O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (20) ser necessário “mirar a sustentabilidade das contas” e que desafio vai “além da questão ideológica”. O chefe da equipe econômica falou sobre o tema ao ser perguntado sobre votos contrários de congressistas de esquerda ao pacote fiscal.
Haddad afirmou que esse discurso “desagrada a esquerda e a direita”. A declaração foi dada durante café com jornalistas.
“Não vou comentar voto a voto. Estou feliz que nós aprovamos. Está tudo bem. As pessoas se colocam. Não posso impedir que as pessoas se coloquem […] O que nós fazemos é explicar a necessidade, conforme eu disse.Às vezes, quando é para cortar benefício fiscal, a pessoa vota. E às vezes, quando é para regularizar a contenção, o aumento da despesa, a pessoa não vota”, disse.
De acordo com Haddad, há resistência dos dois espectros políticos em relação ao equilíbrio fiscal. “A direita não quer pagar os impostos que deve e a esquerda não quer conter gastos. Como é que fecha as contas? […] Porque depois acontece um desarranjo. Às vezes as pessoas falam: ‘Poxa, mas olha só o que nós estamos vivendo. O que é que está acontecendo?’ O que está acontecendo é que não estou prestando atenção nas minhas contas públicas. Não é uma coisa que você possa desviar a atenção”, disse.
O titular da Fazenda também defendeu a necessidade de uma revisão de gastos “permanente”.
“Acredito que o Executivo, em qualquer esfera de governo. seja uma prefeitura, seja um Estado, tem que ter como prática a revisão de gastos. (13:42) Isso não pode ser uma coisa assim: ‘Ah, agora nós vamos começar a fazer isso. Isso tem que ser uma rotina […]. Não deveria ser algo extraordinário ou surpreendente”, disse.
IMPACTO
Ao detalhar o pacote fiscal em 28 de novembro, o impacto estimado inicialmente pela equipe econômica foi de R$ 71,9 bilhões para 2025 e 2026. A projeção para os próximos 6 anos é de R$ 327 bilhões.
Nesta sexta-feira (20), Haddad disse que o impacto do pacote fiscal “é de R$ 1 bilhão a menos” nos próximos 2 anos. Com isso, a economia das medidas passaria de R$ 71,9 bilhões para R$ 70,9 bilhões em 2025 e 2026, depois de mudanças e aprovação no Congresso Nacional.
Economistas e analistas do mercado financeiro consideram as medidas insuficientes para o equilíbrio das contas públicas.
“Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes, ou eu ia deixar um pacote mais robusto para o ano que vem. O que ia gerar mais incerteza, pelo menos. ‘Não, eu não vou mandar agora porque não está robusto o suficiente. Ia ser um banho de água fria’“, declarou Haddad.
O ministro também disse não ser “simples” cortas gastos e rebateu falas sobre desidratação das medidas.
“Fala-se em desidratação. Na verdade, esperava-se uma hidratação. E não houve hidratação”, declarou.
A corridinha de 8 km, hoje, foi na praia de Manaira, em João Pessoa, a charmosa e romântica capital paraibana, onde faço, daqui a pouco, uma palestra no VII Congresso de Agentes Públicos, promoção da ONG Aprender e Capacitar. Falo sobre “O recado das urnas”, avaliação do resultado das eleições municipais e seus impactos no pleito para presidente e governador em 2026.
Há muito, sempre ouvi do ministro da Defesa, o pernambucano José Múcio Monteiro, que a missão que cumpre na Pasta atende exclusivamente a uma convocação do presidente Lula, de quem já havia sido, no governo anterior do petista, ministro da Articulação Política. Mas também ouvi queixas dele em relação ao fogo amigo no Governo. Múcio, se deixar o Governo, conforme antecipou, ontem, o jornal O Globo, já terá cumprido a sua missão, de pacificar as Forças Armadas.
Segundo o jornal carioca, dois anos após ser escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Ministério da Defesa, José Múcio Monteiro sinalizou a intenção de deixar o governo. Sua indicação ao cargo, ainda durante o período de transição, teve como objetivo buscar uma pacificação com os militares. Ao ser indagado se pretende sair, Múcio brinca e diz que “depende do presidente”.
Segundo auxiliares próximos, contudo, o ministro tem se queixado que precisa cuidar da saúde. Com 76 anos, tem sido cobrado pela família a se cuidar mais. Em conversas reservadas, o ministro tem dito que o presidente precisa encontrar alguém com perfil “paciente” para substituí-lo no posto. Um dos nomes cotados, segundo mostrou o jornal Folha de S. Paulo, é o do vice-presidente, Geraldo Alckmin, que hoje acumula o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço. A ideia é que ele troque de pasta.
A avaliação de interlocutores do ministro da Defesa, segundo ainda o jornal, é que o cargo precisa ter um nome de peso, uma vez que precisa ter o respeito das tropas. Ao assumir o cargo, Múcio precisou contornar desconfianças mútuas diante da suspeita de envolvimento de militares em tentativa de golpe. Com o avanço das investigações e a prisão de oficiais das Forças Armadas, o ministro costuma repetir que as práticas ilícitas foram cometidas por indivíduos, numa tentativa de blindar a instituição da vinculação com atos antidemocráticos.
O governo e os militares convivem bem no momento, mas não são amigos, costuma dizer Múcio de forma reservada. A mudança na Defesa pode ser incluída na reforma ministerial que Lula avalia fazer no início da segunda metade do seu mandato. As trocas devem envolver também a Secretaria de Comunicação Social, comandada pelo ministro Paulo Pimenta. O presidente já declarou estar insatisfeito com a área em seu governo.
Civis x Militares – Uma das últimas surpresas negativas na relação entre os civis e militares foi o vídeo divulgado pela Marinha, em comemoração ao Dia do Marinheiro. A peça gerou desconforto por colocar em campos opostos civis e militares, numa crítica indireta à inclusão das Forças no pacote fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Posteriormente, o vídeo foi removido dos perfis oficiais da Marinha. Após o episódio, o governo orientou que campanhas publicitárias produzidas pelas Forças Armadas deverão passar pelo aval do Ministério da Defesa antes de serem divulgadas. A medida é mais um movimento da gestão de Lula para tentar evitar a politização das tropas.
Lista tríplice – Se depender de Múcio, sua substituição não seria feita na reforma ministerial prevista para ocorrer entre fevereiro e março. Ele quer sair antes. E não só por estar cansado. Há uma outra razão. O ministro não quer sair junto com os outros, para que fique claro que o caso dele é diferente. Os outros serão trocados por outros motivos: por conveniência política do presidente ou porque Lula não está satisfeito com o desempenho. Numa conversa recente com o presidente, o ministro combinou com Lula que apresentaria uma lista de sugestões com três nomes para substituí-lo. Não se sabe quem integra essa lista. Ou mesmo se o presidente escolheria um desses nomes. De qualquer forma, é prudente esperar um pouco mais, pois Lula gostaria que Múcio não deixasse o governo.
Tensão nas forças armadas – A cúpula das Forças Armadas acompanha com apreensão os sinais emitidos por Múcio sobre seu possível desejo de deixar o comando da pasta. Integrantes da Marinha, Aeronáutica e Exército temem que a saída do ministro leve a relações mais tensas e reinicie do zero os esforços para construir uma relação de confiança com o Governo Federal. Desde que assumiu o Ministério da Defesa, Múcio tem sido reconhecido pelos militares como uma ponte essencial entre as Forças Armadas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro chegou ao Recife, ontem, onde passará duas semanas de recesso. Dentro das Forças Armadas, a esperança é que esse período permita que Múcio “esfrie a cabeça” e reconsidere sua permanência no Ministério da Defesa.
Confra com ministros – Em sua primeira agenda oficial após se submeter a uma cirurgia na cabeça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, ontem (20), uma reunião com os 38 ministros no Palácio da Alvorada, marcando o encerramento das atividades do ano. Usando o chapéu panamá que adotou para esconder o curativo, Lula comandou a confraternização no mesmo dia em que o Congresso aprovou o pacote de corte de gastos para 2025 e 2026. Apesar de alterações no texto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estima economia de R$ 69 bilhões.
Autonomia garantida – Em vídeo publicado nas redes sociais, Lula reforçou a confiança em Gabriel Galípolo, próximo presidente do Banco Central, e defendeu a estabilidade econômica no país e o combate à inflação. “Você será, certamente, o mais importante presidente do Banco Central que esse país já teve”, afirmou Lula, garantindo respeito à autonomia da autarquia. “Jamais haverá da parte da Presidência qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer”, destacou. O presidente fez a gravação acompanhado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento). Galípolo, que assume o cargo em 1º de janeiro, substituirá Roberto Campos Neto e terá mandato de 4 anos.
CURTAS
GESTÕES FISCAIS SEMELHANTES – Em entrevista à Rádio Folha FM, o senador Fernando Dueire (MDB) avaliou as semelhanças entre as gestões de Raquel Lyra (PSDB) e João Campos (PSB) no equilíbrio fiscal. Dueire elogiou os ajustes nas contas públicas, ressaltando que ambos garantiram financiamentos cruciais para investimentos. “A esperança é que, arrumadas as contas públicas, a partir do próximo ano as coisas comecem a acontecer”, projetou o parlamentar.
ORÇAMENTO FICA PARA 2025 – O Congresso Nacional entrou em recesso sem votar a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. O projeto, que aguarda aprovação na Comissão Mista de Orçamento e no plenário, será discutido após 2 de fevereiro. O relator Ângelo Coronel (PSD-BA) justificou o adiamento pela necessidade de ajustes em dados fiscais e previdenciários. Apesar do atraso, o senador Humberto Costa (PT) garantiu que o governo terá recursos mínimos para operar no início do ano.
2,5 MIL PROJETOS EM DOIS ANOS – A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Alepe encerrou o biênio legislativo com a análise de 2.441 projetos, aprovando 1.141 para tramitação. Presidido por Antônio Moraes (PP), o colegiado realizou 79 sessões e quatro audiências públicas, rejeitando apenas 17 propostas.
Perguntar não ofende: Quem Lula escolheria para o lugar de Múcio?