Na corrida para as eleições de 2026, o Senado é um dos alvos mais cobiçados. Com duas vagas na disputa do próximo ano, cerca de 10 nomes já se colocam como opções para os pernambucanos.
Na Frente Popular, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), é visto como o nome natural para liderar o processo e seus aliados aproveitam para circular ao lado do socialista, em busca de consolidar uma futura chapa majoritária.
Os líderes políticos marcaram presença nos compromissos administrativos do socialista e também aproveitaram o período de ciclo junino para reforçar a aproximação.
Foi o caso do último sábado, quando o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), participou da entrega de quatro vias requalificadas no bairro dos Torrões. O líder sertanejo discursou no evento e ainda circulou com o aliado, cumprimentando moradores.
“Que a gente possa ver Pernambuco voltar a ser forte, que Pernambuco possa voltar a crescer, muito em breve, com um grito que vai ecoar, que hoje a gente já sente no coração, mas que, a partir do próximo ano, a gente vai poder falar em alto e bom som”, afirmou Coelho.
No mesmo dia, mais tarde, João Campos circulou com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, na Feira de Artesanato do Recife, no 2º Jardim de Boa Viagem. Na ocasião, Filho não poupou elogios ao aliado. “João conta com o nosso apoio e o governo do presidente Lula em ações como essa para estimular a geração de emprego e renda”, ressaltou.
À noite, foi a vez da vice-presidente nacional do Solidariedade, Marília Arraes, circular pelos polos da festa junina da cidade ao lado do gestor recifense.
No campo da direita, já há uma convicção: o nome mais competitivo para enfrentar Lula é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que sofre resistências do ex-presidente Jair Bolsonaro. Inelegível, Bolsonaro torce o nariz quando observa qualquer movimentação em torno de Tarcísio, que foi um dos seus melhores ministros.
Ontem, O Globo, trouxe uma matéria informando que o Centrão iria mover Bolsonaro e fazer uma estratégia em torno da candidatura de Tarcísio. Mesmo sem um aceno favorável do ex-presidente Jair Bolsonaro, segundo o jornal, partidos do Centrão começam a se movimentar para construir uma candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e cobiçam indicar um nome para vice-presidente na chapa.
Siglas como o PP e o União Brasil, que anunciaram uma federação, já pressionam internamente para que o assunto saia do círculo de conversas reservadas e seja tratado publicamente. No caso do PP, entre os nomes apontados como opções estão o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), e a senadora Tereza Cristina (MS), que chegou a ser cotada para ser vice de Bolsonaro em 2022, mas foi preterida em favor do general Braga Netto.
Já no União não há favoritos, mas a legenda avalia que, pelo seu tamanho, não é possível que a sigla seja ignorada em uma chapa presidencial. Os acenos a Tarcísio também têm sido intensificados pelo Republicanos, MDB e PSD. Estes dois últimos principalmente pelo interesse em herdar o governo de São Paulo. Por outro lado, as movimentações dos partidos têm desagradado a aliados de Jair Bolsonaro. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, já criticou indiretamente Tarcísio e o classificou como “direita permitida”.
Um dos escalados para tentar construir uma unidade dos partidos para 2026 é o ex-presidente Michel Temer. O emedebista já procurou todos os que mostraram interesse em disputar o Palácio do Planalto, inclusive Tarcísio, e provocou insatisfação no bolsonarismo por falar que a candidatura presidencial poderia ser construída sem a participação de Bolsonaro.
TEMER EM AÇÃO – Apesar disso, o atrito não foi o suficiente para romper a relação entre Temer e Bolsonaro. Ambos chegaram a conversar recentemente, ocasião em que o emedebista influenciou o tom que Bolsonaro usou durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre a trama golpista. Bolsonaro tem insistido em dizer que é candidato mesmo inelegível e resiste a apoiar alguém. Desconfiado dos partidos e sem querer perder o controle sobre o futuro da direita e da oposição a Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente avalia insistir em se lançar candidato e, caso seja barrado, apresentar o nome de Eduardo, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Trava à família – Os partidos do Centrão buscam evitar esse cenário e dizem que Bolsonaro erra ao não apontar logo um sucessor. Para os dirigentes desses partidos, o ideal seria o ex-presidente definir quem vai apoiar até o final deste ano. Essa avaliação já foi externada pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e pelo vice-presidente do partido, ACM Neto. Ciro Nogueira e o líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ), foram outros que já mostraram discordar da estratégia de insistir na candidatura mesmo inelegível.
Testados em pesquisas – Um nome ligado à centro-direita para formar a chapa, na visão desses políticos, seria importante até mesmo para ajudar na articulação política em caso de vitória eleitoral de Tarcísio. Aliados de Bolsonaro estão incomodados com a pressão para que o governador de São Paulo seja apontado o quanto antes como alternativa presidencial. Como forma de conter esse movimento, nomes alinhados ao ex-presidente agora falam mais livremente sobre as opções, mas dando ênfase aos familiares de Bolsonaro. Neste cenário, os nomes de Eduardo, Flávio e Michelle já são testados em pesquisas. Os próprios filhos do ex-presidente mencionam a hipótese.
Governador sai pela tangente – Procurado pela reportagem de O Globo, Tarcísio disse via assessoria que seu candidato a presidente em 2026 é Bolsonaro. Ainda assim, o governador tem atraído a atenção dos partidos, que nos bastidores têm reclamado que Bolsonaro erra ao insistir na candidatura própria mesmo inelegível. Na visão deles, o governador é um nome considerado agregador na direita, no centro, bem como no mercado financeiro.
Um dos melhores – O prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto (MDB), promoveu um dos melhores ciclos juninos do Estado, mesmo sem apoio do Governo do Estado. Estive por lá, ontem, no encerramento da festa. A grande atração da noite foi o cantor brega Pablo, que arrastou uma multidão. Cálculos não oficiais chegaram a 90 mil pessoas. Por lá encontrei vários políticos, como os pré-candidatos ao Senado Silvio Costa Filho e Miguel Coelho, a ex-deputada Marília Arraes, o ex-senador Fernando Bezerra Coelho e a deputada federal Iza Arruda, filha de Paulo Roberto, que recepcionou os convidados ao lado do pai com muita simpatia.
CURTAS
CORRERIA – Pré-candidatos ao Senado, Silvio Filho e Miguel Coelho estiveram nos principais polos juninos. Ontem, depois de passar por Vitória, Silvio foi para Carpina e Miguel a Petrolina. Na agenda do domingo, logo cedo, a Missa do Vaqueiro, tão tradicional quanto a de Serrita.
COM OS GOUVEIA – Em Carpina, Silvio foi recebido pela família Gouveia, à frente a prefeita Maria Eduarda, casada com o deputado estadual Gustavo Gouveia, irmão do ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, presidente da Amupe, a Associação Municipalista de Pernambuco, e candidato a deputado federal.
DENÚNCIA – O Tribunal de Contas do Estado está de olho nos prefeitos que usaram o ciclo junino para promoção pessoal com dinheiro público. Chegou à corte um vídeo denunciando o prefeito de Arcoverde, Zeca Cavalcanti (Podemos), que subiu ao palco no show de Safadão e ainda deu uma “palavrinha”.
Perguntar não ofende: É verdade que Safadão cobra R$ 80 mil para mandar um abraço ao prefeito anfitrião?