Em Serrita, aliados de Raquel usaram até praguinhas
Apesar de ter declarado que a Missa do Vaqueiro não é espaço para palanque político, a recepção à governadora Raquel Lyra (PSD) no evento em Serrita, domingo passado, teve direito até a praguinhas similares às usadas em campanhas eleitorais. A distribuição e o uso dos adesivos foram expostos nas redes sociais por aliados da gestora.
Entre os que estampavam o material de campanha antecipada, burlando a lei eleitoral, o prefeito de Carnaubeira da Penha, Elizinho Soares (PSD), e o secretário estadual de Turismo e Lazer, Kaio Maniçoba (PP), vistos ao lado da gestora em todos os momentos da missa, numa demonstração clara de que o evento, ao contrário do que ela tentou “vender” pelas redes e à imprensa, em declarações aos jornalistas, teve forte conotação eleitoral.
Leia maisA peça promocional mostra fotos da governadora e do prefeito em um fundo branco e vermelho com o texto “Carnaubeira só dá Raquel e Elizinho”, confirmando o tom antecipado da campanha da governadora à reeleição. Um grupo, composto por cerca de 15 pessoas, que o prefeito trouxe do seu município, foi visto nas proximidades do palco.
Jornalistas que cobriam o evento perceberam claramente que a claque de Elizinho puxava os aplausos para a governadora, na medida em que fazia indiretas à presença do prefeito João Campos (PSB), também presente. O socialista é o virtual adversário da governadora nas eleições de 2026 e aparece na liderança isolada em diversas pesquisas. Pelo levantamento de junho do Opinião, que tem exclusividade com este blog, João aparece com 40 pontos na dianteira.
Mais do que isso, o prefeito bate Raquel em todas as regiões e municípios do Estado, com apenas uma exceção, Caruaru, onde a frente da governadora é tímida, quase um empate técnico diante de João. O fato de uma claque estar à disposição no evento anulou a tentativa da ala governista de fazer parecer que os aplausos a Raquel durante falas contra João Campos foram espontâneos.
Também contradisse a própria governadora, que condenou a tentativa de uso político da missa, mas estava rodeada de servidores comissionados com a missão de ovacioná-la. Em outra indireta a João, campeão de seguidores nas redes sociais, Raquel sentenciou que a celebração à cultura e à história “não se faz pelo Instagram”, mas postou exatamente esse trecho em sua página na rede social.
Com o gesto, a própria Raquel admite o que condenou perante seus apoiadores: o viés político de suas declarações durante o evento religioso. Isso mostra, mais uma vez, que entre o discurso e a prática na sua gestão, há uma distância quilométrica. Governantes que agem assim, frequentemente usam apelo emocional, simplificações excessivas e promessas irrealistas para manipular a opinião pública e desviar a atenção das questões importantes e fundamentais para o Estado.
DISCURSO E REALIDADE – Veja o que disse, literalmente, a governadora Raquel Lyra em sua fala durante a Missa do Vaqueiro, domingo passado, em Serrita, diante de João Campos, que estava praticamente ao seu lado, no mesmo local reservado às autoridades: “Aqui não é palanque político. É tempo de celebrar a nossa cultura e a nossa história. Isso não se faz pelo Instagram, isso se faz no chão, na terra em cima de um cavalo, e de mãos dadas para o nosso povo”. Pelo que relatei acima, na abertura da coluna, dá para perceber que a coerência não é o forte da governadora.

Marconi Santana sai a estadual – Após encerrar uma dupla gestão extremamente aprovada em Flores, e eleger o sucessor nas eleições passadas, o ex-prefeito Marconi Santana (PSD) tem ocupado os espaços da política sertaneja de olho numa vaga na Assembleia Legislativa. Seu projeto é suprir o vácuo no Pajeú deixado pela morte do ex-deputado estadual José Patriota. Para isso, já conta com o apoio da governadora Raquel Lyra e de lideranças políticas espalhadas entre os 17 municípios do Sertão do Pajeú e até em outras regiões, como o Agreste e São Francisco.
Sem relevância – A Polícia Federal realizou uma análise preliminar no pen drive encontrado no banheiro da residência do ex-presidente Jair Bolsonaro durante busca e apreensão na última sexta-feira e considerou seu conteúdo irrelevante para as investigações. Ainda não foi produzido um relatório apresentando os detalhes do conteúdo do aparelho, mas essa análise inicial feita pelos investigadores descartou a importância do item para a investigação. Bolsonaro havia dito, em entrevista após a ação da PF, desconhecer o pen drive e chegou a insinuar que o item poderia ter sido plantado pelos agentes da Polícia Federal. O cumprimento das buscas, entretanto, foi filmado por câmeras corporais dos agentes.
Susto em Cabrobó – Onze veículos que estavam em um caminhão cegonha foram destruídos, na manhã de ontem, no Km 71 da BR 116 em Cabrobó. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o caminhão que transportava os carros pegou fogo. Ninguém se feriu. A PRF informou que o motorista do caminhão cegonha seguia pela rodovia, quando percebeu fumaça saindo do veículo. O condutor parou no acostamento e saiu do veículo. Além do caminhão, o fogo consumiu 11 veículos. O Corpo de Bombeiros foi acionado e apagou o fogo.

Marília candidata de Raquel? – A ex-deputada Marília Arraes, presidente estadual do Solidariedade, espalhou pelas redes que esteve em campanha para o Senado no último fim de semana ao lado de João Campos (PSB). Só uma curiosidade: por qual chapa? Com alternativas já sobrando – Humberto, Silvio Costa Filho, Miguel Coelho e, possivelmente, Eduardo da Fonte – João iria sacrificar um potencial aliado em troca de uma prima? Mas é possível que Marília se componha com Raquel. Ai, sim, há lógica, porque na seara da governadora existe um verdadeiro deserto de nomes para as duas vagas ao Senado.
CURTAS
SENSATEZ 1 – Do jornalista Mário Sabino, do Metrópoles: “Se tivéssemos um presidente responsável, disposto a renunciar ao seu antiamericanismo, ele telefonaria a Donald Trump, com quem ainda não conversou desde que o inquilino da Casa Branca assumiu, para abrir negociações sobre o tarifaço e deixar o fardo dos processos contra Jair Bolsonaro inteiramente nas costas do STF. Não há nada de humilhante em ser realista”.
SENSATEZ 2 – “Ao cumprir o papel que se espera de um presidente da República, Lula talvez ganhasse mais pontos junto aos brasileiros do que ao vestir essa fantasia nacionalista-eleitoreira de defensor de uma soberania que, ao fim e ao cabo, não passa da soberba de um tribunal que virou instância política. Mas o petista não é apenas o homem que sempre foi. É também a circunstância que o levou de volta ao Palácio do Planalto como devedor”, acrescentou Sabino.
PODCAST – Líder do União Brasil no Senado e presidente da Comissão de Orçamento, o senador paraibano Efraim Filho é o entrevistado de hoje do meu podcast “Direto de Brasília”, em parceria com a Folha de Pernambuco. Em pauta, a crise nacional, o orçamento para 2026 e a provável candidatura dele ao Governo da Paraíba.
Perguntar não ofende: Na crise Brasil-EUA, falta diplomacia e sobra arrogância?
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