Ao contrário do que aconteceu no ano passado, na primeira reunião sobre Democracia feita em conjunto com a Espanha, às margens da Assembleia Geral da ONU, agora o Brasil não convidou os Estados Unidos a participar das discussões sobre como preservar o ambiente democrático, que serão conduzidas por Lula e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez na próxima quarta-feira (23) em Nova York.
Dessa vez, além de Brasil e Espanha, co-patrocinam o evento Chile, Colômbia e Uruguai. À exceção dos EUA, todos os demais países que foram convidados em 2024 voltaram a receber convites. No entendimento da diplomacia brasileira, a troca de comando da Casa Branca, do democrata Joe Biden para o republicano Donald Trump, alterou significativamente o cenário a ponto de inviabilizar a participação dos norte-americanos no evento, batizado de “Defendendo a democracia contra os extremismos”. As informações são do portal UOL.
Auxiliares do presidente Lula têm dito que parte justamente do governo Trump o maior ataque à democracia brasileira em 40 anos. Logo, a presença de funcionários do governo Trump seria impraticável e um convite a eles poderia até ser visto como “provocação”.
Há dois meses, o governo do republicano mobiliza uma série de instrumentos contra o Brasil — um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, sanções financeiras da Lei Global Magnitsky sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, restrições de entrada e circulação a autoridades brasileiras —, justificando-os tanto pelo processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao qual Trump chama de “caça às bruxas”, quanto por decisões do STF de regulações de discurso de ódio em big techs.
No ano passado, a discussão do evento brasileiro girou em torno de como coibir discursos de ódio e o avanço da extrema direita em redes sociais. O atual governo norte-americano vê tais iniciativas como antidemocráticas e cerceamento de liberdade de expressão, conforme entendida pelas leis do país.
O governo de Biden tinha a questão da democracia como prioridade, especialmente depois do ataque de trumpistas ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, o que chegou a interromper a certificação da vitória de Biden por algumas horas.
O governo do democrata fez um evento próprio em prol da democracia e convidou o Brasil, que não compareceu porque viu na iniciativa uma tentativa de fustigar a China. Em resposta, os norte-americanos compareceram ao evento brasileiro sem mandar representantes do primeiro escalão.
Lula chega a NY amanhã e discursará na abertura da Assembleia Geral da ONU na próxima terça (22), sob o fantasma de novas punições ao Brasil, prometidas por Trump após a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros 4 crimes.
Em um memorando de 17 páginas, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos começou a exigir que os cerca de 90 jornalistas credenciados para cobrir a agência obtenham aprovação prévia para publicar qualquer informação que lhe diga respeito, confidencial ou não, ou correm o risco de perder o acesso ao Pentágono. O documento ainda restringe a circulação da imprensa, designando grandes áreas do prédio como proibidas para a circulação sem escolta.
As novas condições, comunicadas na ontem à noite aos jornalistas atingidos, representam um novo passo na luta que o presidente americano Donald Trump e seu governo travam contra a imprensa tradicional, que ele acusa de ser desfavorável a ele.
O Departamento de Defesa disse no memorando que “continua comprometido com a transparência para promover a responsabilização e a confiança pública”. O novo documento estabelece que informações do Departamento de Defesa “devem ser aprovadas para divulgação pública por um funcionário autorizado, antes de sua publicação, mesmo que não sejam confidenciais”.
O novo compromisso exige que jornalistas reconheçam por escrito que a aquisição ou o uso de informações não autorizadas seria motivo para “suspensão imediata” do acesso ao Pentágono. A medida ainda define informações proibidas para incluir tanto materiais confidenciais quanto “informações não confidenciais controladas”, uma categoria amplamente definida que inclui materiais que poderiam representar um risco à segurança nacional se divulgados ao público.
Não está claro se a proibição incluiria a solicitação de informações da equipe do Departamento de Defesa ou a busca de confirmação ou comentários sobre materiais coletados por outros meios.
A mudança pode restringir drasticamente o fluxo de informações sobre as Forças Armadas dos EUA ao público. O Clube Nacional de Imprensa de Washington classificou a política como “um ataque direto ao jornalismo independente” e solicitou a revogação imediata da norma.
— Se as notícias sobre nossas Forças Armadas devem ser aprovadas primeiro pelo governo, o público não recebe mais informações independentes — declarou o presidente da organização, Mike Balsamo. — O público receberá apenas o que os funcionários [do Pentágono] querem que vejam. Isso deveria alarmar todos os americanos.
Além disso, o documento restringe a circulação da mídia dentro do próprio Pentágono, designando grandes áreas do prédio como proibidas para a circulação sem escolta dos cerca de 90 repórteres credenciados para cobrir a agência. Embora muitos escritórios e salas de reunião no Pentágono sejam restritos, jornalistas autorizados já haviam recebido acesso sem escolta a grande parte do prédio e seus corredores. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, defendeu na sexta-feira esta medida do novo formulário de credenciamento.
“A imprensa não pode mais circular pelos corredores de uma instalação segura. Use sua credencial e cumpra as regras, ou vá para casa”, escreveu ele no X.
Sean Parnell, porta-voz do Pentágono, afirmou em comunicado que as novas diretrizes “reafirmam padrões que estão em conformidade com todas as outras bases militares do país”, acrescentando que se tratavam de “diretrizes básicas e de bom senso para proteger informações confidenciais e a segurança nacional”.
O diretor de advocacia da Fundação Freedom of the Press Foundation, Seth Stern, declarou que o governo está legalmente proibido de exigir que jornalistas abram mão de seu direito de investigar o governo em troca de acesso ou credenciais.
— Esta política funciona como uma restrição prévia à publicação, considerada a mais grave das violações da Primeira Emenda — afirmou Stern. — O governo não pode proibir jornalistas de divulgar informações públicas simplesmente alegando que se trata de um segredo ou mesmo de uma ameaça à segurança nacional.
Ameaças à liberdade de imprensa
A nova ordem, descrita em um memorando distribuído à imprensa na sexta-feira, foi a mais recente de uma série de ações do governo Trump para limitar a capacidade da mídia de cobrir o governo federal sem interferência.
A relação tensa do Pentágono com a mídia reflete uma atitude generalizada em todo o governo Trump. A Casa Branca tem repetidamente limitado o acesso aos veículos de comunicação por causa da cobertura que não lhe agrada, e o presidente Trump processou várias organizações de notícias, incluindo o Wall Street Journal e o New York Times, por causa de sua cobertura.
Após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, na semana passada, o chefe da Comissão Federal de Comunicações, Brendan Carr, ameaçou as emissoras de televisão com “multas ou revogação de licença” se continuassem transmitindo o programa noturno de Jimmy Kimmel na ABC.
A ofensiva aconteceu depois que o apresentador fez comentários interpretados por alguns como críticos ao movimento Make America Great Again (MAGA) e a Kirk. Na sequência, a ABC suspendeu o programa por tempo indeterminado.
Na quinta-feira, Trump sugeriu a repórteres que os veículos de comunicação deveriam ser punidos pela cobertura negativa de sua presidência.
— Eles só me dão publicidade ou cobertura negativa — disse o presidente. — Eles têm uma licença, acho que talvez essa licença devesse ser retirada.
Foco de notícias
O Departamento de Defesa tem sido um ponto focal do escrutínio da imprensa em 2025, com veículos de comunicação revelando que o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, havia divulgado planos de guerra confidenciais em um grupo de bate-papo privado que incluía um repórter.
Em outro caso, jornais reportaram que Hegseth havia convidado o bilionário Elon Musk para um briefing sobre os planos ultrassecretos do governo caso uma guerra eclodisse com a China. Mais recentemente, a cobertura jornalística levantou questões sobre a legalidade de dois ataques militares a barcos venezuelanos que mataram 14 pessoas.
Sob a supervisão de Hegseth, o Pentágono impôs uma série de restrições à capacidade da mídia de cobrir os militares. A primeira delas foi uma decisão no final de janeiro de remover quatro veículos de comunicação de seus espaços de trabalho no Pentágono em favor de outros portais de notícias, como o Breitbart News, que forneciam uma cobertura vista pela administração como mais favorável.
O Secretário de Defesa, que é ex-apresentador da Fox News, tem tomado uma posição cada vez mais adversária com a imprensa, acusando repetidamente os jornalistas de tentarem “sabotar” a agenda de Trump ao publicar informações vazadas por “ex-funcionários descontentes”. Desde que assumiu o cargo, Hegseth realizou apenas uma coletiva de imprensa, após um ataque militar ao Irã em junho.
“A ‘imprensa’ não comanda o Pentágono — o povo é que comanda”, escreveu Hegseth no X na sexta-feira.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (Partido Republicano), dos Estados Unidos, podem ter a chance de se encontrar pessoalmente pela primeira vez na próxima terça-feira (22).
Ambos discursarão na sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. Desde os anos de 1950, o Brasil é o primeiro país a discursar no evento. Em seguida, normalmente fala o presidente dos Estados Unidos, que sediam a organização. As informações são do Poder360.
Lula falará depois do secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, e da presidente da 80ª Assembleia Geral, a alemã Annalena Baerbock. Seu discurso está previsto para às 10h (no horário de Brasília).
Um eventual encontro entre Lula e Trump não está confirmado. Pelo lado brasileiro, cogitou-se, inclusive, mudar trajetos na parte interna do plenário para evitar um encontro cheio de constrangimentos.
Em 2024, o petista conversou de forma breve com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Partido Democrata), nos bastidores do palco principal.
Um encontro entre Lula e Trump poderia ter ocorrido no G7, em junho. Mas Trump deixou a cúpula dos países mais ricos do mundo antes do previsto e, por isso, não participou do segundo dia de evento. Justamente o dia em que Lula estaria presente. O G7 se reuniu em Kananaskis, no Canadá.
A viagem de Lula a Nova York se dá no pior momento da relação entre Brasil e Estados Unidos. A tensão entre os dois países escalou a partir de julho, quando o republicano anunciou um aumento de tarifa, para 50%, dos produtos importados brasileiros e condicionou qualquer tipo de negociação à suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, foi o maior financiador da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) durante o período em que ela esteve foragida da Justiça brasileira, entre os meses de maio e junho deste ano. O valor de R$ 5 mil foi transferido via Pix, segundo relatório da Polícia Federal (PF).
O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e detalha as transferências financeiras recebidas por Zambelli no período em que ela estava fazendo uma vaquinha virtual.
O relatório aponta que, antes de ser presa, a deputada já era alvo de inquérito criminal instaurado por ordem de Moraes, no âmbito da ação penal 2.428/DF. Conforme a decisão, Zambelli teria tentado obstruir investigações em andamento e, após deixar o Brasil, passou a divulgar mensagens públicas com críticas ao Judiciário.
Em uma das declarações citadas no inquérito, afirmou que voltaria a ser “a Carla que era antes das amarras que essa ditadura impôs”, em referência ao STF e às decisões judiciais contra ela.
A PF também analisou os valores arrecadados por meio de uma vaquinha virtual aberta para ajudar a deputada. As transações de R$ 500 ou mais passaram a ser monitoradas. Entre 8 e 24 de maio deste ano, Zambelli transferiu R$ 339 mil de sua conta no Banco Itaú Unibanco para outra conta de sua titularidade na Caixa Econômica Federal. Apenas após o início do pedido público de doações, o total transferido entre contas em seu nome somou R$ 336 mil.
Principais doadores identificados pela PF:
• Luciano Hang, em 20/05/2025 – empresário e cofundador da rede de lojas Havan.
• LCG Paschoalino Ltda., em 27/05/2025 – empresa registrada em 2017 sob o nome fantasia LCG Transportes, tendo como sócios Leonardo Contin Guimarães Paschoalino e Luciana Rodrigues Coelho.
• Marcos Adolfo Tadeu Senamo Amaro, em 03/06/2025 – empresário, artista plástico, colecionador de obras de arte e fundador e ex-presidente do FAMA Museu
Outras doações relevantes:
• Karina Zupelli Roriz dos Santos, em 20/05/2025 – R$ 3.187,62. Ela é secretária parlamentar no gabinete de Zambelli.
• Antônio Aginaldo de Oliveira, em 19/05/2025 – R$ 2.000,00. É marido da deputada.
• Cristiane de Brum Nunes Marin, em 19/05/2025 – R$ 2.000,00
Segundo o documento, a quantia recebida integra uma estratégia mais ampla de arrecadação organizada no site carlazambelli.com.br, domínio registrado em nome da própria deputada. A página promovia a campanha #JuntosComZambelli, com instruções para depósitos em conta e transferências instantâneas.
O relatório também aponta que familiares da parlamentar, como a mãe, Rita Zambelli, reforçaram a divulgação dos canais de arrecadação em redes sociais alternativas, como Gettr e Substack. Nessas plataformas, foram encontradas mensagens bilíngues (português, inglês e italiano) com pedidos de apoio e críticas ao ministro Moraes, além de convocações para manifestações contra o STF.
O Brasil presencia, com crescente inquietação, o avanço da politização do Poder Judiciário (STF) e a consequente judicialização da política. Em um cenário de instabilidade institucional e descrédito generalizado, o Supremo Tribunal Federal — cuja missão constitucional é justamente garantir o equilíbrio entre os poderes — tem protagonizado episódios que em nada colaboram para a preservação da democracia e da legalidade. Ao contrário, escancaram a erosão da discrição, da imparcialidade e do decoro que se espera de seus ministros.
A recorrente exposição midiática de membros da Corte, com entrevistas, declarações públicas sobre casos em julgamento e críticas abertas entre pares sobre seus votos, constitui não apenas uma grave afronta à liturgia do cargo, mas uma violação direta à Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LOMAN), que impõe aos juízes o dever de sobriedade, reserva e independência. Quando ministros se pronunciam como comentaristas políticos e decisões judiciais, ao sabor das manchetes e das redes sociais, perdem de vista o papel institucional que ocupam.
Não se trata de negar aos magistrados o direito à liberdade de expressão. Trata-se de compreender que o exercício da magistratura exige contenção. O juiz fala nos autos — e apenas nos autos. Fora deles, o silêncio não é covardia, é virtude republicana. A toga não pode ser instrumento de vaidade, nem escudo para ambições políticas.
A judicialização da política, por sua vez, revela um outro lado da mesma crise. O Legislativo e o Executivo, por vezes incapazes de assumir responsabilidades e lidar com temas sensíveis, recorrem ao STF como quem entrega a um tribunal a função que deveria caber ao voto popular. O Supremo, nesse contexto, deixa de ser árbitro e assume, perigosamente, o papel de protagonista — com decisões que muitas vezes extrapolam os limites da interpretação constitucional e invadem o terreno da legislação.
Esse ciclo — em que a política se refugia no Judiciário e o Judiciário se arroga o direito de fazer política — enfraquece todos os poderes e compromete a separação entre eles. Ministros que se digladiam em público, trocando farpas em sessões televisionadas ou entrevistas à imprensa, prestam um desserviço à Justiça e ao país. A divergência técnica é saudável; o confronto personalista, não.
É preciso restaurar a compostura. O Supremo Tribunal Federal não pode se tornar um partido informal, dividido em alas ideológicas, comprometido com projetos pessoais em vez de com a Constituição. A legitimidade da Corte não se constrói com likes, manchetes ou holofotes, mas com discrição, coerência e fidelidade aos princípios que fundamentam o Estado de Direito.
Democracias sólidas exigem instituições sólidas. E instituições sólidas não se constroem com discursos, mas com responsabilidade, equilíbrio e respeito à função pública. Que o STF retome o caminho da sobriedade — antes que se torne irreversivelmente mais um ator no palco das disputas políticas do país.
Os formados no concurso da Polícia Penal de Pernambuco continuam aguardando a nomeação prometida pelo Governo do Estado. Apesar do orçamento aprovado em 2024, que prevê recursos suficientes para a convocação de todos, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP) não efetivou as nomeações.
Ontem (19), os aprovados marcaram presença na Ilha de Itamaracá, durante a cerimônia de demolição da antiga Unidade Barreto Campelo, desativada recentemente. Eles recepcionaram a governadora Raquel Lyra no local e mais uma vez cobraram a definição da data de nomeação, lembrando que já estão formados há mais de dois anos e prontos para atuar.
A situação ganhou destaque após protestos organizados pelos aprovados, que denunciaram a falta de transparência e o improviso da gestão. O Tribunal de Contas de Pernambuco, provocado pelas manifestações, já solicitou novos esclarecimentos à SEAP, reforçando a cobrança por um planejamento formal.
Outro ponto criticado é a permanência de policiais militares em atividades típicas de policiais penais, como a vigilância em muralhas, além da contratação de temporários para funções próprias do cargo. Enquanto isso, 648 aprovados já formados aguardam há mais de um ano para ingressar no sistema, mesmo diante do déficit reconhecido no efetivo.
Para os formados, não há justificativa plausível para a demora. Eles afirmam que o governo já reconheceu publicamente a necessidade de nomear todos, mas insiste em adiar a decisão, criando insegurança entre os aprovados e dificuldades para o sistema prisional do Estado.
A manifestação da governadora foi recebida de forma positiva pelos presentes, que ressaltam a importância do reconhecimento oficial. No entanto, os formados reforçam que continuarão cobrando da governadora a definição de uma data concreta, defendendo que a nomeação seja feita de maneira única e coletiva, atendendo à expectativa de centenas de aprovados que aguardam há mais de um ano para assumir suas funções.
O apito final em Natal no último dia 7 de setembro foi um grito de independência em tons corais. O Santa Cruz havia acabado de superar o América-RN nas quartas de final da Série D e, enfim, garantia a saída da divisão para onde foi rebaixado em 2021 e viveu um calvário do tamanho do Arruda, o segundo maior estádio particular do Brasil, atrás do Morumbis.
Hoje, às 19h30, o clube de Recife recebe o Maranhão na Arena de Pernambuco para o segundo jogo da semifinal, após ter vencido por 1 a 0 fora de casa. Só que a busca pelo título da quarta divisão já parece acessório frente ao cumprimento do principal objetivo do ano.
Era mais que necessário o acesso após passar um ano sem calendário de competições nacionais. Em 2024, o Santa fez apenas 13 jogos, grande parte deles pelo Campeonato Pernambucano, e parou as atividades em março. A última participação do clube na Série A foi em 2016, quando acabou rebaixado e viveu uma queda vertiginosa até o porão do futebol brasileiro.
Menos mal que a equipe parou na semifinal do Estadual para o Sport e garantiu vaga na quarta divisão desse ano novamente. Foi o primeiro passo da gestão do presidente Bruno Rodrigues. Em novembro de 2023, ele foi candidato único em uma eleição na qual determinou duas missões: unir todas as correntes políticas do clube e implementar a SAF até o fim de seu mandato.
Atualmente, o Santa está em recuperação judicial e possui uma dívida que gira em torno dos R$ 250 milhões. Quando Rodrigues assumiu, para além do marasmo no futebol, havia apenas três jogadores no elenco e os funcionários estavam com sete folhas de pagamento atrasadas.
“Existem duas coisas: credibilidade e crédito. São coisas diferentes, mas, na época, o Santa estava sem os dois”, lembra Rodrigues em entrevista ao Globo. “A gente fez um planejamento, cortando na carne, vamos dizer assim, enxugando o que podíamos enxugar. Desde que eu assumi o clube, não atrasamos salários de funcionários. Sempre em dia. Futebol também”.
Thiago Galhardo e Bruno Rodrigues comemoram acesso do Santa Cruz à Série C de 2026 — Foto: Evelyn Victoria/SCFC
O Santa sobreviveu a 2024 e conseguiu um cenário melhor para 2025, ano no qual melhores notícias se apresentaram. Mesmo parando novamente na semifinal do Estadual para o Sport, a diretoria montou um time mais competitivo, comandado pelo treinador Marcelo Cabo e tendo como destaque o atacante Thiago Galhardo. Em matéria de gestão, foi formalizada no início do ano a proposta vinculante para vender 90% da SAF a um grupo mineiro, o Cobra Coral Participações S/A. A promessa é de investir R$ 1 bilhão nos próximos 15 anos.
Valores
Após o Santa empatar por 1 a 1 com o América-RN e garantir a chegada à semifinal da Série D — vitória por 1 a 0 no jogo de ida —, a torcida que assistiu à partida em um telão no Arruda invadiu a piscina para comemorar. O estádio no qual cabem 60 mil pessoas hoje vive dias menos inglórios, com capacidade reduzida para cerca de 30 mil. Uma das promessas da SAF é investir justamente nele.
Ficou referendado em contrato que é preciso aportar, no mínimo, R$ 100 milhões no estádio nos próximos três anos. A ideia é fazer uma reforma que incremente outras áreas, como camarotes, restaurantes e escritórios — também há o objetivo de fazer um novo Centro de Treinamento.
Quanto ao futebol, a promessa de orçamento apenas para a disputa da Série C de 2026 é de R$ 36 milhões. Também há um planejamento se novos acessos forem conquistados: R$ 52 milhões na Série B e R$ 100 milhões se o clube voltar à Série A. Para tantas promessas, porém, a atual gestão tomou cuidado para não entregar o clube de mão beijada.
“Colocamos uma cláusula chamada bônus de subscrição. É o seguinte: no contrato, regem os valores e datas a serem aportadas, com muita transparência. Se algum desses investimentos e datas não forem cumpridos, o Santa Cruz automaticamente retoma a SAF. É uma proteção se os investidores não cumprirem o que está no papel”, comenta Rodrigues.
Próximos passos
O presidente comanda hoje um período de transição: a previsão é que a SAF esteja formalizada até o final deste ano. Os trâmites finais correm dentro dos conselhos do clube, antes que a pauta possa enfim ser levada a uma Assembleia Geral, que sacramentará o futuro. Porém, deixar a quarta divisão para trás foi o primeiro passo significativo nesse sentido.
“A série D é totalmente deficitária. A série C também… talvez não para o Santa Cruz, pela imensa torcida, venda de ingresso e camisa… Falando financeiramente, a operação se torna viável da Série B para a Série A, as duas. Só vai dar resultado financeiro a partir da Série B. Temos que focar nisso para subir o mais breve possível. Nosso objetivo maior é voltar para a Série A. No próximo ano, na Série C, a gente disputa com muita estrutura, o que nunca tivemos historicamente, e o objetivo é subir já de imediato”, revela ele.
Além do sonhado acesso à Série B, o Santa Cruz vai buscar encerrar um jejum de títulos no Pernambucano que perdura desde 2016, além de ter o direito de disputar a Copa do Brasil e Copa do Nordeste. Antes, o clube ainda persegue o título da quarta divisão desse ano, que pode ser mais um marco nesse caminho. Se eliminar o Maranhão hoje, em um jogo que deve ter a lotação de 45 mil torcedores na Arena de Pernambuco, a final será contra Inter de Limeira (SP) ou Barra (SC).
Ao mesmo tempo, já é permitido olhar para trás em 2025 e dizer o que deu certo e o que foi feito de diferente em relação à vários erros do passado recente:
“Primeiro, a gente conseguiu pacificar o clube, então as brigas internas ficaram para trás e isso foi importante. Segundo, montamos um time com vários jogadores de perfil de Série B e C. Mantivemos o que a gente tinha prometido, pagar em dia, que é obrigação, mas há muito tempo não se fazia no clube. Resgatar a credibilidade, e principalmente, a autoestima do nosso torcedor”, analisa Bruno Rodrigues. “O pior já passou. Eu acho que agora estamos com uma possibilidade real de voltar ao protagonismo no futebol nordestino e brasileiro”, diz o presidente, confiante.
O ex-deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) criticou a chamada PEC da Blindagem em vídeo divulgado nas redes sociais na quinta-feira. Ele afirmou que a proposta busca proteger parlamentares de fiscalização e comparou o texto ao escândalo das emendas secretas. “Infelizmente, essa blindagem não se pode aceitar de maneira alguma. É para que o parlamentar não possa ser tocado, observado, fiscalizado. Deus me livre”, declarou. Patriota também citou o caso de Eduardo Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde fevereiro, mas segue recebendo salário e foi indicado líder de seu partido.
Como foi publicizado aqui mesmo em O Poder, estou em convalescença de um delicado e bem sucedido procedimento cirúrgico. A recuperação, por natureza, é lenta. Aproveito para informar que vai indo muito bem. Nesse período, pedi licença das consultorias e do dia-a-dia de O Poder. A equipe, aliás, vem dando show, com sua competência habitual. Tenho evitado leituras e esforço intelectual e dando um tempo nas telinhas luminosas.
Acontece que agora há pouco, em uma das caminhadas diárias que fazem parte do processo, me deparei com uma manchete muda numa TV a cabo: “Deputados pedem desculpas nas redes por votarem pela PEC da blindagem”. Não sei quais deputados. Mas a chamada me instigou a registrar a opinião sobre o tema.
O que tem sido dito de bobagens sobre a tal PEC compõe uma rara festa de fantasias abestalhadas. Nada me irrita mais do que a burrice pomposa. Isso porque, como ninguém é burro, burrice é uma tentativa de falsos sabidos para impor idiotices às massas.
Ano após ano, o alto Judiciário brasileiro vem invadindo sistematicamente as prerrogativas dos outros poderes. Não vou dar exemplos, são desnecessários. Apenas registrar que o Legislativo tem tido os seus direitos constitucionais seguidamente violados. São inúmeros os exemplos. Até busca e apreensão no prédio do Legislativo ou em residências de parlamentares aconteceram, anote-se, também para investigar ‘crimes de opinião’. Nem vou adjetivar.
A gota d’água
Em decorrência da hipertrofia do alto Judiciário, que não raro inspira também magistrados do baixo clero, o Brasil treme diante desse Poder que, aparenta, tudo pode. De modo que o decano da corte, outrora equilibrado, prudente, pragmático, afirmou, semana passada, que não adiantava o Congresso votar determinada medida pois o STF derrubaria. Isso tem nome e sobrenome. Deixo aos leitores rotularem vocês mesmo.
Legítima defesa
O Congresso reagiu. É esdrúxulo fazer uma emenda à Constituição para reafirmar princípios contidos na própria Constituição. Mas, como estavam sendo descumpridos em sequência por quem devia zelar por eles, a reafirmação foi oportuna, posto que tardia. E, aproveitando o embalo, a Câmara estabeleceu com clareza novas medidas para proteger os mandatos parlamentares. Após seguidos os trâmites devidos, se acontecer, passam a ter força constitucional, diminuindo o espaço interpretativo que, mostra a história recente, foi muito mal utilizado.
Argumentos risíveis
Do meu canto, como estudioso dos mecanismos ideológicos que os dominadores utilizam para reforçar o seu poder sobre os dominados, chego a achar graça na “burrice” dos analistas, comentaristas e exegetas universitários. Querem convencer quem não tem obrigação nem tempo para refletir, de que a blindagem “abre as portas do Legislativo para o crime organizado”. Só rindo mesmo. Senhoras e senhores, o crime organizado já está devidamente representado em todos os poderes, em todas as esferas.
A exemplo de outros segmentos da sociedade, como as bancadas do boi, da bala, da bíblia, das minorias e por aí vai. A PEC “da blindagem” transfere responsabilidades, hoje nas mãos de quem não tem legitimidade para tal, aos dois maiores e mais absolutos poderes do País: a sociedade, em primeiro lugar, e o Legislativo, que representa o povo.
Portanto, não há porque ninguém se envergonhar do seu voto. No cerne, a PEC “da blindagem” restabelece, em parte, a pedra angular da Constituicão: “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”.
*José Nivaldo Junior é historiador, advogado não militante e publicitário. Diretor licenciado de O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras.
O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), criticou, na manhã de ontem (19), a aprovação da urgência do PL da Anistia e da PEC da Blindagem pela Câmara dos Deputados. As declarações foram concedidas durante uma coletiva de imprensa no Porto do Recife, onde cumpriu agenda ao lado da governadora Raquel Lyra (PSD) e anunciou um investimento de R$ 100 milhões no porto em obras de dragagem e no terminal de passageiros.
Aprovada na última terça-feira (16), a chamada PEC da Blindagem dificulta a investigação de congressistas acusados de crimes. Já o PL da Anistia perdoa os condenados pelos ataques golpistas do dia 8 de janeiro de 2023 e conta com apoio de parlamentares bolsonarista.
Silvio Costa Filho analisou que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), teve que respeitar o colégio de líderes, o que o teria levado a pautar as matérias.
“Eu entendo também a situação do presidente Hugo Motta, que ele tem que respeitar os líderes, a posição de cada partido e pautar as matérias. Entendo a situação dele como presidente da Casa”, avaliou.
O ministro enfatizou que, se estivesse exercendo o mandato de deputado federal, votaria contra ambas as proposições e destacou que as prioridades da Casa deveriam ser pautas na áreas econômica e social.
“Se eu estivesse na Câmara Federal, exercendo o mandato federal, eu votaria contra a anistia e contra a PEC da Blindagem. Eu acho que isso é um retrocesso, isso é ruim para o Brasil. Acho que o Brasil tem pautas muito mais importantes na área econômica, social, do que a gente está tratando de temas como esse”, declarou.
O ministro também comentou a possível candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à presidência da República em 2026. Na avaliação de Silvio, o governador, que é seu colega de partido, buscará a reeleição no estado.
“Meu sentimento é que ele [Tarcísio] disputará a reeleição. Todas as vezes que eu estive com o governador Tarcísio, ele me colocou isso, que precisa se consolidar em São Paulo, que as principais obras dele demoram de 4, 5 a 6 anos, que ele tem tempo, tem idade e precisa naturalmente fazer mais ações no estado de São Paulo e acho que tem tempo para disputar a presidência da República”, analisou.
Costa Filho comentou o posicionamento da família Bolsonaro nas eleições de 2026. Na avaliação do ministro, caso a família Bolsonaro não apresente como candidato a presidente alguém do núcleo familiar, haverá o que ele classificou de “arquivamento” do bolsonarismo no Brasil.
“Se a família não tiver um candidato, na minha opinião, será o arquivamento do bolsonarismo no Brasil. Qualquer candidatura do centro será arquivar o bolsonarismo no país. É isso que o Bolsonaro quer? Arquivar o seu legado? Porque hoje existem dois líderes no Brasil. Existe o presidente Bolsonaro, que é um líder, e existe o presidente Lula. Eu não sei se o ex-presidente Bolsonaro está disposto a entregar esse patrimônio eleitoral que ele construiu no Brasil e o bolsonarismo ser arquivado no país”, disse.
A vereadora Célia Galindo (Podemos), decana da Câmara Municipal de Arcoverde com 10 mandatos consecutivos, divulgou uma mensagem contundente contra a chamada “PEC da Blindagem”, proposta que vem sendo criticada em todo o país por conceder privilégios inéditos a deputados e senadores.
Na declaração, Célia destacou sua trajetória ilibada na vida pública, afirmando que sempre atuou sem manchas e em defesa do povo arcoverdense. “Nós, representantes do povo, temos que ser exemplo e não exceção. A Constituição é clara: todos são iguais perante a lei. Ninguém é melhor que o outro”, disse a parlamentar. Para Célia, a proposta representa um retrocesso democrático. “O Brasil precisa de justiça e igualdade, não de blindagem para poucos. Minha trajetória é prova de que é possível exercer a política com seriedade, honestidade e compromisso com a coletividade”, reforçou.
A chamada PEC da Blindagem — já apelidada de “PEC da Bandidagem” ou “PEC da Vergonha” — cria um mecanismo que impede que parlamentares sejam investigados ou julgados por crimes comuns sem a autorização da própria Câmara ou do Senado. Na prática, isso significa que delitos graves como homicídio, estupro, corrupção ou lavagem de dinheiro só avançariam na Justiça caso os próprios colegas de plenário dessem aval, ao contrário do que acontece com qualquer cidadão.
A Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, começou a ser demolida ontem (19). O espaço onde a cadeia funcionou por 50 anos será ocupado por um projeto destinado ao turismo. Em breve, segundo o governo do estado, será feito o anúncio do novo uso do terreno.
A Barreto Campelo, desativada oficialmente em 1º de abril deste ano, será demolida por conta das más condições estruturais, incluindo pavilhões deteriorados e comprometimento de áreas administrativas e de segurança. As informações são da Folha de Pernambuco.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, conduziu a demolição simbólica do pavilhão B. “O que está aqui hoje, prestes a ser demolido, também faz parte de uma atenção e um fortalecimento do sistema penitenciário de Pernambuco, pois as condições encontradas eram de muita precariedade, em um ambiente onde as pessoas não eram enxergadas para a ressocialização. Não existe segurança pública sem olhar para o sistema penitenciário, e é preciso cuidar de todos”, disse Raquel Lyra, acrescentando que para permitir a desativação do prédio, o governo criou novas vagas no sistema prisional.
Antes da desativação, demanda antiga da população do Litoral Norte, a unidade contava com 640 vagas e abrigava 472 custodiados, que foram transferidos para outros presídios do estado.
O senador Alessandro Vieira (MDB), relator da PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, classificou o projeto em entrevista ao UOL como uma tentativa clara de proteger parlamentares envolvidos em crimes. Segundo ele, a proposta, que amplia o foro privilegiado e permite ao Congresso barrar investigações, não tem defesa viável e não será aprovada no Senado. “É uma PEC feita para defender bandido. Não tem outra justificativa”, afirmou, destacando que a medida envia “um recado de impunidade para o Brasil” e criticando colegas que tentam justificá-la como proteção ao Supremo.
Três ícones da MPB, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, se apresentarão amanhã (21), durante um protesto na praia de Copacabana contra a chamada PEC da Blindagem, que busca proteger parlamentares de serem processados criminalmente e que gerou indignação no Brasil.
Na terça-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige que o Congresso autorize, por meio do voto secreto, qualquer acusação penal contra deputados e senadores.
Os cantores e compositores, todos octogenários e com décadas de ativismo político, vão liderar as manifestações que serão realizadas em mais de uma dúzia de cidades do País contra o que os críticos denominaram de “PEC da Bandidagem”.
Para o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a proposta “tem um efeito cascata importante: pode haver uma infiltração do crime organizado nos Parlamentos, que é algo que muito me preocupa”, segundo advertiu em declarações ao jornal O Globo.
A indignação cresceu na quarta-feira, quando os deputados aprovaram dar caráter de urgência ao Projeto de Lei da Anistia, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado na semana passada a 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado.
No Instagram, Caetano Veloso disse que a iniciativa do Congresso em ambas os temas “não pode ficar sem resposta por parte da população brasileira”. “Precisamos ir às ruas”, conclamou.
A estrela do funk Anitta também se somou à convocação para as manifestações, pedindo a seus 63 milhões de seguidores no Instagram para imaginar “ser assassinados e que seu assassino não pudesse ser processado sem autorização de seus colegas”.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos – PB), defendeu a PEC como uma proteção contra abusos judiciais.
Quando uma norma semelhante esteve vigente entre 1988 e 2001, segundo o portal de notícias G1, apenas um legislador foi processado enquanto 250 solicitações do Supremo Tribunal Federal (STF) foram recusadas.
“Chega de impunidade. Parlamento sem vergonha”, diz a mensagem que circula maciçamente nas redes sociais convocando os protestos.
A PEC, assim como o PL da Anistia para os bolsonaristas condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e que poderia beneficiar o próprio ex-presidente, enfrenta resistência no Senado.
O presidente Lula prometeu vetar o PL da Anistia e disse que a PEC da Blindagem “não é uma coisa séria” com a qual os legisladores deveriam se ocupar.
Catende recebeu, ontem (19), a apresentação do deputado federal Felipe Carreras (PSB) como novo representante do grupo político de Dr. Caio Almeida e Dr. João Insilene. O ato, realizado na Praça Coração Eucarístico, reuniu apoiadores e contou também com a presença do deputado estadual Rodrigo Farias (PSB). A aliança reforça o alinhamento a João Campos e amplia a representação de Catende nas esferas estadual e federal.
As lideranças ressaltaram a união do grupo e prometeram investimentos para o município. Dr. Caio afirmou que o time do PSB trabalhará “com seriedade” pela cidade, enquanto Felipe Carreras anunciou R$ 1,5 milhão para obras de infraestrutura. Já Rodrigo Farias destacou a importância de Catende ter Carreras em Brasília, reforçando a expectativa de conquistas para o desenvolvimento local.
Na carteira de identidade expedida há 28 anos, a alagoana Joana do Espírito Santo tem data de nascimento registrada de 2 de fevereiro de 1909. Aos 116 anos, ela pode ser a pessoa mais velha do mundo.
Joana mora em uma casa simples em Rio Largo, município da Grande Maceió, e teve 21 filhos. Aposentada com um salário mínimo, ela não sabe ler ou escrever e vive com a filha e o genro, que tomam conta dela.
Segundo a entidade LongeviQuest, que tem o maior banco de dados sobre a vida dos mais idosos no mundo, o caso certificado de pessoa viva mais velha do mundo é o da inglesa Ethel Caterham. Ela nasceu em 21 de agosto de 1909, ou quase seis meses depois da data que consta nos documentos de Joana.
Já no Brasil, a pessoa reconhecida como mais velha é Izabel Rosa Pereira, de 114 anos, que nasceu na pequena Caputira (MG). Sua idade foi certificada pelo site em 26 de outubro de 2024; pela lista atualizada, ela é a quarta pessoa mais velha do mundo.
Em novembro do ano passado, o cearense João Marinho Neto, morador de um abrigo no município de Apuiarés (CE), foi apontado pela mesma entidade como o homem mais velho do mundo, com 112 anos.
O caso de Joana, porém, deve não ser reconhecido por questões burocráticas. O registro de nascimento da aposentada foi perdido nas enchentes que devastaram Alagoas em 2010. Joana não só teve a casa destruída, como uma das vítimas da tragédia foi o cartório do município de Murici, onde estava o seu registro. Os livros que guardavam os dados foram levados pelo rio Mundaú.
A prefeitura de Rio Largo tentou resgatar a documentação de Joana, a pedido da família, mas não foi possível, e por isso decidiu não seguir com um pedido oficial de reconhecimento de pessoa mais velha do mundo.
Mesmo assim, Joana mostrou documentos anteriores a 2010, além da sua identidade, que apontam a data de nascimento dela como as carteiras de Trabalho e de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Murici. “Eu trabalhava cortando cana, foram muitos anos nisso”, conta Joana ao receber a visita da reportagem do UOL no último dia 1º.
Rotina de acordar meio-dia
Sentada no sofá vermelho da sala, ela conta que é viúva “há uns 40 anos”. “Ainda sinto saudades dele. Era um bom dono de casa”, afirma, citando que sua festa de casamento (não lembra a data) durou três dias.
Com a idade, a memória de Joana já falha algumas vezes. Mas ela lembra e conta fatos marcantes. Um deles foi o episódio do bando do cangaceiro Lampião (que foi morto em 28 de julho de 1938), que invadiu a cidade de Delmiro Gouveia (AL), onde morava quando criança. “Fiquei debaixo da cama, com medo”, lembra. “Também já dancei em uma festa com Luiz Gonzaga”, garante.
Joana gosta de dormir, acorda normalmente perto do meio-dia. Explica que os remédios que toma a deixam com sono. Católica, ela diz que tem como um dos principais passatempo cantar, além de rezar rosários.
Ela afirma que não tem receita para explicar a longevidade. “Só Deus sabe dizer”, cita igualmente ao responder duas perguntas: o que a fez viver tanto e quanto tempo acha que ainda pode viver.
Casa onde mora Joana do Espírito Santo, em Rio largo (AL). Imagem: Carlos Madeiro/UOL
Ela recebeu a reportagem do UOL após ser “ajeitada” pela filha Maria de Lourdes, 60, que mora com ela. “Ela gosta de dormir tarde, fica cantando na madrugada”, diz.
Lourdes cita que Joana tem cerca de 50 netos e incontáveis bisnetos. Ela conta ainda que foi uma surpresa recente saber que a mãe pode ser a pessoa mais velha do mundo e espera comemorar em 2026 com uma festa. “Vamos fazer uma grande festa de 117 anos no ano que vem, e vamos convidar todo mundo. Você vem, né?”, diz, convidando esse repórter.
Saúde em dia
Joana é acompanhada em visitas semanais todas às terças pela equipe do programa municipal Melhor em Casa. Ela recebe também remédios e fraldas.
Segundo a enfermeira Marta Luna, que acompanha a idosa, Joana é uma paciente lúcida e muito saudável para a idade que tem. “Ela conversa normalmente, apresenta saúde estável”, diz, citando que a maior preocupação é que ela é hipertensa — toma remédios por isso.
“Ela ama as visitas da nossa equipe e costuma interagir e manter o bom humor. Sua filha Maria cuida dela com zelo e amor e mantém os profissionais da saúde informados sobre as eventualidades”, relata.
Na visita da terça-feira (9), o médico Bruno Eduardo encaminhou ela para uma consulta com o dermatologista. “Mas ela tem sinais vitais e exames laboratoriais bons. Ela também está tendo atendimento com a fisioterapia no domicílio”, ressalta.
Quarto de Joana, no Espírito Santo. Imagem: Carlos Madeiro.
A França está numa encruzilhada. Nas eleições de abril de 2022, Emmanuel Macron foi reeleito com 58,6% dos votos contra 41,46% de Marine Le Pen. Ele não venceu a eleição; foi Le Pen quem perdeu. Ela assustou no 1º turno, mas chegou ao 2º com uma baita rejeição do eleitor médio, especialmente nas grandes cidades, perdendo votos do centro e vendo a esquerda ter como única opção votar em Macron.
Em junho, nas eleições parlamentares, nenhum partido conseguiu maioria absoluta. O resultado foi uma crise permanente. Macron está no 5º primeiro-ministro e sua popularidade caiu para meros 24%, de acordo com pesquisa Ipsos divulgada em 9 de setembro.
Aquele Macron ousado e charmoso empossado em 2017, encolheu, perdeu o encanto, virou “Micron”. É seguramente o presidente mais impopular da 5ª República. Esta semana a França foi tomada por protestos. Na quinta-feira, o povo pediu a renúncia do presidente, numa onda de protestos parecida com a dos jalecos amarelos em 2018. O governo gasta muito e gasta mal, mostram as contas. A dívida pública já está em 114% do PIB e o deficit público em 5,8%, quase o dobro do limite de 3% recomendado pela União Europeia.
Antes de cair em 8 de setembro, deposto por uma moção de desconfiança votada no Parlamento, o ex-primeiro-ministro François Bayrou disse claramente que os jovens franceses corriam sério risco de enfrentar dificuldades na hora da aposentadoria, porque a França estava trilhando o mesmo caminho da Grécia de anos atrás, quando o governo suspendeu o pagamento de pensões por falta de dinheiro.
Os franceses têm um enorme apego aos seus direitos e benefícios. Depois da 2ª Guerra, a elite teve de negociar com as classes populares. Foram elas que defenderam o país dos nazistas, engrossaram as fileiras da Resistência de Jean Moulin, deram seu sangue pela pátria, enquanto os ricos fugiam para os Estados Unidos ou colaboravam com os alemães na chamada República de Vichy, comandada pelo entreguista marechal Philippe Pétain.
Nos anos 1950 em diante, os trabalhadores e a classe média conquistaram mais direitos e houve uma maior distribuição de renda. Essa situação durou até o início dos anos 1990, quando o mundo começou a sofrer novas transformações provocadas pela queda da União Soviética e iniciando uma era de concentração de renda cada vez maior, como explicou o filósofo Stéphane Hessel (1917-2013) no seu livro “Indignai-vos”. François Mitterrand deixou o poder em 1995, encerrando o primeiro governo socialista da França.
Em seguida vieram dois governos de direita: Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, este último um desastrado que acabou processado por corrupção. Veio François Hollande, socialista, inábil, comandou um governo ruim e acabou perdendo as condições de disputar a reeleição. Foi substituído por Macron, um jovem banqueiro sócio do Rothschild & Cie Banque na França.
Fez um 1º mandato razoável, enfrentou questões delicadas como o Brexit, e tinha maioria no Parlamento. Mas bastou ganhar a eleição de 2022 para empurrar a França para uma das suas maiores crises políticas e sociais desde a criação da 5ª República. O governo atravessa um turbilhão de instabilidade parlamentar, pressão dos mercados financeiros e revolta popular, que culminou nesta semana em uma greve geral paralisando transportes, escolas e hospitais em todo o país. Os manifestantes pediam aumento de impostos para os ricos e menos cortes de gastos.
Um mau começo de 2º mandato sem maioria legislativa. Sua coalizão, a Ensemble, conquistou só 245 cadeiras na Assembleia Nacional (577 deputados), longe da maioria absoluta de 289. O Parlamento fragmentado deu força inédita à esquerda reunida na Nupes e ao Rassemblement National, de extrema-direita, liderado por Marine Le Pen, agora com uma bancada recorde de 89 deputados.
Num sistema parlamentarista como o da França, um governo sem maioria é um governo fraco. Para aprovar leis e orçamentos, Macron recorreu repetidamente ao artigo 49.3 da Constituição, que permite adotar medidas sem votação plena, o que rendeu críticas de excesso de autoritarismo e alimentou protestos.
A reforma da Previdência elevou a idade mínima da aposentadoria de 62 para 64 anos, simbolizou o desgaste. Imposta em 2023, desencadeou uma onda de greves e manifestações nacionais. A partir de então, sucessivos primeiros-ministros enfrentaram dificuldades para governar.
Élisabeth Borne deixou o cargo depois de perder apoio parlamentar; François Bayrou caiu em setembro de 2025, derrotado por uma moção de censura depois de apresentar um plano de austeridade.
A nomeação de Sébastien Lecornu, 39 anos, como novo premiê não apaziguou os ânimos. Pelo contrário: a agenda de cortes orçamentários proposta pelo governo provocou uma resposta imediata dos sindicatos. A palavra de ordem é: “Os políticos vivem muito melhor que o povo”.
Enquanto a crise política se aprofundava, a situação econômica também se deteriorava. Os déficits persistentes levaram a agência Fitch a rebaixar a nota de crédito do país de AAA para A+.
Na última semana, a tensão explodiu em uma greve geral convocada pelas principais centrais sindicais. Os protestos reuniram milhares de pessoas em Paris, Marselha, Lyon e outras cidades. Cerca de 900 mil pessoas foram para as ruas. Trens cancelados, escolas suspenderam aulas e hospitais operaram com equipes reduzidas. “Vamos bloquear tudo”, gritavam os manifestantes.
Os sindicatos acusam o governo de tentar fazer os trabalhadores pagarem a conta da crise fiscal. “Não aceitaremos cortes que destruam serviços públicos e prejudiquem aposentados e jovens”, afirmou Laurent Berger, um dos líderes sindicais no comando das manifestações. A polícia usou e abusou da violência, colocou 80.000 homens nas ruas e centenas foram presos, com muitos feridos nos confrontos.
🚨FRENCH REVOLUTION?🚨 France erupts in massive strikes! Up to 800,000 protest Macron’s €44B austerity cuts & pension reform, demanding fair taxes & better wages. Schools, trains, hospitals hit. Heavy police presence as tensions rise. Is this the start of a new Yellow Vest… pic.twitter.com/YsAm0YSnNW
O presidente está numa encruzilhada: ou cede às ruas e adia medidas de austeridade, arriscando maior deterioração das contas públicas, ou mantém os cortes e amplia a revolta social. Sem maioria parlamentar e com a confiança popular em queda, Macron está no pior dos mundos.
Numa tática de avestruz, ele tem buscado o palco internacional para tentar compensar a impopularidade. Quer reconhecer o Estado Palestino na Assembleia Geral da ONU e posar de amigo da natureza na COP30. Nada disso resolve a situação da França e dos franceses. Sem garantir estabilidade, ele terá de decidir se convoca novas eleições ou renuncia.
A crise tem tudo para incendiar ainda mais o país. E um dos motivos é a falta de maturidade política do presidente. Ele jamais terá o sangue frio de François Mitterrand, que viu a oposição vencer a eleição, nomeou Jacques Chirac primeiro-ministro e completou o governo reconhecido como um dos maiores estadistas da França. Macron, tudo indica, deixará a política pela porta dos fundos.