Após a derrota nesta no segundo turno das eleições municipais em Campina Grande, Dr. Jhony Bezerra (PSB), candidato que se dizia representante da esquerda e, inclusive, contava com o apoio de vários partidos do campo progressista como PT, PCdoB, PDT e Rede, teve revelado o seu voto para presidente da República, quando votou em Jair Bolsonaro.
Nos posts, o médico se manifestava com vários elogios ao ex-presidente Bolsonaro, inclusive manifestação de voto. Num dos posts, ele marca as tags de voto de Bolsonaro. “Muda Brasil! Bolsonaro Presidente! Alexandre Já Era! (menção ao ministro do STF Alexandre de Moraes)”, ao destacar que votou em Bolsonaro e marcou sua cidade.
Noutro post, Bezerra destaca que o Brasil precisa de políticos como Bolsonaro. “Parabéns, você tem meu respeito e admiração”, escreveu.
Por Magno Martins, especial para a Folha de Pernambuco
A prefeita eleita de Olinda, Mirella Almeida (PSD), apoiada pelo atual gestor, Professor Lupércio (PSD), deu sinais de que pode manter uma parte do secretariado do seu padrinho político. Em entrevista à Folha, afirmou que vai “preservar conquistas”. “Vamos mudar alguns quadros avaliando com a equipe de transição, mas a gente vai preservar conquistas, sobretudo estudar as mudanças necessárias para que Olinda ande para a frente e tenha um futuro de mais entregas”, afirmou.
Mirella (PSD) recebeu 111.613 votos, 51,38% dos válidos, na disputa contra o petista Vinicius Castello, que teve 105.616 votos (48,62% dos válidos). Embora tenha o intuito de dar uma cara nova à administração, a prefeita mencionou que o bom trabalho dos que já fazem parte da equipe municipal será reconhecido.
“O que a gente quer é trazer renovação, um novo olhar, mas não tem nenhum perigo de aqueles que realmente estão bem, que fazem o trabalho da forma que precisa ser feito, da gente não continuar”, frisou.
Mirella Almeida adiantou que já está organizando a agenda para se reunir com a governadora Raquel Lyra (PSDB), de quem recebeu apoio relevante na campanha, para definir junto ao Estado quais os investimentos de curto prazo para Olinda. Além disso, a prefeita deverá ir para Brasília nas próximas semanas, após soltar a equipe de transição, na busca por emendas e parcerias para o município.
No momento, a prioridade, segundo ela, é tomar conhecimento de como está a gestão, uma vez que ela estava afastada por conta da campanha. “Vou coordenar a equipe de transição para a gente entender o contexto das secretarias no sentido de o que vamos precisar fazer a curto, médio e longo prazo para trabalhar e já sair com o cronograma das ações”, avaliou.
Raquel Lyra e Lupércio A prefeita comentou ainda sobre a avaliação que o povo olindense fez dos apoios que ela recebeu. Sobre a governadora Raquel Lyra, Mirella disse que a população entendeu que a gestora vai ajudar a cidade. “Todo esse contexto de obras que estão sendo anunciadas, de investimentos, acho que tudo isso traz uma credibilidade de que a governadora é quem vai poder trazer recursos para o município.”
Mirella elogiou a trajetória do atual prefeito e padrinho político. “Lupércio foi um prefeito muito trabalhador, muito íntegro, ele fez a parte dele com muito afinco, com muita honestidade e ele sai muito grande nessas eleições também”, definiu.
Após o encerramento das eleições municipais, o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), reafirmou que o momento é de desarmar os palanques. Ao comentar como ficará a relação com o Governo Raquel Lyra (PSDB) após uma disputa acirrada em diversas cidades, o gestor garantiu que manterá as parcerias institucionais que forem importantes para a cidade.
As declarações foram dadas durante a participação do gestor recifense no programa Roda Viva ontem. A entrevista contou com a presença da colunista da Folha de Pernambuco, Betânia Santana.
“Não se governa em cima do palanque. Eu nunca vou deixar de fazer parcerias com o que for importante para o Recife”, afirmou o prefeito, destacando que o objetivo maior é beneficiar a população.
Campos também comentou sobre o desempenho de partidos aliados ao governo Raquel Lyra nas eleições municipais. “Acho que na política uma premissa fundamental é respeitar todos os adversários. Ninguém está morto dentro da política”, disse João.
Apesar de ressaltar respeito, João Campos avalia que a oposição saiu mais forte das eleições municipais.
“A gente obteve a maior vitória de uma oposição na história do estado de Pernambuco. Em média, você tem os governos de 2000 para cá com uma base de 120 prefeitos, pelo menos. Hoje, quando você pega o arco de alianças formais dá menos de 90 prefeitos na base do governo e 91 na oposição. Isso é um resultado nunca antes alcançado. Nos 10 maiores colégios eleitorais, seis prefeitos ligados ao nosso conjunto e três ligados ao conjunto do governo e um independente que é o prefeito Mano (Medeiros) do PL de Jaboatão”, avalia.
Eduardo Campos
O prefeito também relembrou a data em que seu pai, o ex-governador Eduardo Campos participou pela primeira vez do programa Roda Viva. “Ainda criança eu vi meu pai neste mesmo lugar. Ele esteve aqui no Roda Viva, pela primeira vez, no dia 25 de outubro de 2004. Há exatos 20 anos e três dias”, recordou.
Eleições
Ao ser questionado se pretende disputar o Governo do Estado em 2026, João Campos defendeu que ainda é cedo para a oposição definir um candidato.
“Eu acabei de disputar uma eleição e fui reeleito. Ninguém é candidato de si. Isso não é uma escolha individual. No tempo certo vamos discutir um projeto de oposição que possa ser vitorioso em 2026. Isso acontece no tempo certo. Mas o reconhecimento numa cidade como o Recife me dá disposição de trabalhar ainda mais”, disse o prefeito do Recife.
Autocrítica
João Campos, identificado como de centro-esquerda, também refletiu sobre os desafios enfrentados pela esquerda. “É preciso fazer sim uma autocrítica. A forma de comunicação precisa mudar. As pessoas precisam se aproximar mais da política e a política das pessoas”, afirmou o socialista.
Apesar de reconhecer o crescimento da centro-direita, Campos acredita que a polarização política está perdendo força. “O povo tá cansado dessa briga e dessa divisão, o povo quer alguém que junte”, comentou.
Redes Sociais
Com uma presença expressiva nas redes sociais, com quase 3 milhões de seguidores, João Campos falou sobre sua popularidade, defendendo que seu desempenho no universo virtual não é fruto das plataformas sociais, mas do trabalho que apresenta como prefeito.
“Eu acredito que a gente tem que mostrar aquilo que a gente é. A política passa hoje por um ciclo de incoerência, pois as pessoas mostram o que elas não são. Essa brincadeira de fazer o passinho e descolorir o cabelo eu faria mesmo que não fosse prefeito. Apesar disso, o fruto da nossa popularidade não vem das redes sociais. Tudo que mostrei era verdadeiro”, disse.
Presidência
João Campos defendeu a parceria do PSB com o PT e declarou apoio ao presidente Lula (PT) em uma eventual candidatura à reeleição em 2026. Além disso, o socialista defendeu a posição do PSB no governo, que tem Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente. “O governo Lula é um governo melhor do que ele é avaliado”, defendeu.
No âmbito local, o prefeito do Recife garantiu que pretende manter a legenda no seu governo.
Na queda de braços com Bolsonaro, Caiado levou a melhor
A disputa paralela nas eleições municipais 2024 entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiavam candidatos distintos na capital e em outra cidade importante do interior chegou ao fim após dois turnos acirrados. E foi Caiado quem venceu, se fortalecendo para a disputa presidencial em 2026.
Em Goiânia, Sandro Mabel (União) derrotou Fred Rodrigues (PL) com 55,53% dos votos. Já em Aparecida de Goiânia foi Leandro Vilela (MDB) quem saiu vitorioso das urnas. Com 63,6% dos votos, ele venceu o Professor Alcides (PL).
A disputa pela Prefeitura de Goiânia entre Mabel e Rodrigues representou muito mais do que o controle da capital goiana — refletiu o embate entre Caiado e Bolsonaro de olho na corrida presidencial de 2026. Caiado, que conta com mais de 70% de aprovação do eleitor, de acordo com pesquisa AtlasIntel divulgada no dia 30 de setembro, lançou-se como pré-candidato à presidência da República e vê no pleito municipal uma chance de fortalecer sua imagem e influência no espectro da direita brasileira.
Ele não só lançou a candidatura de Mabel como participou ativamente de atos de campanha, sobretudo na reta final. O ex-presidente, que ainda busca reverter a inelegibilidade, apoiou Rodrigues e trabalha em formas de reafirmar o papel como líder do campo conservador. Ele optou por não ir para o Rio de Janeiro, onde vota, para acompanhar Fred Rodrigues à urna em Goiânia, onde também acompanhou a apuração.
O gesto simbólico indicou a prioridade da capital para o projeto político futuro de Bolsonaro. Em Aparecida de Goiânia, na mesma linha, Caiado apoiou Vilela contra Professor Alcides, candidato de Bolsonaro, consolidando a disputa de poder entre as duas lideranças da direita. Ex-aliados, Caiado e Bolsonaro romperam durante a pandemia de Covid-19, quando o governador de Goiás, que é médico, criticou a atuação do então presidente para lidar com a situação e divergiu de uma série de posturas dele.
FIASCO EM SÃO PAULO – O PT só conseguiu eleger quatro prefeitos em São Paulo, onde disputou em 144 municípios. Perdeu na capital paulista, onde apoiou Guilherme Boulos, do Psol, e teve Marta Suplicy (PT) como vice na chapa. Quase não tem mais prefeituras na região da Grande São Paulo, o berço político da legenda. O partido manteve apenas o comando de Mauá na região, com a reeleição de Marcelo Oliveira. Também elegeu candidatos em Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, cidades no interior do Estado. Nenhuma delas chega a 100 mil habitantes.
PSD de Kassab se consagra – Dos 17 partidos com candidatos no 2º turno das eleições municipais, o PSD, de Gilberto Kassab (foto), foi o maior vencedor: emplacou 9 prefeituras em 10 disputas. O MDB aparece na sequência: disputou 10 prefeituras, ganhou sete e perdeu três. Os dois partidos também foram os que mais elegeram prefeitos na contagem geral, incluindo o 1º turno. O PL foi ao 2º turno em 22 cidades com mais de 200 mil eleitores, mas perdeu em 16. Já o PT, das 13 prefeituras disputadas, elegeu apenas uma – Fortaleza. O União Brasil venceu seis disputas, perdeu cinco, e o Podemos ganhou em cinco das seis cidades que disputou. O PP ganhou em quatro e perdeu em duas, o Republicanos venceu três e perdeu três. PSB, Psol, Cidadania, PMB e Solidariedade não ganharam em nenhuma cidade no 2º turno.
Bolsonarista raiz – O bolsonarismo “raiz”, filão dos seguidores mais fiéis do ex-presidente Jair Bolsonaro, teve uma única vitória na disputa pela prefeitura das 26 capitais nas eleições de 2024. O deputado federal Abílio Brunini (PL) foi o único bolsonarista raiz a se eleger prefeito de uma capital. Ele foi eleito prefeito de Cuiabá, a capital do Estado do Mato Grosso. Ao contrário dos outros três candidatos do PL eleitos prefeitos de capitais em 2024, Brunini é representante da ala mais ideológica do partido, umbilicalmente ligada a Bolsonaro.
Dez federais viram prefeitos – Dez deputados federais foram eleitos prefeitos nas Eleições 2024. Abílio Brunini (PL-MT), em Cuiabá, Paulinho Freire (União-RN), em Natal, e Ricardo Silva (PSD-SP), em Ribeirão Preto. As vagas deles na Câmara serão ocupadas por Rodrigo Lugli (PL-MT), Carla Dickson (União-RN) e Ribamar Silva (PSD-SP), respectivamente. Também foram eleitos Alberto Mourão (MDB-SP), em Praia Grande (SP); Carmen Zanotto (Cidadania-SC), em Lages (SC); Benjamin de Oliveira (União-MA), em Açailândia (MA); Gerlen Diniz (PP-AC), em Sena Madureira (AC); Hélio Leite (União-PA), em Castanhal (PA); e Washington Quaquá (PT-RJ), em Maricá (RJ). Dois suplentes que assumiram mandato na Câmara nesta legislatura também foram eleitos. São eles: Naumi Amorim (PSD-CE), eleito prefeito de Caucaia (CE), e Márcio Corrêa (PL-GO), que venceu em Anápolis (GO). Como eles não exercem mandato atualmente na Casa, não haverá transferência de vagas no Congresso.
Farias pode virar presidente – Reeleito com expressiva votação – 3,7 mil votos – o vereador Eudes Farias, da bancada do MDB na Câmara de Vereadores de Paulista, se revelou no mais fiel aliado do prefeito eleito Severino Ramos (PSDB), com participação ativa em todo o processo eleitoral que levou o tucano à vitória. Por isso, não se constituirá em nenhuma surpresa se Farias, habilidoso, com trânsito fácil em todos os partidos na Casa, venha a ser eleito presidente da Câmara.
CURTAS
SUB JUDICE – O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo informou, ontem, que ao menos 17 cidades paulistas dependem de decisões judiciais para conhecerem o novo prefeito. Isso ocorre com os candidatos que tiveram o seu registro negado. Há casos de improbidade administrativa e condenações criminais proferidas por órgãos colegiados ou transitadas em julgado (quando não cabe mais recurso). Os casos podem chegar até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
NO CABO – Em Pernambuco, o caso mais notório é o do prefeito mais votado do Cabo, Lula Cabral (SD), que não teve ainda a sua vitória reconhecida pela justiça eleitoral. O Ministério Público Estadual já deu parecer favorável, mas a decisão depende do ministro Cássio Nunes Marques, na instância do Tribunal Superior Eleitoral.
NO PAÍS – Ontem, um dia após o pleito, o resultado das eleições para prefeito ainda está indefinido em pelo menos 40 municípios brasileiros. São casos em que o candidato a prefeito com mais votos espera uma decisão da Justiça Eleitoral para confirmar se será considerado vencedor.
Perguntar não ofende: Lula fará reforma ministerial agora ou só em fevereiro?