Por Rudolfo Lago*
Um experiente parlamentar da oposição observa o quadro para 2026 e o compara à meteorologia. No caso, no momento parece impossível se prever se em 2026 “vai fazer sol, vai chover, vai nevar”. E completa: “E talvez seja mesmo um defeito nosso na metade de um governo já ficar discutindo quem vencerá o outro”. De qualquer modo, nunca um quadro eleitoral revelou-se tão incerto. Porque, depois de todos esses anos de polarização política, tudo dependerá do que irá acontecer tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto com o ex-presidente Jair Bolsonaro. No momento, não há certeza da participação de nenhum dos dois nas próximas eleições. O que abre o jogo para todo mundo. Mas também o trava.
Um reflexo sintomático dessa situação é a possível federação do PP com o União Brasil. Na semana passada, dava-se como certa de que ela seria anunciada no fim de semana. Não foi. Exatamente porque não há sinal de que os partidos marcharão juntos em 2026.
Leia maisO União Brasil tem um candidato, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Mas o PP o apoiará? Se nem mesmo no União Brasil ele é consenso? Esta semana, por exemplo, o ministro do Turismo, Celso Sabino, declarou que o ideal para o União era indicar o vice de Lula.
“Eu, se fosse Lula, diante dos resultados das pesquisas, não disputaria a próxima eleição”, comentou esse parlamentar de oposição. Na Quaest divulgada na manhã de quarta-feira (1), Lula amargou 51% de reprovação. É a menor taxa de popularidade de todos os levantamentos da Quaest. Uma situação que, se não for revertida, pode cristalizar uma forte rejeição a Lula. Forçosamente, se disputar, 2026 será a última eleição de Lula, que já terá 81 anos. “Ele vai querer encerrar sua carreira política com uma derrota?”, questiona o parlamentar. Não disputando Lula, quem se apresentaria pelo campo do governo? E, do outro lado, quem da oposição?
O nome mais provável da oposição, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é justamente o que tem mais dificuldades de se lançar independentemente de Bolsonaro. E Bolsonaro não indica desistir de tentar reverter a sua situação.
Esse parlamentar, no entanto, comenta parecer quase impossível que Bolsonaro consiga reverter a sua situação. No campo jurídico, a condenação é certa. No campo político, é também muito difícil. Mesmo que a oposição, avalia, consiga aprovar o projeto de anistia.
O argumento do Republicanos, de que Bolsonaro não poderia ser anistiado porque ainda não foi condenado faz sentido. Mas, para além disso, parece difícil estender um projeto destinado a rever casos de condenações exageradas a um julgamento por tentativa de golpe.
“A única possibilidade talvez seja a vitória em 2026 de alguém do nosso campo que o indulte depois”, raciona o parlamentar. “Mas essa seria uma boa solução para ele?”, questiona. Bolsonaro perderia a chance de 2026 para talvez voltar em 2030. Mas, aí ele já terá 76 anos.
*Colunista do Correio da Manhã
Leia menos