Por Luiz Carlos de Barros Figueirêdo*
A história gloriosa do Sport Club do Recife acaba de viver a sua mais triste e vergonhosa página no sábado, 15 de novembro de 2025. Digo isso como torcedor apaixonado que foi ao estádio pela primeira vez em 1961 assistir a um jogo do Leão da Ilha do Retiro contra o ASA, extinto time ligado à Aeronáutica que disputava a 1ª divisão estadual.
Não precisa procurar os culpados. Todos sabem quem são eles. Nem o maior escritor de livros de terror, odiando com todas as forças o Sport, seria capaz de criar essa mesma tempestade com tal grau de perversidade.
Leia maisÉ uma crônica anunciada. O (ainda) presidente do Sport, quando concede entrevista, exala por todos os poros soberba, autossuficiência e imodéstia de quem se imagina o maior dos gestores da humanidade. Seus auxiliares navegam nos mesmos mares.
Uma rápida olhada, ainda no início, na linha do tempo do fracasso da sua gestão poderia ter sido o sinal para calçar as “sandálias da humildade”. Não devia ter sido eleito. Muito menos reeleito. Vamos aos fatos: O Sport foi eliminado na 1ª fase da Copa do Brasil para um time desconhecido, semiamador, cujo artilheiro vendia picolé nas ruas da cidade; eliminado da Copa do Nordeste; ganhamos o Pernambucano apanhando do Retrô dentro de casa e porque os coirmãos do Trio de Ferro se prepararam menos ainda do que o Rubro-Negro. Errou 100% na contratação dos técnicos; 90% dos jogadores contratados a peso de ouro não têm condições técnicas para envergar o nosso manto sagrado ou já chegaram bichados.
Pior campanha da série A; lanterna desde a terceira rodada; maior jejum de gols marcados em toda a nossa história; jogadores e funcionários com salários atrasados, completamente desmotivados; instalações físicas da sede e das quadras em petição de miséria; devendo a Deus e ao mundo. Torrou o dinheiro da venda de joias da base e já está vendendo uma outra que ainda nem estreou no time principal. É pouco ou quer mais? Tem mais, sim.
Embora eu não queira acreditar: parte da mídia e das redes sociais apontam supostas transações tenebrosas e empresa para intermediar compra e venda de jogadores. Essa venda da operação do jogo do dia 15 de novembro de 2025 ao maior inimigo no futebol brasileiro, que faz aniversário nessa data, cujo grande mérito é conseguir vitórias e campeonatos graças aos sopradores de apito, foi o fechamento da tampa do caixão. Aconteceu o impensável. O Sport jogar no Recife (São Lourenço da Mata, eu sei, mas é como se fosse o Recife) com a torcida do adversário em maior proporção. Dentro da rotina, o amigo do apito expulsa dois jogadores nossos ainda no 1° tempo e tomamos uma goleada impiedosa.
Em se tratando do gestor atual, não dá para ficar encolhendo data para sair de onde não devia nem ter entrado. Se você realmente ama o Sport e apenas falhou gerencialmente, impõe-se um “mea culpa” e a renúncia imediata e incondicional. Sem tergiversar. Para ontem. Dê essa última chance ao Sport, pois não queremos ver o nosso amado Leão da Ilha passando vergonha nas séries C e D, tal como vimos e ainda vemos os concorrentes diretos do Estado.
Você e um dos seus auxiliares, agora, depois de afundarem o navio, pedem desculpas pela imprensa. Além de não especificaram em que consiste suas culpas, precisa ser visto que, etimologicamente, tal palavra significa tirar a culpa e ninguém, pelo menos nessas horas vergonhosas, está disposto a desculpar. Todas as forças agora devem ser para a reconstrução do Sport. A palavra mais certa talvez fosse perdão. Mas isso não se pede assim tão fácil, pois implica esquecimento, e duvido que algum torcedor do Sport esteja disposto a esquecer. Ao contrário, quer relembrar para nunca mais deixar se repetir.
*Desembargador do TJPE
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