternativa Marília. Mas o que pesou, fortemente, para sua vitória foi a comoção provocada pela morte do marido.
Em política, a história só se repete como tragédia ou farsa. O desafio da reeleição de Raquel se aproxima e ficar em cima do muro não será recomendável. Tarcísio é o único candidato da direita mais competitivo, segundo as pesquisas. Única mulher chefe de Estado do Nordeste filiada ao PSD não vai soar bem para a governadora destoar da orientação nacional do seu partido, abrindo um palanque dois para Lula.
Forçadamente, terá que abraçar o projeto Tarcísio de Freitas, assumindo, consequentemente, o palanque bolsonarista no Estado. Mas isso não se dá agora. O tempo vai se encarregar, provavelmente em abril, quando o calendário eleitoral exige uma tomada de posição. Kassab tem dito a Tarcísio que Raquel assumiu o compromisso de marchar junto com uma candidatura própria do PSD, seja o governador de São Paulo ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior, segunda opção de Kassab, conforme ele tem dito em todas as entrevistas.
O QUE DISSE KASSAB – “O PSD tem como decisão apoiar o Tarcísio caso ele seja candidato. E, se ele não for, nós temos dois pré-candidatos dentro do partido, dois governadores muito bem avaliados: Ratinho e Eduardo Leite”, disse Kassab, em entrevista na última quinta-feira, após elogiar o senador Flávio Bolsonaro (PL-R), cuja candidatura havia sido autorizada pelo pai Bolsonaro dois dias antes. “Desejo boa sorte ao Flávio. Se o Tarcísio não for candidato, nós vamos apoiar um dos dois [Ratinho ou Leite]. Isso não quer dizer que possamos estar juntos no segundo turno”, enfatizou.

André segue Kassab – Ministro da Pesca, dentro da cota do PSD e indicado pessoalmente por Kassab, o pernambucano André de Paula, embora hoje elogie Lula, terá também que apoiar o candidato do seu partido, seja Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior ou Eduardo Leite. Diferente da governadora, que tem o poder da caneta e da máquina, André serve hoje ao Governo Lula por ser apadrinhado de Kassab, a quem deve se reportar como verdadeiro cão de guarda, fiel ao extremo.
A última e só com Flávio – A última pesquisa Genial/Quaest de 2025 com os cenários eleitorais do ano que vem será divulgada na próxima quinta-feira com uma novidade: será a primeira rodada sem Jair Bolsonaro — e também sem Michelle e Eduardo. O único nome testado do clã é o de Flávio Bolsonaro. Na véspera, quarta-feira, a Quaest divulga a avaliação do governo Lula. A pesquisa de campo começou na quinta-feira passada e terminou ontem. Foram entrevistados presencialmente 2.004 eleitores de 16 anos ou mais em todo o Brasil.
Candidatura de filho sofre resistências – Alvo de resistência por parte de caciques do Centrão, a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Palácio do Planalto também enfrenta percalços nos principais setores que deram sustentação ao governo do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Representantes do agronegócio, líderes evangélicos e integrantes da bancada da segurança pública colocam em dúvida a capacidade eleitoral do parlamentar para impedir a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e indicam ver o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como nome mais bem posicionado para reorganizar a direita na disputa do ano que vem.

O bolo de Renan – Anunciado como a estrela do ato que deu início às obras do Arco Metropolitano, na última quinta-feira, o ministro de Transportes, Renan Filho, não deu o ar da sua graça. Dizem que não quis se comprometer com o projeto por causa da baixíssima capacidade de execução de obras por parte da governadora. Há outra versão também: a parte de responsabilidade e envolvimento da União, através de recursos federais, via PAC, será o segundo trecho, o sul. De qualquer forma, foi um bolo. Afinal, a presença dele foi confirmada pela assessoria da governadora.
CURTAS
CONFRAS 1 – Esta será uma semana repleta de confraternizações. Na quarta-feira, o empresário João Carlos Paes Mendonça recebe um grupo de jornalistas durante almoço no auditório do Empresarial JCPM Trade Center. No dia seguinte, a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), comemora seu aniversário em clima de confra na Casa Estação da Luz, em Olinda.
CONFRAS 2 – No sábado, será a vez do presidente da Assembleia Legislativa e presidente do PSDB, Álvaro Porto, e seu filho Gabriel Porto, este candidato a deputado estadual também. O evento está marcado na fazenda em Canhotinho, a Granja Canaã, a partir de meio-dia. Já a de Miguel Coelho, pré-candidato ao Senado, que seria na quinta-feira, foi cancelada em razão de atropelos de última hora em sua agenda.
FUNDO ELEITORAL – Um Orçamento com viés eleitoral está marcado para ser votado na próxima quinta-feira: a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), aprovada em 4 de dezembro pelo Congresso, consolida diretrizes orientadas menos pela sustentabilidade fiscal ou pela ampliação de garantias sociais e mais pela lógica política das eleições. Ao blindar os fundos eleitoral e partidário de bloqueios, o texto do Projeto de Lei do Congresso Nacional 2 de 2025 indica que a prioridade não são as contas públicas nem a proteção social, mas o calendário eleitoral.
Perguntar não ofende: Raquel sobe no palanque de Lula ou no de Bolsonaro?
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