“Como eu já disse muitas vezes, quem faz carga tributária não é imposto, é a despesa. Se a despesa for alta, você só tem duas formas de financiá-la: uma é com impostos e a outra é com dívida pública, ou seja, transferindo o encargo de hoje para os nossos netos”, destacou o ex-secretário da Receita.
Everardo, que é natural da cidade de Pesqueira, no Agreste pernambucano, já foi também secretário da Fazenda do Estado. Ele explicou que, diferentemente do tributo, no qual é possível estabelecer uma alíquota, uma base de cálculo, com as despesas é diferente, porque “não existe despesa órfã”.
“Toda despesa tem pai e tem mãe. Se você vai tocar naquela despesa, remexe na outra. Então, ela envolve conflitos de interesse monumentais. É difícil fazer uma reforma que alcance o gasto público. Mas é indispensável”, observou.
Everardo Maciel também falou sobre a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, um dos projetos mais propagandeados da gestão Lula 3. Para ele, a medida não passa de demagogia.
“Já expliquei a impropriedade desse limite de isenção, o mais alto do mundo, maior proporcionalmente do que os Estados Unidos, o Canadá ou a União Europeia. Não vai conseguir fazer a dita compensação. E, para não fazer isso, aumenta-se o déficit público e vai ter que ter taxa de juros elevada, o que significa preços elevados ou inflação elevada. Isso só trará malefícios”, considerou.
O ex-secretário ainda disse reconhecer o pragmatismo da ideia. “Não há quem consiga evitar que aconteça (a aprovação da isenção), porque isso está no velho, conhecido e próspero território das grandes demagogias brasileiras”, declarou.
Soluções velhas para os mesmos problemas – O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel comentou, ainda, a mudança no comando do Banco Central brasileiro. Maciel acredita que não produziu efeito porque as soluções apresentadas pelo atual presidente, Gabriel Galípolo, são semelhantes às de Roberto Campos Neto, seu antecessor. “São as mesmas, porque o problema é o mesmo. A origem está no enorme desequilíbrio fiscal do Brasil. Temos hoje uma curva na relação dívida pública/PIB crescente que já ultrapassou os 80% e caminha para 100%. Cada vez mais, vai se tornar mais difícil e mais caro o financiamento do país”, alertou.
União Progressista oficializada 1 – A federação partidária entre União Brasil e Progressistas (PP) foi finalmente oficializada, ontem. As legendas também aprovaram, em reuniões separadas, o estatuto da aliança, documento que vai guiar o funcionamento da federação. A validação do texto era uma das etapas necessárias para formalizar a aliança, anunciada há quase quatro meses, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com o documento, a federação deve dar entrada no registro na Corte Eleitoral, o que deve ocorrer nos próximos dias.
União Progressista oficializada 2 – A União Progressista será a maior força partidária do Brasil. Terá a maior bancada de deputados na Câmara, o maior número de prefeitos e as maiores fatias de recursos públicos para campanhas e despesas partidárias. Dirigentes da aliança se posicionam de forma crítica ao governo do presidente Lula (PT). Os presidentes do PP (Ciro Nogueira) e do União Brasil (Antônio de Rueda) têm defendido o lançamento de uma candidatura de centro-direita em 2026. Mas o União tem como pré-candidato o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Já o Ciro Nogueira é um dos defensores de uma costura em torno do nome de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e filiado ao Republicanos.
Por falar no PP – O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, se filiou ao PP ontem. A mudança foi anunciada durante a Convenção Nacional Ordinária do partido, realizada em Brasília. Com a saída de Riedel, o PSDB perdeu seu último governador. A primeira a deixar o partido foi a governadora Raquel Lyra (PSD), em março deste ano. Em seguida, em maio, foi a vez de Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, depois de 24 anos no partido. Ambos se filiaram ao PSD, de Gilberto Kassab.
Secretário da Fazenda na Alepe – A Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação da Assembleia Legislativa de Pernambuco recebe, hoje, às 10h, no Plenarinho II, o secretário da Fazenda do Estado, Wilson José de Paula. O gestor participará de uma audiência pública para apresentar o balanço fiscal do último quadrimestre. O relatório é um dos principais instrumentos de acompanhamento da gestão financeira do governo. O presidente do colegiado é o deputado Antônio Coelho (UB). “O papel da Comissão é garantir que a população tenha clareza sobre como o dinheiro público está sendo administrado. Logo, a audiência pública é uma ferramenta essencial de fiscalização, bem como de diálogo entre os poderes”, ressaltou o parlamentar.
CURTAS
Pão e Letra no Recife – A Prefeitura do Recife lançou, ontem, no Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua, o programa Pão e Letra, iniciativa que une educação, letramento e qualificação profissional. A prefeitura vai ofertar bolsas de estudo mensais, garantindo suporte financeiro para que os participantes permaneçam no processo de escolarização e formação profissional. A ação é promovida pela Secretaria de Assistência Social em parceria com a UFRPE.
Olinda se preparando – As prévias de Carnaval começam em setembro, em Olinda, e a prefeitura discute desde já o planejamento para a segurança durante as festas. Alguns pontos foram alinhados, ontem, em reunião na Sala de Gerenciamento de Crises do Centro Integrado de Defesa Social (CIODS), no Recife. A prefeita, Mirella Almeida (PSD), e o secretário de Segurança Cidadã, Coronel Pereira Neto, apresentaram os planos a todas as secretarias presentes. Também participaram as Polícias Militar e Civil, Corregedoria e Ouvidoria.
Novo espaço para Guarda de Jaboatão – O prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), e Andrea Medeiros, primeira-dama do município, inauguraram, ontem, o Centro Municipal de Formação e a Academia da Guarda Civil Municipal, que vão funcionar no prédio do antigo SENAI, no Jaboatão Centro. O espaço voltado para a capacitação dos agentes é mais um passo para a prefeitura conseguir as autorizações necessárias para o armamento da guarda municipal.
Perguntar não ofende: Qual vai ser a decisão da União Progressista em Pernambuco? João ou Raquel?
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