Por Blog do Tales Faria
O bate-boca da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, contra integrantes tanto da oposição como da base governista nesta terça-feira na Comissão de Infraestrutura do Senado reabriu uma velha ferida no coração do governo:
A base parlamentar do presidente.
Essa contradição era tudo que o Palácio do Planalto tentava esconder às vésperas da COP-30, que se realizará em novembro no Pará, ou seja, na Amazônia.
Leia mais
Já tinha ficado difícil depois que o Senado aprovou, na semana passada, o afrouxamento nas regras de licenciamento ambiental. Agora, com o bate-boca, ficou impossível de esconder.
Com a ferida aberta, a ministra Marina Silva se tornou um verdadeiro calcanhar de Aquiles dentro do governo do presidente Lula.
Uma das sustentações da política externa brasileira é que este é um país que prioriza o meio ambiente. E Marina é vista como estrela internacional do ecologismo. Fundamental para a imagem do país, especialmente às vésperas da COP-30.
A ministra está licenciada como deputada federal eleita pela Rede Sustentabilidade. Também integrante da legenda, o deputado Tulio Gadelha me disse que o comando do partido já marcou reunião para discutir como se portar dentro do governo diante das agressões contra a ministra.
Ele conta que o líder do governo no Senado, o petista Jaques Wagner, se apressou em telefonar para Marina se solidarizando contra os ataques que ela sofreu.
Também ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, publicou nas redes sociais uma menção de solidariedade à ministra.
Mas a verdade é que o governo se sente com as mãos atadas. Além dos senadores governistas e da oposição que atacaram Marina durante seu depoimento, até o poderoso presidente do Congresso, Davi Alcolumbre que é do União Brasil pelo estado do Amapá, tem criticado abertamente o Ministério do Meio Ambiente.
Alcolumbre é tido no Palácio do Planalto como peça-chave para a sustentação política do governo no Congresso. Especialmente agora que a aprovação de um aperto nas contas públicas precisará ser aprovado pelos parlamentares.
É a tal história: o presidente Lula está entre a cruz e a caldeirinha. Se bobear, Marina Silva causa estrago saindo do governo. Mas com ela permanecendo, o risco é perder o apoio dos parlamentares da região amazônica, especialmente Davi Alcolumbre.
Leia menos