O que resta para Bolsonaro é tumultuar
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
A política brasileira vive tempos de muitas distorções da realidade, negação de fatos e narrativas criadas com a intenção de manipular a população. Para que um grupo de pessoas acredite apenas no que diz um indivíduo e seu entorno, a estratégia usada é descredibilizar todo o resto. É tão somente uma forma de controlar os apoiadores, deixando-os limitados a acreditarem apenas nas informações passadas por aquele grupo.
A imprensa inteira mente e é vendida, afirmam os usuários desse método. O Poder Judiciário não é honesto e persegue, defendem. Se perdem a eleição, culpam as urnas e tentam fazer crer que elas não são confiáveis. É tudo tática.
Leia maisNesses tempos, o trabalho do jornalismo profissional é ainda mais fundamental para combater a realidade paralela instalada em bolhas absolutamente dominadas pelas falsas narrativas, impulsionadas, em sua maioria, pelas redes sociais e grupos de WhatsApp. É preciso reafirmar os fatos exatamente como eles aconteceram, para tentar abrir os olhos da população, expondo o perigo de se deixar ludibriar.
Dito isso, vamos aos fatos como eles são: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responde, desde março, a um processo criminal no Supremo Tribunal Federal (STF), junto com outros sete réus, por tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e aponta cinco crimes.
São eles: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; tentativa de golpe de Estado; participação em organização criminosa armada; dano qualificado; deterioração de patrimônio tombado. O processo está na fase de alegações finais, que é a última etapa antes do julgamento, no qual será decidido se o grupo será condenado ou absolvido. O julgamento deve começar em setembro.
Por conta da proximidade do julgamento e com toda a robustez dos processos e da investigação, Bolsonaro, seus filhos e os políticos que dependem da imagem deles estão agitados. Jair Bolsonaro sabe que o resultado para ele nesse julgamento não vai ser bom. Ele sabe o que fez e tem consciência do quão grande é a chance de ser condenado e preso, perdendo os privilégios da vida boa que sempre teve sendo político há quase quatro décadas.
Bolsonaro também sabe que todas as garantias fundamentais e direitos dele estão sendo preservados. Ele tem direito ao contraditório e à ampla defesa, e os julgamentos são públicos. O depoimento do capitão junto ao ministro Alexandre de Moraes (STF) foi transmitido em todo o Brasil e ele ainda convidou o ministro para ser seu vice-presidente.
O que resta é tumultuar – Se Jair Bolsonaro sabe tudo que fez e que as consequências agora batem na porta, por qual motivo tenta instalar uma atmosfera de perseguição, inclusive se fazendo de vítima para outros países? A resposta é simples: a casa caiu e o que resta para ele é tumultuar o Brasil e eleger gente com esse mesmo discurso de vítima. O ex-presidente e seu grupo não são vítimas de nada, tampouco perseguidos. Apenas não contavam com a reação das instituições à tentativa de golpe.

Não há dúvidas – É preciso reafirmar o óbvio: o 8 de janeiro não foi uma manifestação de velhinhas. Foi uma tentativa de golpe de Estado. Planejaram a morte do presidente da República eleito legitimamente em 2022, tentaram botar uma bomba no aeroporto de Brasília, tudo com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula (PT). Os atos culminaram na invasão da sede dos Três Poderes e as investigações confirmaram o envolvimento de Bolsonaro.
Mas é preciso manter o discurso – Bolsonaro e seu grupo político criam factoides todos os dias, visando manter a militância aquecida e não perderem o discurso para as próximas eleições. Por isso assistimos aos tumultos no Congresso Nacional nos últimos dias, às manifestações nas ruas e tudo mais que essa família vem fazendo (e ainda fará) para se manter na mídia. Em nada contribuem para a melhoria de vida do povo brasileiro, o que realmente importa. Pelo contrário, atrapalham, visto que milhares de pessoas podem perder seus empregos com a bagunça criada pela família Bolsonaro na economia do Brasil, estimulando os Estados Unidos à taxação.
É só não fazer besteira – Quem tem medo de ir para a prisão e perder privilégios e poder, influência política e votos, não deveria tramar golpe de Estado, quebra-quebra em Brasília, bomba em aeroporto e assassinato de opositor. Se fez, é porque não tinha medo. Agora é hora de enfrentar as consequências, se defender dentro do processo legal, em vez de tentar desestabilizar o País e vender uma falsa imagem para fora de que no Brasil há censura. Se estivéssemos em uma ditadura, o pessoal do capitão não teria feito metade do que vem fazendo.

Única mulher na lista tríplice – O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) definiu, na última segunda-feira (4), a lista tríplice para vaga de Desembargador Eleitoral Substituto – Classe Jurista. Entre os nomes está o de Fabiana Leite Domingues da Silva, única mulher na lista. A última mulher empossada foi em 2015, a advogada Erika Ferraz. A vaga decorre do término do segundo biênio do jurista André Luiz Caúla Reis. A lista será encaminhada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que analisará os nomes e submeterá à Presidência da República para a nomeação do novo membro da Corte Eleitoral pernambucana.
CURTAS
Recife em alta 1 – Pode sair do Recife um projeto que vai turbinar o volume de investimentos em cidades pequenas de todo o Brasil, sobretudo em setores como saúde, educação e desenvolvimento urbano. O projeto, capitaneado pela secretária de Administração da capital, Maíra Fischer, pretende elevar a qualidade dos indicadores fiscais e econômicos dos municípios, permitindo a contratação de dívidas em condições favoráveis e com o aval da União. Atualmente, apenas 33,8% dos municípios brasileiros possuem selo CAPAG A ou B, podendo assim pleitear aval da União. Enquanto isso, 66,2% não atendem aos critérios.
Recife em alta 2 – A ideia então inclui capacitação, suporte técnico e alinhamento permanente com o Tesouro Nacional para que as novas operações de crédito com taxas mais favoráveis cheguem para movimentar as cidades. O plano, inclusive, foi apresentado durante o curso de Lideranças Femininas em Finanças Públicas, idealizado pela Caixa e pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), e garantiu a Maíra o carimbo no passaporte para uma semana de imersão em Harvard, nos Estados Unidos.
Teresa homenageada – A senadora Teresa Leitão (PT) foi homenageada, na última quarta-feira (6), em Brasília, com o Mérito da Educação Comunitária. A comenda é oferecida pela Associação Brasileira das Instituições Comunitárias de Educação Superior (ABRUC), para personalidades que contribuem significativamente para o fortalecimento da educação superior comunitária no Brasil. Teresa Leitão recebeu a homenagem em reconhecimento à sua trajetória em defesa da educação.
Perguntar não ofende: Até quando Bolsonaro e família vão espernear contra as consequências de seus próprios atos?
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