A crônica domingueira

Quando repórter e, portanto, funcionário de empresas jornalísticas, vivia sob o regime da CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, conquista do Governo Vargas. Adorava receber o aviso de férias pelo Departamento de Recursos Humanos, seja no Diário de Pernambuco, Correio Braziliense, Globo, Jornal de Brasília, enfim, pelos mais variados jornais que atuei antes de criar o meu blog.

Hoje, como micro empresário, me dou ao luxo de escolher minhas férias, mesmo curtas. As férias foram criadas para um período de descanso aos trabalhadores que metem a mão na massa durante o ano inteiro e precisam do retempero da alma, de recarregar as energias, melhorar o humor e revigorar o espírito.

Para os filhos em fase escolar, a paradinha é essencial. Abrem um sorriso de felicidade. Aliás, há expressão mais feliz do que o sorriso de férias? Férias, a garotada perde a noção do tempo. Não se lembra que dia da semana é. Férias, para eles e nós, que aproveitamos para o entrelaçamento familiar, faz tão bem à alma que deveria ser de três em três meses.

Mas têm que ser bem curtidas, sem pressa. Quando passam rápidas, fico apelando: as férias deveriam receber uma multa por excesso de velocidade. É bom encarar como uma caixa de surpresas enormes e misteriosas. Nelas, a gente espera as experiências mais intensas e extraordinárias. Dormir até cansar e descansar até enjoar.

Partiu para férias, aconselho como única regra se divertir sem hora para acabar. Curtir sol, mar, passeios os mais diversos, inclusive em alto mar e na terra em um bom cavalo. Já li em algum lugar que as férias existem para evitar a loucura mental coletiva no trabalho. Tem sentido!

Mas meu pai Gastão Cerquinha, sempre nas minhas memórias, nunca tirou férias. Acredite! No seu tempo, em terras áridas e sofridas como o Sertão, férias eram sinônimo de malandragem, ouvi muito isso da sua própria boca. Mas com o tempo, compreendi a razão do meu amado pai nunca ter se rendido a uma paradinha de descanso: a prole era grande. Nove filhos para criar no chão de vidas secas era algo extremamente desafiador.

Papai se virava nos trinta! Como servidor federal dos Correios e Telégrafos, era obrigado a tirar férias. Mas não ficava de pernas para o ar. Acumulava outras atividades para garantir o leite das crianças: o comércio de miudezas em geral era a principal. Com o tempo, entregou a loja a Tarso, filho primogênito, ampliou seus negócios em fazendas, criação de gado, caprinos e ovinos.

Achando pouco, comprou terrenos na periferia para loteamentos. A missão de cobrador das mensalidades dos lotes confiou a mim. Ele não gostava de cobrar a ninguém. Ficava feliz quando eu prestava contas com todas as mensalidades em dia. E me dava um prolabore de 10%, com uma advertência: não vá gastar dinheiro à toa.

Embora Gastão, papai não fazia fama ao nome. Só metia a mão no bolso, na verdade, na política, para desespero de mamãe. Conquistou quatro mandatos de vereador e um de vice-prefeito. Papai morreu aos 100 anos sem nunca curtir o gozo das férias. De Afogados da Ingazeira, paixão da sua vida, não gostava de arredar o pé.

Por pressão de mamãe, foi uma única vez ao Rio de Janeiro e umas três ou quatro vezes para Vitória da Conquista, terra que as irmãs de mamãe adotaram, fugindo da seca no Pajeú.

Papai leu muito Ascenso Ferreira, mas certamente nunca se convenceu da sua mais conhecida filosofia, comemorada fortemente pelos vadios:

“Hora de comer — comer! Hora de dormir — dormir! Hora de vadiar — vadiar! Hora de trabalhar? Pernas pro ar que ninguém é de ferro!”

Veículos leves: mercado cresceu 14,2%; Fiat dominou

Pelo menos 2,5 milhões de unidades de automóveis e comerciais leves (do tipo picape Strada, por exemplo) foram vendidas em 2024, garantindo uma alta de 14,2% sobre o ano anterior. As vendas diretas responderam por 45% dos licenciamentos. O varejo, claro, ficou com os 55% restantes. Vale destacar o comércio de eletrificados (elétricos e híbridos), com 174,7 mil veículos – ou 7% do total – vendidos, ou 87,5% sobre as 93,2 mil unidades do ano anterior. Fiat, Volkswagen e General Motors mantiveram em 2024 as três primeiras posições no ranking das marcas mais emplacadas em 2024. A Hyundai, por sua vez, subiu da quinta para a quarta posição, fazendo uma inversão com a Toyota. A Renault garantiu o sexto – e a Jeep, o sétimo lugar.

Já a Honda passou da décima para a oitava colocação e a Nissan caiu para o nono lugar. A chinesa BYD manteve as expectativas do mercado, ultrapassou a Peugeot e ficou entre as 10. Ela alcançou 87,5 mil emplacamentos, com 3,1% de participação no mercado. A picapinha Strada foi o modelo mais vendido no Brasil pelo quarto ano consecutivo, com 144,7 mil licenciamentos.

Além disso, a Fiat – pertencente ao grupo Stellantis – também festeja o fato de ser a única marca a ter três representantes no ranking dos 10 automóveis e comerciais leves mais negociados, com o hatch Argo (91,1 mil) e o compacto Mobi (67,4 mil). O Volkswagen Polo foi o segundo mais emplacado, com 140,2 mil unidades.

Confira os dez modelos mais vendidos:

  1. Fiat Strada – 144.690
  2. Volkswagen Polo – 140.185
  3. Chevrolet Onix – 97.506
  4. Hyundai HB20 – 97.081
  5. Fiat Argo – 91.144
  6. Volkswagen T-Cross – 83.995
  7. Chevrolet Tracker – 69.433
  8. Hyundai Creta – 69.122
  9. Fiat Mobi – 67.390
  10. Nissan Kicks – 60.464

Quem se deu bem no mercado de motos – O comércio de motocicletas 0km em 2024 registrou bons números. Foram emplacadas 1,9 milhão de unidades, segundo a Fenabrave, a federação dos revendedores. Isso garantiu um crescimento de 18,6% em relação a 2023. É o maior percentual desde 2021. O presidente da Fenabrave, Arcelio Júnior, acha que se não fossem problemas de seca no Amazonas e a falta de alguns insumos, os números de vendas teriam sido bem melhores. A Honda Motos, maior do país em vendas, registrou em 2024 um crescimento de 12% nos emplacamentos, com mais de 1,3 milhão de motocicletas entre janeiro e dezembro. É o terceiro ano seguido em que a Honda registra mais de um milhão de motocicletas emplacadas em um ano.  A marca segue como líder do mercado de motocicletas no país e no mês de abril de 2024 registrou o maior número de emplacamentos mensais, com 121.311 unidades, superando o recorde anterior, que era de 119.322, em maio de 2012. Para o consumo de modelos de baixa cilindrada, usados por mototaxistas e motofretistas, o destaque foi a linha CG 160, com mais de 429 mil unidades, ou 33%, vendidas. A Biz ficou em segundo lugar, com 278 mil unidades. A indiana Bajaj, por sua vez, que tem apenas dois anos de Brasil, emplacou 11.087 unidades da linha Dominar – o que representa mais de 180% de crescimento em relação ao ano anterior. No total desde o início das vendas no Brasil, em dezembro de 2022, mais de 15.000 unidades dos modelos Dominar 160, Dominar 200, Dominar 250 e Dominar 400 chegaram às ruas. Em dezembro, por exemplo, a Bajaj alcançou pela primeira vez a 5ª posição no ranking do mercado brasileiro.

Veja as 10 motos mais vendidas: 

  1. Honda CG 160 – 428.126 
  2. Honda Biz – 278.350 
  3. Honda Pop 110i –  169.940;
  4. Honda NXR 160 Bros – 155.055 
  5. Honda CB300F – 60.197 
  6. Honda PCX 160 – 55.067;
  7. Mottu Sport 110 – 52.761 
  8. Yamaha YBR 150 – 50.325 
  9. Yamaha XTZ 250 – 46.490 
  10. Yamaha Fazer 250 – 46.407 

Fiado em alta – O comércio financiado de veículos totalizou 7,2 milhões de unidades no acumulado de 2024, com alta de 20,4% em relação ao ano anterior, segundo dados da B3. O resultado equivale a um incremento de 1,22 milhão de unidades, entre novas e usadas, incluindo autos leves, pesados e motos em todo o país. Somente em dezembro, o volume total de financiamentos aumentou 7,3% no comparativo anual, alcançando 614 mil unidades – o melhor resultado visto no último mês do ano desde dezembro de 2014, quando ficou em 625 mil unidades. No segmento de autos e comerciais leves, os financiamentos avançaram 19% no ano passado, frente a 2023. Na mesma base comparativa, houve crescimento de 13,8% nas operações envolvendo veículos pesados e 25% nas de motos.

Novo AMG G63 no Brasil – A nova geração do utilitários esportivo Mercedes-AMG G63 desembarcou no país para manter a tradição de destaque nesse segmento de alto luxo dos fora-de-estrada. O modelo foi lançado, aliás, em 1979. O novo Mercedes-AMG G 63 vem com motor V8 biturbo 4.0 com 585 cv e um torque de 86,7 kgfm. Nesta nova versão, ganhou um propulsor elétrico de 48 Volts e um gerador de partida integrado (ISG), que garantem 20 cv e 20.4 kgfm de torque adicionais. Faz de 0km/h a 100km/h em apenas 4,4 segundos, com velocidade máxima declarada é de 220 km/h. Fora isso, haja equipamentos para garantir força e robustez, como suspensão com estabilização ativa e hidráulica de rolagem e amortecimento ajustável adaptativo.

E mais: elementos hidráulicos ativos substituem os convencionais estabilizadores mecânicos transversais e os amortecedores adaptativos são equipados com duas conexões hidráulicas – uma para as fases de compressão e outra para as fases de retorno do amortecedor. Bem, tudo isso resulta num aumento significativo na tração, capacidade de subida e conforto off-road, além de reduzir o desgaste tanto do veículo quanto do condutor. A transmissão AMG de nove velocidades, dependendo do programa de condução selecionado, permite trocas de marchas esportivas e rápidas ou confortáveis e praticamente imperceptíveis. Preço? R$ 1.989.900.

Combustíveis em 2025 – O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) publicou, no final do ano passado, a atualização anual das alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis e previu que o diesel deve ficar mais caro nos postos em fevereiro, quando a alíquota subirá de R$ 1,0635 para R$ 1,12 por litro, representando um crescimento de 5,31%. Apenas em 2024, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o diesel sofreu um aumento na faixa de R$ 0,15 por litro, ou 2,5%. O combustível fechou o ano com preço médio de R$ 6,03 por litro e R$ 6,10 na variação S10. Outro ponto que influenciará ainda mais na variação do preço do combustível é o cenário de políticas internas e externas, que fez o dólar – moeda na qual os valores são negociados – bater recordes de cotação e hoje segue sendo negociado acima dos R$ 6,10.

Segundo Ricardo Lerner, CEO do Gasola, empresa que automatiza a gestão de abastecimento, as variações no preço do diesel devem seguir um cenário desafiador e imprevisível, influenciado por diversos fatores. “O ano de 2025 tende a ser marcado por volatilidade, reforçando a importância de estratégias de negociação e planejamento para empresas com grandes frotas”, explica. O especialista também alerta para a política de preços da Petrobras. Segundo ele, o Brasil, por não ser autossuficiente na produção de diesel, depende da importação do produto, o que torna o mercado mais sensível à variação do dólar, que pode ser afetado por diversos cenários como conflitos internacionais e políticas econômicas. 

Venda de veículo com IPVA pendente – É comum as pessoas optarem por trocar ou adquirir um carro no começo do ano. E não importa: seja novo, seminovo ou usado, o valor do IPVA é um dos quesitos analisados na hora de decidir qual modelo comprar. O pagamento do imposto costuma gerar dúvidas frequentes entre compradores e vendedores, sobre quem deve assumir essa responsabilidade em caso de venda. O superintendente do Auto Shopping Internacional Guarulhos, Leonardo Furtado, lembra porém que o IPVA do ano corrente é sempre uma obrigação do proprietário atual do veículo. “Sem a quitação deste imposto, não é possível realizar a transferência de propriedade no órgão de trânsito competente. Isso significa que o vendedor deve garantir que o imposto esteja pago antes de concretizar a venda”, afirma.

Furtado também explica que a responsabilidade pelo IPVA pode mudar com o início de um novo ano. “A partir de 1º de janeiro, o proprietário que constar no registro do veículo é quem passa a ser responsável pelo pagamento do imposto referente ao ano seguinte”, alerta. Por isso, tanto compradores quanto vendedores precisam estar atentos para evitar pendências tributárias que possam prejudicar a transação. “Negociações de veículos devem ser sempre feitas com atenção aos detalhes fiscais. Uma consulta prévia sobre o IPVA evita conflitos futuros e assegura que a venda seja realizada de forma transparente e regular”, reforça o superintendente. 

Combustível aditivado: vale a pena usá-lo? – As férias chegaram e, ao preparar o carro para pegar a estrada, muitos motoristas se deparam com a dúvida: qual gasolina escolher para o trajeto? A comum ou a aditivada? Apesar de ambos os combustíveis possuírem a mesma composição básica, a grande diferença está nos aditivos presentes na versão aditivada, que podem trazer benefícios importantes para o desempenho e a longevidade do motor, especialmente em viagens longas. Os combustíveis aditivados removem resíduos acumulados e mantêm o sistema de combustão mais eficiente. Afinal, são formulados com substâncias que ajudam a limpar o motor.

Com isso, o uso desse tipo de combustível pode aumentar a durabilidade do veículo, reduzir a necessidade de manutenção e até diminuir os custos de abastecimento a médio e longo prazo. Marco Antonio Lassen, especialista em combustíveis da Raízen, licenciada à marca Shell no Brasil, explica que os aditivos contêm substâncias detergentes que removem depósitos nas válvulas de admissão e nos bicos injetores, além de dispersantes que evitam a formação de novos depósitos. “Também há redutores de atrito que minimizam a fricção entre as partes metálicas internas do motor que entram em contato com o combustível, reduzindo a perda de energia e melhorando a eficiência”, conta ele.

A seguir, o especialista esclarece algumas dúvidas sobre os combustíveis aditivados.

1. Quais são as vantagens do uso dos combustíveis aditivados? – Embora o preço do litro da gasolina aditivada seja um pouco mais alto, os benefícios de manutenção e eficiência energética resultam em menor consumo de combustível ao longo do tempo. A composição química do combustível aditivado ajuda a limpar o motor, prevenindo o acúmulo de resíduos que poderiam obstruir os bicos injetores ou comprometer a vedação das válvulas de admissão, o que prejudicaria a eficiência da combustão e o desempenho do motor. Desta forma o combustível aditivado prolonga a vida útil do sistema e reduz os custos com manutenção ao longo do tempo.

2. É necessário abastecer apenas uma vez com combustível aditivado para limpar o motor? – Não. Para realizar uma limpeza completa, é recomendável usar de 4 a 5 tanques de combustível aditivado, especialmente se o veículo estiver usando combustível comum por um longo período. A utilização regular do combustível aditivado ajuda a evitar o acúmulo de novos resíduos.

3. O combustível aditivado vicia o motor? E o lubrificante é responsável por sujar o motor? – Nenhum combustível “vicia” o motor. Os aditivos melhoram o desempenho do veículo, e qualquer diferença percebida no começo, ao trocar o combustível, ocorre porque o sistema de injeção eletrônica do carro se ajusta ao novo combustível. Quanto ao lubrificante, ele não suja o motor intencionalmente. Porém os vapores de lubrificante que retornam à câmara de combustão podem causar depósitos internos em válvulas, pistões e anéis. O combustível aditivado resolve esse problema, dissolvendo os resíduos e fragmentando-os em partículas microscópicas.

4. O que os fabricantes dizem sobre o combustível aditivado? – Diversos manuais de fabricantes de veículos recomendam o uso de combustíveis aditivados, devido aos benefícios de limpeza e proteção do motor, que contribuem para uma performance mais eficiente e uma vida útil mais longa do veículo.

5. O etanol precisa ser aditivado, já que é puro? – Apesar de o etanol ser um biocombustível, a utilização de sua versão aditivada também traz benefícios. Há produtos com tecnologias que limpam, protegem e restauram o desempenho do motor. Além de detergentes e dispersantes, reduzem a fricção e prolonga a vida útil do motor. A aditivação do etanol ocorre para melhorar o desempenho do combustível e atender a necessidades específicas, como melhoria da combustão e da proteção dos componentes do motor contra o desgaste e a corrosão, garantindo maior durabilidade.

6. Combustível aditivado é indicado para motos? – Carros e motos têm os mesmos benefícios ao utilizarem combustíveis aditivados. Todos os tipos de motor experimentam o mesmo processo de limpeza ao serem abastecidos com combustíveis aditivados, não há distinção. “É essencial lembrar que a limpeza do motor não ocorre imediatamente com um único abastecimento, sendo necessário o uso contínuo do combustível aditivado para resultados mais duradouros”, reforça Lassen.

Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico