A governadora Raquel Lyra (PSD) perdeu, na noite de hoje, a oportunidade de colocar em prática o próprio discurso sobre empoderamento feminino. Com a caneta na mão e os nomes de duas mulheres e um homem sobre a mesa, poderia ter escolhido uma desembargadora a partir da lista tríplice indicada à tarde pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Apesar da chance histórica, acabou optando pelo advogado Carlos Gil.
Também estavam no páreo as advogadas Diana Câmara e Adriana Caribé. Diana, aliás, estava empatada no topo da lista com Gil, com 44 votos. Ou seja, embora os chefes do Poder Executivo tenham o hábito de escolher o nome mais votado de uma lista tríplice – uma tradição, mas não uma obrigatoriedade –, nem mesmo esse argumento pode ser usado neste caso, já que uma mulher também aparecia em primeiro lugar na preferência dos desembargadores.
Leia maisGil, Câmara e Caribé foram selecionados de uma lista sêxtupla eleita em novembro de 2024 pela Seccional Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O desfecho do pleito levou um ano para ocorrer devido a uma sequência de judicializações, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF). Após decisão recente do ministro Alexandre de Moraes, o TJPE teve segurança jurídica para avaliar os seis nomes iniciais, escolher três entre eles e encaminhá-los à governadora na tarde de hoje.
Raquel já havia sofrido críticas em outra seleção semelhante por preterir mulheres que poderiam alcançar posições de destaque. Também em novembro do ano passado, optou por nomear como desembargador o procurador-geral de Justiça, Marcos Carvalho, mesmo com duas promotoras de Justiça na lista tríplice do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Carvalho, porém, estava na liderança isolada após o escrutínio do TJPE, o que pode ter deixado a governadora mais à vontade para endossar seu nome, caso diferente do de hoje.
Com um empate entre Diana Câmara e Carlos Gil no topo da lista, a governadora só não nomeou uma mulher porque não quis. Com isso, mostrou que só recorre ao discurso de empoderamento feminino e de combate ao cerceamento da participação de mulheres em espaços de poder quando quer encantar desavisados em suas redes sociais. Dentro do Palácio, entre quatro paredes, é onde está a verdadeira Raquel, reincidente em rifar mulheres em posição de destaque para dar vez a homens.
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