Bolsonaro ignorou o sábio Arraes
Quando Miguel Arraes (PSB) perdeu a eleição para Jarbas Vasconcelos em 98, por uma avalanche acima de 1 milhão de votos, disse, humildemente, num programa de rádio que não se elegeu por falta de votos. E que seu papel, em obediência ao recado das urnas, seria fazer oposição.
Se Bolsonaro tivesse seguido essa mesma cartilha, passando a atuar na contestação ao Governo Lula, não estaria hoje punido com 27 anos e três meses de prisão, conforme sentenciou a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal na última quinta-feira. Fez besteira, foi muito mal orientado, não soube controlar o ímpeto nem administrar as loucuras dos filhos e dos seus aliados da direita radical e alucinada.
Leia maisVivemos num País democrático, onde prevalece a vontade do eleitor na urna. Tudo além disso é esquizofrenia. Não se pode ganhar todas, seja no esporte, na vida, na política, em qualquer disputa. As derrotas ensinam lições valiosas. Vitorioso não é o que vence, mas o que se levanta diante de uma derrota. Não sabe Bolsonaro que a vitória mais difícil é saber perder.
Quem perde e não desanima, e mais do que isso, não perde a garra e o entusiasmo, é o verdadeiro vitorioso, porque possui, em seu íntimo, a coragem e a dignidade que, um dia, a levará à vitória. Na vida de um vitorioso em qualquer campo, sobretudo na política, também há derrotas. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias.
No caso de Bolsonaro, não ocorreu acomodação, mas um surto de loucura. Quis tomar o poder pela força, com uma turma que até ameaçou matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Tem um provérbio japonês que Bolsonaro e os condenados pelo STF por tentativa de golpe desconhecem ou ignoram: “Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota”. Bolsonaro preferiu o embate imbecil a superar a derrota, que é o maior desafio dos humanos. Deixar a derrota remoer e alimentar o instinto colérico é a pior maneira de se dar a volta por cima.
LULA CHAMA TRUMP DE DESONESTO – Em artigo, ontem, no jornal norte-americano New York Times, o presidente Lula radicalizou no enfrentamento ao presidente Donald Trump. O chamou de desonesto. Ao citar a regulamentação das redes sociais, o presidente brasileiro diz ser “desonesto” falar desse tema como se fosse uma censura. “A internet não pode ser uma terra de ilegalidade, onde os pedófilos e abusadores têm liberdade para atacar nossas crianças e adolescentes”, escreveu. O jornal New York Times é um dos mais detestados por Trump, que critica a publicação com muita frequência.

O abre alas de Porto para João – Rompido com a governadora Raquel Lyra (PSD), o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), se transformou no principal cabo eleitoral na pré-campanha do prefeito do Recife, João Campos (PSB), a governador. “A esperança dos pernambucanos é João”, disse, ontem, durante a Missa do Vaqueiro de Canhotinho, no Agreste, que atraiu mais de cinco mil pessoas. João posou montado num cavalo ao lado de Porto e saiu de lá impressionado com a receptividade. “Por onde passa, impressiona como João chama atenção”, completou Porto.
Campanha antecipada – Na caminhada que fez na cavalgada de Canhotinho, João adotou um corpo a corpo com os eleitores, posou para fotos, gravou vídeos, concedeu entrevistas e, em seguida, já montado num possante cavalo da fazenda com Álvaro Porto, percorreu seis quilômetros entre o distrito de Olho D’água e o centro da cidade, onde foi celebrada uma missa. Antes de Canhotinho, o pré-candidato esteve em São Bento do Una, Agrestina, Panelas e Altinho, em visita a prefeitos e correligionários. Na comitiva em Canhotinho se integraram o ministro Silvio Filho (Portos) e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), ambos de olho numa das vagas ao Senado na chapa de João.
Tesão de noivo – Num café da manhã na casa do ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz (PDT), sábado passado, João Campos (PSB) revelou enorme disposição para entrar na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas nas eleições do próximo ano. Mostrou números de pesquisas nas quais bate a governadora Raquel Lyra (PSD) em todas as regiões do Estado. Também falou da sua estratégia eleitoral e estimulou Queiroz a disputar um mandato de deputado estadual. Saiu de lá convencido de que Queiroz, aos 83 anos, está com tesão de noivo para voltar a Alepe.

Candidatos à revelia de Raquel – O fator Rodrigo Pinheiro (PSDB), prefeito de Caruaru, também entrou no cardápio da conversa de João Campos com José Queiroz, com a participação do ministro da Previdência, Wolney Queiroz, filho do ex-prefeito, e do ex-senador Douglas Cintra. O que vazou da conversa foi um fato curioso e ao mesmo tempo intrigante: Rodrigo já escolheu os seus candidatos a deputado federal e estadual, à revelia da governadora, que vai apoiar candidatos mais próximos ao seu grupo de confiança e relação mais estreita na capital do Agreste.
CURTAS
ETELVINO LINS – O lançamento de “Os Leões do Norte”, hoje, em Sertânia, vai se transformar numa grande homenagem ao filho mais ilustre da terra: o ex-governador Etelvino Lins, que esteve à frente dos destinos de Pernambuco no período de 1952 e 1955, com uma obra marcada por grandes projetos para o Sertão. Ele é um dos personagens do livro. Foi um homem público de firme caráter, conforme definiu em discurso no Senado o saudoso Marco Maciel.
EM TABIRA – Em Sertânia, o lançamento está marcado para às 19 horas, na Câmara de Vereadores, com apoio da Casa e da prefeita Pollyana Abreu (PSD). Amanhã, já estarei em Tabira, para lançar na Câmara de Vereadores, às 19 horas, com apoio do prefeito Flávio Marques (PT) e da Câmara Municipal.
NO CABO – Na sexta-feira, será a vez de fazer uma manhã de autógrafos e uma palestra no Cabo, atendendo a convite do prefeito Lula Cabral (SD). Está marcada para o Centro Administrativo da Prefeitura, com a presença, inclusive, de várias turmas de estudantes, já que a obra se destina às novas gerações.
Perguntar não ofende: Como Trump reagirá ao artigo de Lula no New York Times?
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