Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), se irritaram com os senadores e deputados bolsonaristas que ocuparam as mesas das duas Casas e dizem que só vão deixar o local se o projeto da anistia for colocado em votação.
A irritação dos dois, segundo interlocutores, só aumentou depois de o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reforçar os desafios aos presidentes das duas Casas. As informações são do blog do Valdo Cruz.
O filho do ex-presidente Bolsonaro voltou a dizer, em entrevista ao jornal “O Globo” que, se eles não pautarem o impeachment de Alexandre de Moraes e a anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023, correm risco de sofrerem sanções.
Alcolumbre e Hugo Motta estão particularmente irritados com o tom da oposição, de tentar impor na base da ameaça, a pauta do Senado e da Câmara. Eles lembram que a oposição bolsonarista não tem voto para impor essas pautas, a não ser que convençam outros aliados dentro do Congresso Nacional.
Segundo interlocutores, os presidentes das Casas classificaram o ato de ocupação das mesas do Senado e da Câmara como uma atitude arbitrária e um desafio às autoridades deles. Alcolumbre soltou nota pedindo serenidade e bom senso, convocando reunião de líderes. Motta também convocou sessão de líderes para amanhã.
Os dois encerraram as sessões desta terça-feira (5). Segundo interlocutores, eles esperam que os bolsonaristas entendam o ato arbitrário que estão cometendo e voltem atrás.
“Não será pela base da força que eles vão fazer o Congresso funcionar a favor deles. É com negociação e com votos”, disse um interlocutor dos dois presidentes. A situação foi classificada de muito delicada e uma demonstração de um lado autoritário dos aliados de Bolsonaro.
Motta deu declarações na Paraíba convocando todos a respeitar a decisão da Justiça e recorrer dela. Para evitar que outras pessoas invadam os plenários das duas casas, seguranças foram colocados nas entradas para permitir apenas que os parlamentares tenham acesso aos locais.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), disse que “não interessa” se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “cavou ou não cavou” a sua prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Para Leite, a própria decisão de Moraes já é equivocada. A declaração foi feita ao jornal O Estado de S. Paulo, em entrevista publicada hoje.
“Essa decisão específica do ministro Alexandre de Moraes, de restringir manifestações do ex-presidente, eu considero criticável. Dentro de um ambiente democrático, de livre manifestação, até que Bolsonaro seja julgado e eventualmente condenado pelo colegiado, entendo que ele tem direito de se expressar usando os canais legítimos”, afirmou o governador.
“Criticar a prisão nessas condições não me faz bolsonarista. Não sou apoiador do ex-presidente, pelo contrário, sempre fui crítico, e seus apoiadores também me criticam, me atacam”, afirmou Leite.
Moraes determinou a prisão domiciliar depois de o ex-chefe do Executivo descumprir as medidas cautelares impostas pela Corte. Segundo o ministro, o ex-presidente estaria utilizando as redes sociais de forma coordenada com apoiadores e em alinhamento com seus filhos para divulgar “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) antecipou seu retorno à Brasília e cancelou uma agenda que teria em Fortaleza (CE), hoje, depois de protestos e obstrução de deputados da oposição.
Além da ocupação do plenário da Câmara, presidentes de partidos de centro-direita se articulam para reagir à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL).
Motta participaria de um seminário sobre alfabetização na capital do Ceará. Mas, já na manhã da terça-feira (5), decidiu antecipar o retorno depois de participar das inaugurações de hospital em Patos (PB) e em João Pessoa, capital paraibana.
“Brasil é uma democracia e candidato que perde não pode querer dar golpe”, diz Ricardo Cappelli
Por Larissa Rodrigues – Repórter do blog
No dia 8 de janeiro de 2023, durante os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília, 44 policiais militares ficaram feridos após as agressões dos vândalos que não aceitaram o resultado das eleições de 2022. O relato é pouco comentado porque a ênfase, quando se fala daquele dia fatídico, é no ataque às instituições e à democracia. Mas pessoas poderiam ter perdido suas vidas, a exemplo dos policiais em serviço.
Os bastidores dos atentados golpistas estão registrados no livro O 8 de janeiro que o Brasil não viu, de Ricardo Cappelli (PSB), atual presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Cappelli foi o entrevistado de ontem (5) do podcast Direto de Brasília, comandado pelo titular deste blog.
Durante 23 dias daquele janeiro, Ricardo Cappelli foi o interventor da Segurança Pública do Distrito Federal e descreve, na obra, diversos fatos ocorridos no período com o objetivo de deixar o registro histórico “para que jamais se repita”.
“Tem diálogos importantes ainda não revelados. Tem o contexto em que se deram várias decisões que nós tomamos. É um livro de história, mas também de gestão de crise. Naquele momento, era preciso administrar uma crise inédita na história do Brasil, um ataque às sedes dos Três Poderes por vândalos que destruíram tudo”, destacou o autor.
Cappelli tocou em uma questão central absolutamente ignorada pelos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): o Brasil é uma democracia. Ponto. Não há o que espernear quanto a isso. “Todo mundo pode votar em quem quiser. Pode votar na direita, na esquerda, no centro. Agora, você não pode, porque o seu candidato perdeu, querer dar um golpe de Estado. Não pode, porque o seu candidato perdeu, querer quebrar tudo, agredir as pessoas”, enfatizou.
Na opinião do ex-interventor, há indícios suficientes para que o ex-presidente Bolsonaro seja condenado. Ele reforçou a necessidade de aguardar a decisão da Justiça e o devido processo legal, para que Bolsonaro tenha direito a apresentar sua defesa e o contraditório. Mas frisou: “Pelo conhecimento que tenho, há elementos de sobra para a sua condenação.”
Tarifaço e “postura de bandido” – Ricardo Cappelli condenou a postura dos filhos de Bolsonaro, sobretudo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), no episódio do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Quando vi aquele vídeo do Eduardo Bolsonaro, a impressão que tive foi a de estar diante de um bandido, de um sequestrador, porque ele falava ‘ou vocês fazem isso, ou vai piorar; ou me dão isso, ou vai piorar’. Isso é papo de bandido, de sequestrador. Uma situação lamentável, que demonstra que eles não têm compromisso com o Brasil”, avaliou.
Condução equilibrada – Para Cappelli, a condução brasileira nas negociações com os Estados Unidos tem sido equilibrada e tem mantido a firmeza para garantir a soberania nacional. “O Brasil tem conduzido bem, usando o binômio equilíbrio e firmeza. Equilíbrio para que esse atrito não escale e firmeza para defender a soberania nacional e o interesse das empresas e dos trabalhadores brasileiros. Acho que esse é o segredo. Porque nos interessa a paz, a harmonia com um parceiro comercial tão importante quanto os Estados Unidos, mas ao mesmo tempo mantendo equilíbrio e firmeza.”
Zero mágoa com Lula – O agora ex-gestor da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Danilo Cabral (PSB), afirmou, em conversa com este blog ontem, ter mágoa zero do presidente Lula (PT). Lula cedeu à pressão do Ceará e demitiu Danilo da função. Mas Danilo continua totalmente comprometido com o projeto político da reeleição de Lula em 2026, e também com a eleição do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao cargo de governador de Pernambuco. Danilo disse que saiu grato, mas espera que seja mantido o padrão de gestão que fortaleceu a Superintendência nos últimos dois anos.
Desunião do Nordeste é ruim – Danilo Cabral ainda comentou sobre o movimento cearense que culminou na sua demissão. Na opinião dele, é ruim para o Nordeste quando os Estados se dividem. “Acho que o Nordeste se fortalece quando constrói unidade”, frisou. Ainda falando em união, o socialista comentou sobre a omissão da governadora Raquel Lyra (PSD) diante da ofensiva cearense. “Raquel não tem obrigação de me defender. Mas tem a obrigação de defender os interesses de Pernambuco”.
Festão em São Bento do Una – A deputada Débora Almeida (PSDB) não faz questão de esconder que vai mudar de legenda assim que a janela partidária for aberta em 2026. Deixará o ninho tucano para integrar o PSD, sigla presidida pela governadora Raquel Lyra em Pernambuco. Promete fazer um festão na sua terra, São Bento do Una, no Agreste, para anunciar a mudança. “Quero estar junto do meu povo neste momento”, contou. Na Alepe, Débora é uma das mais aguerridas defensoras de Raquel e também falou sobre a CPI que a Casa vai instalar para investigar possíveis irregularidades na licitação da publicidade do Estado. “Pura narrativa”, considerou.
CURTAS
Renato Antunes também na defesa – O deputado Renato Antunes (PL), também defensor da gestão Raquel Lyra, apontou que vê na CPI da Alepe “uma tentativa de capitalização política às custas da institucionalidade do Estado”. Para ele, a oposição “tenta, de forma desesperada, construir uma narrativa e criar pirotecnia em cima de algo que sequer tem prova ou qualquer processo legal em curso”.
Já Gleide Ângelo subiu o tom – Oposicionista, a deputada Gleide Ângelo (PSB) fez um discurso duro ontem na Assembleia, cobrando orçamento para a segurança das mulheres em Pernambuco. Ela apontou que a gestão estadual não fez uso dos cerca de R$ 8,4 milhões para políticas de enfrentamento à violência de gênero. A verba é do Ministério da Justiça, que determina que 10% do orçamento total de segurança pública de cada Estado seja destinado especificamente a políticas voltadas à segurança das mulheres.
Sobre a CPI, Barroso deu prazo – O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu não conceder a liminar imediata requerida pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) para suspender a execução do contrato de publicidade da gestão Raquel Lyra (PSD). O STF vai ouvir a empresa interessada no mandado de segurança e a Procuradoria-Geral da República antes de decidir.
Perguntar não ofende – Danilo Cabral continua na gestão de Lula ou entra na gestão de João Campos?