Renildo diz que caminho natural do PCdoB é apoiar João Campos para o Governo em 2026

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

Deputado federal e vice-líder do Governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros (PCdoB) declarou, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco, que o caminho natural do seu partido é apoiar a candidatura do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao Governo do Estado em 2026.

“2026 ainda está muito longe, os estados irão reproduzir o que vai acontecer no cenário nacional. Nós vamos apoiar a reeleição do Lula (PT) para presidente da República, eu trabalho com a ideia de que ele será candidato à reeleição e vamos estar nos palanques que apoiarem o Lula. Tenho um relacionamento muito forte com o PSB, trabalhei com o ex-governador Miguel Arraes, tive uma ligação política e uma relação pessoal de amizade muito forte com Eduardo Campos, e estamos no mesmo caminho com João, o seu vice-prefeito, o Victor Marques, é filiado ao PCdoB. 2026 ainda não está sendo debatido, mas apoiar João é o nosso caminho natural”, cravou Renildo.

Sobre a possibilidade de ter dois palanques para Lula (PT) em Pernambuco, o de João e do da governadora Raquel Lyra (PSD), Renildo também afirma ser cedo para bater o martelo sobre esse assunto. Segundo o deputado, tudo depende de quem será o adversário de Lula. “Será o Bolsonaro (o adversário)? O Bolsonaro estará elegível? Será um dos filhos do Bolsonaro? O Bolsonaro vai apoiar Ronaldo Caiado? O Bolsonaro vai fazer o quê? Se ele não for candidato, não tiver um filho também candidato, esse espaço vai estar muito desobstruído. Quem será o candidato? Imagine que o Kassab seja candidato a presidente da República, Raquel teria que apoiar a candidatura dele. Por isso eu digo que 2026 ainda está muito longe”, disse o parlamentar.

Ao fazer uma avaliação política da gestão Raquel Lyra, Renildo afirmou não ter nenhum problema pessoal com a governadora, só não apoiou a sua candidatura nem faz parte do seu Governo.

“Nós não apoiamos a candidatura de Raquel. Eu tenho um bom relacionamento com ela, pessoalmente gosto muito dela, tenho uma relação de muito respeito, não tenho nenhuma dificuldade com ela, o nosso problema é de natureza política. Eu apoiei a candidatura do Danilo Cabral (PSB), no segundo turno eu apoiei Marília Arraes (SD), e nós não participamos da frente que elegeu Raquel, nem da frente que governa com ela. Com o João Campos é tudo no sentido contrário, nós o apoiamos, nós participamos da frente, e nós participamos do governo.

Questionado sobre uma possível saída da ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), do Governo Lula ou um remanejamento para o Ministério da Mulher, Renildo acredita que esse movimento não se concretizará e que Luciana seguirá na Pasta em que se encontra. “Pelo andamento das coisas, pelas conversas que nós já fizemos, eu creio que o presidente Lula não mexe no Ministério da Ciência e Tecnologia e ela continuará como ministra. Ele considera que ela faz um excelente trabalho e ela é muito respeitada no ambiente acadêmico pelo que o Ministério da Ciência e Tecnologia vem fazendo”, concluiu o deputado.

Fiz, ontem, uma visita institucional ao primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Carlos Veras (PT). Como eu, pajeuzeiro. Tabira e Afogados da Ingazeira, nossas pátrias mães, são cidades irmãs, separadas por apenas 20 km. A ele rememorei meus tempos de presidente do Comitê de Imprensa da Casa, instituição vinculada à Primeira-Secretaria, para a qual fui eleito na gestão de Michel Temer, em 1997.

Fui eleito de forma consensual, sucedendo ao talentoso jornalista José Maria Trindade, da Jovem Pan. Era primeiro-secretário o então deputado cearense Ubiratan Aguiar, um gentleman, que mediou comigo muitos conflitos envolvendo os jornalistas credenciados na Casa com o dia a dia das atividades parlamentares.

Lembrei a Veras que, naquela época, já havia um estudo da mesa diretora para remover a área do Comitê para o local onde funciona hoje. Comprei a briga. Resistimos e tivemos a palavra empenhada de Temer e Aguiar, de que nada seria feito na gestão que viesse a contrariar os interesses dos jornalistas credenciados. E saímos vitoriosos!

O espaço do Comitê era muito amplo, estruturado e estratégico. Ficava colado ao plenário da Câmara, com um acesso exclusivo por uma porta lateral. É lá que funciona hoje o gabinete do presidente. A “invasão” foi feita durante o mandato do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL).

Foi uma grande perda para a Imprensa brasileira e internacional. O Comitê tem milhares de jornalistas credenciados, inclusive centenas de veículos da mídia estrangeira. Em coberturas concorridas, como posse dos congressistas, eleições da mesa e votações de matérias polêmicas, o número de jornalistas credenciados de forma provisória quase que duplica e a Imprensa precisa de espaço no Congresso para trabalhar com dignidade.

Uma grande perda!

Humberto vai comer o pão que o diabo amassou    

Presidente do PT em mandato tampão até julho, quando será eleita a nova composição da Executiva e do Diretório Nacional, o senador Humberto Costa pegou um grande abacaxi. Reitera, em entrevistas, seu desejo de pacificar o partido em torno do nome do ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva. Seu esforço, entretanto, é um caminho de pedras e espinhos.

Ontem, por exemplo, o ex-presidente nacional da legenda, Rui Falcão, depois de fazer uma carta contundente aos filiados com direito a voto, contendo forte desabafo, críticas e orientações que divergem da cúpula do PT, assumiu que será candidato. Quer bater chapa contra Edinho.

No texto, Falcão faz acenos às correntes de esquerda, que podem se unir em torno de seu nome. “A companheira Gleisi Hoffmann, ao me suceder na presidência do PT, a partir de 2017, conduziu com coragem a resistência à extrema direita e a preparação de nosso partido para a sucessão presidencial de 2022. Após a vitória, sempre foi uma referência no enfrentamento ao reacionarismo e no fortalecimento da esquerda dentro do próprio governo”, diz.

O parlamentar ainda defendeu uma alternativa antissistema para se contrapor “à ordem estabelecida pelos bilionários”. “Não pode haver dúvidas de que somente a esquerda e seu maior partido, o PT, expressam uma alternativa estruturalmente antissistema, que proponha a transformação radical da economia, da sociedade e do Estado”, afirmou.

Para Rui Falcão, o processo de renovação do partido não pode ficar restrito à disputa pelos postos de direção. “Não podemos nos aprofundar numa disputa que vise apenas a conquista de cargos e espaços de poder”, acrescentou. De acordo com o deputado, abrir mão da polarização com o bolsonarismo significaria uma transição do PT para o centro.

“Nosso partido deve rechaçar os apelos à despolarização, palavra da moda que significa levar-nos a uma transição efetiva para o centro, com um forte rebaixamento ideológico, programático e organizacional. A construção de coalizões para vencer as eleições e governar não pode ser vista como contraditória com a disputa pública de hegemonia pelos partidos do campo popular. O partido não pode ser reduzido a um braço institucional do governo de frente ampla”, destacou.

RUI FALA EM VALENTIA – Da corrente minoritária Novo Rumo, Rui presidiu o PT entre 2011 e 2017. A CNB, porém, agora tem Edinho como possível candidato. A expectativa é que Falcão tenha o apoio das correntes de esquerda na eleição marcada para 6 de julho. “O processo eleitoral interno que está sendo inaugurado nestes dias é uma chance para elevarmos o PT a um novo patamar, em um cenário interno e externo de conturbações extremas. Desse desafio depende, em grande medida, a reeleição do presidente Lula e a continuidade de nosso projeto histórico. A valentia, a generosidade e a integração de toda a militância são essenciais em mais essa hora da verdade”, disse o ex-dirigente.

Lula alertado sobre movimento contra Edinho – O racha do PT veio a público com o vazamento de conversas de um encontro ocorrido na quinta-feira passada, no apartamento da nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Na reunião, Lula foi pressionado a não apoiar Edinho para a presidência do partido. De acordo com os relatos, revelados pelo colunista Lauro Jardim, de O Globo, o grupo disse ao presidente da República que o ex-prefeito não seria eleito por não contar com o apoio integral da principal corrente petista, a Construindo um Novo Brasil (CNB), da qual o próprio Edinho faz parte.

Nome do NE como alternativa – Na terça-feira da semana passada, houve uma conversa entre Gleisi e Edinho com o objetivo de esfriar os ânimos. A nova ministra já defendeu um nome do Nordeste para presidir o PT. Durante a tarde, a CNB divulgou uma nota sobre a reunião da semana passada. No texto, defendeu a necessidade de “unidade partidária”, o que foi lido como um recado para que Edinho trabalhe para vencer as objeções a seu nome. Aliados do postulante, por sua vez, encararam o comunicado como uma trégua.

Mandato tampão – Edinho é o nome preferido de Lula para a eleição interna marcada para julho. Estiveram no encontro da discórdia os integrantes da CNB que fazem parte da Executiva Nacional. Na mesma ocasião, Humberto Costa foi escolhido para o mandato-tampão. A corrente admite que houve discussões sobre a sucessão de julho. “Também foram feitas considerações sobre o perfil da futura direção, que seja capaz de conduzir o partido com unidade na defesa do governo Lula e das conquistas para a população, como foi durante toda a presidência de Gleisi Hoffmann”, diz a nota.

Quaquá questiona apoio – O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, um dos integrantes da ala que se opõe à eleição de Edinho, disse à colunista Malu Gaspar, de O Globo, que não há apoio de Lula, neste momento, ao nome de Edinho. “Eu acho que, quando o presidente Lula quer alguém, ele fala. Ninguém ouviu do Lula essa defesa do Edinho até agora. O Edinho usa um pretenso apoio para impor uma candidatura que não tem apoio da base nem do comando dos principais estados”, afirmou.

CURTAS

PIORA 1 – Se o governo não aprimorar suas políticas macroeconômicas, especialmente no controle dos gastos fiscais para conter a trajetória da dívida pública, a inflação tende a piorar antes de melhorar. Ex-diretores do Banco Central alertam que, quanto mais adverso for o cenário, maior será a necessidade de um aperto monetário.

PIORA 2 – Na visão do ex-diretor de Política Econômica do BC e chefe de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk, para gerar efeito de desaceleração e trazer a inflação pelo menos para o redor da meta, de 3%, seria necessário elevar a Selic até 18%.

DOM FRANCISCO – Primeiro-secretário da Câmara dos Deputados e pajeuzeiro de Tabira, o deputado Carlos Veras (PT) assumiu, ontem, o compromisso de convencer os Correios a produzir um selo comemorativo ao centenário de Dom Francisco de Mesquita, ex-bispo da Diocese do Vale do Pajeú. Se vivo, ele teria completado 100 anos no ano passado.

Perguntar não ofende: Humberto seria capaz de unificar o PT como candidato à sucessão de Gleisi Hoffmann?