“É preciso ampla maioria no Congresso para defesa de interesses nacionais”, defende Rodrigo Rollemberg
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
A conjuntura política atual do Brasil e do mundo exige do Congresso Nacional equilíbrio, ponderação, experiência e compromisso com o país. A opinião é do deputado federal e ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB), entrevistado de ontem (2) do podcast Direto de Brasília, comandado pelo titular deste blog.
As ações do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), no sentido de estimular o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, a retaliar o Brasil como punição pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe foram apontadas por Rollemberg como falta de comprometimento com a pátria.
Leia mais“Nunca imaginei que poderia ver isso na minha vida: um deputado no exterior conspirando contra o seu próprio país, com o apoio de um conjunto de outros parlamentares, o que é absolutamente estranho”, afirmou Rollemberg, acrescentando: “É uma conjuntura geopolítica também muito desafiadora em função da guerra na Ucrânia, da guerra na Faixa de Gaza e das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.”
Para Rollemberg, é necessário construir ampla maioria no Congresso em defesa dos interesses nacionais. O deputado destacou o papel do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB) na crise entre Brasil e EUA. “Felizmente, a missão de negociar com os Estados Unidos está nas mãos de Alckmin, uma pessoa de muita firmeza, capacidade de diálogo, equilíbrio e compromisso com o Brasil”, frisou.
Sobre o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), que teve início ontem e está atraindo a atenção de outros países, o parlamentar reforçou a robustez de provas que demonstram claramente a tentativa de golpe. Para ele, Donald Trump erra em seu envolvimento em uma questão interna do Brasil.
“Imagine a seriedade, o plano para matar um presidente da República, um vice-presidente e um ministro, e o presidente americano se meter numa questão dessa, tratada pelo Judiciário brasileiro com toda a sua independência. O que eu acho mais grave é que isso vai ter consequências nefastas para os próprios Estados Unidos. Do ponto de vista de aumentar a inflação interna, isso já está acontecendo”, avaliou.
A atitude de Trump, segundo Rollemberg, gera insegurança para investidores interessados em aplicar no Brasil e negociar com os Estados Unidos. O parlamentar apontou que a crise fará com que o Brasil amplie as relações comerciais com outros parceiros, como China, Rússia, Índia e União Europeia, em detrimento dos Estados Unidos.
Renovação da política – O deputado Rodrigo Rollemberg considerou que o PSB tem se consolidado como terceira via brasileira para as futuras eleições. Na disputa de 2026, a polarização entre lulismo (PT) e bolsonarismo (PL) ainda deve influenciar o pleito, mas, nos próximos anos, segundo ele, a tendência é de que novas lideranças possam surgir. Entre elas, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Nome nacional – “O João Campos, que é uma revelação, hoje é um nome nacional, vem fazendo uma administração brilhante no Recife, uma administração que tem sido referência para várias outras cidades do país. E a deputada Tabata Amaral, embora não tenha ganhado a eleição em São Paulo, tem um desempenho brilhante, é uma parlamentar brilhante e tem um conjunto, um leque de projetos importantes aprovados no Congresso Nacional”, destacou Rollemberg.
Bêbado e doido, o conselho de Arraes – O deputado aproveitou o podcast para contar uma passagem de quando decidiu ser candidato a deputado distrital e foi a Pernambuco pedir um conselho ao então governador Miguel Arraes, na época presidente nacional do PSB. “Fui a Pernambuco realizar algumas agendas e passei pela frente do Palácio. Entrei e pedi para falar com doutor Arraes, fui recebido e pedi a ele um conselho sobre disputar um mandato. Ele estava com o cachimbo, tirou da boca e me disse: ‘Olhe, campanha para ser vitoriosa tem que ter bêbado e doido, senão não dá certo’”, narrou Rollemberg, aos risos.
Golpe em execução 1 – Em manifestação no julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, ontem, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou que a reunião entre o ex-presidente e comandantes das Forças Armadas é prova de que “o golpe estava em execução”. Para ele, os ataques de 8 de janeiro de 2023 representaram “uma etapa necessária para a execução do golpe”.

Golpe em execução 2 – Gonet defendeu que não se tratava de “meras conversas entre pessoas sem condições de agir”, mas de um processo criminoso em andamento, planejado de forma “persistente e sistemática” pelo grupo liderado por Bolsonaro e composto por figuras-chave do governo. As informações são do portal Poder360. Segundo o procurador, a tentativa de golpe começou nos discursos que buscavam deslegitimar as urnas eletrônicas, avançou com um plano para obter o apoio das Forças Armadas e culminou na ação política que resultou nos atos de 8 de janeiro. Para ele, o golpe só não se concretizou por causa da recusa dos comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderir à trama.
CURTAS
Bolsonaro não vai – Os advogados Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno, que representam Bolsonaro, afirmaram ontem que o ex-presidente não vai à segunda sessão do julgamento do núcleo central da trama golpista no STF, hoje (3), por questões de saúde. Os dois farão a sustentação oral, momento em que apresentam argumentos da defesa, durante uma hora, diante dos ministros da Primeira Turma.
Assembleia da Amupe – Prefeitos e prefeitas de todas as regiões do Estado participaram ontem da assembleia extraordinária da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). No encontro, foram discutidos temas como segurança alimentar, parcerias institucionais, serviços da Receita Federal e fortalecimento do empreendedorismo.
Desembarque – O União Brasil e o PP, unidos na federação União Progressista, anunciaram ontem o desembarque oficial do governo Lula (PT). A saída, segundo líderes, deverá ser feita imediatamente e, “em caso de descumprimento, serão adotadas as punições disciplinares previstas no Estatuto”.
Perguntar não ofende: Quais ministros irão peitar a União Progressista para permanecerem com Lula?
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