O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deverá assumir dois cargos no partido. Ele será secretário de relações internacionais e de relações institucionais do PL, segundo integrantes da sigla.
De acordo com dois dirigentes do partido, um evento deve ocorrer depois do segundo turno das eleições municipais para oficializar essa mudança. Este será o segundo filho de Bolsonaro a entrar para o comando do partido: o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro preside o PL estadual.
Eduardo assumirá o cargo de relações institucionais, que está vago desde fevereiro, quando Walter Braga Neto se afastou do partido. Assim como Valdemar Costa Neto, ele está proibido de falar com os demais investigados. Há uma avaliação de que a interdição imposta por Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), está prejudicando o andamento do partido.
Já o braço internacional da legenda hoje não tem destaque, mas é uma agenda alinhada com interesses de Eduardo, que faz a ponte com lideranças da direita mundial atual, como Donald Trump (EUA) e Javier Milei (Argentina).
Já estou no Sertão e a corridinha de 8 km, hoje, foi no Parque Verde, na Arcoverde da minha Nayla. O tempo por aqui já esquentou muito e até dezembro, mês das trovoadas, temperatura amena só a noite.
Minha relação com o Governo Raquel Lyra (PSDB), objeto de questionamentos de leitores vez por outra, não é diferente de nenhum outro que a antecedeu. Com Paulo Câmara (PSB), seu antecessor, as dificuldades foram de igual intensidade. Sequer me dava entrevista. Já Eduardo Campos (PSB), um dos mais explosivos na relação, chegou a ficar sem falar comigo por mais de dois anos, mas antes de perder a vida numa fatalidade reatou um convívio civilizado.
Foi dele que ganhei o apelido de “Maligno”. Jarbas Vasconcelos, que antecedeu Eduardo, na sua primeira gestão perdeu a estribeira, chegando a fazer uma carta de próprio punho cortando completamente qualquer possibilidade de um convívio harmonioso. Miguel Arraes era de altos e baixos. Como contei numa postagem na semana passada, por ocasião do aniversário do habilidoso Adilson Gomes, já me expulsou de um evento.
Joaquim Francisco, a quem assessorei num primeiro momento na sua campanha ao Governo do Estado, em 1990, vindo a ser por um ano seu secretário de Imprensa, brigou comigo e orientou todo o Secretariado a não me passar informações. Seu antecessor Carlos Wilson, que governou o Estado por 11 meses, também teve um forte atrito comigo não apenas no seu Governo, mas na CPI dos Precatórios.
Estou rememorando tudo isso para uma simples conclusão: políticos no Brasil em geral, especialmente quando chegam ao poder, têm enormes dificuldades de conviver com a crítica. Só querem elogios. Uma curta nota na coluna é suficiente para mudar o humor deles. Nunca fiz jornalismo adocicado. Tenho meu estilo próprio. Sempre foi assim e será para o resto da minha vida.
Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade, aprendi com Cláudio Abramo, um dos mais influentes jornalistas e grande referencial nos bancos universitários, que se orgulhava de duas coisas: ser autodidata e ter sido testamenteiro de Oswald de Andrade, de quem foi amigo. É dele também a frase: “O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter”.
Mas não é só político que não sabe conviver com a crítica. Ayrton Senna no auge da sua carreira perdeu o humor e declarou: “Se depender de mim, vocês, jornalistas, irão esgotar os adjetivos do dicionário”. Chamo jornalismo a tudo que transforma, que revoluciona. O jornalismo é a grande trincheira da sociedade. Sem ele, não há revolução.
A MAIOR CONTENDA – Com Eduardo Campos, tive um solavanco histórico, revelado no meu livro “Histórias de repórter”. Começou em Petrolina, na área externa das instalações na TV Grande Rio, e acabou em Araripina, já tarde da noite, no circuito “Governo nos municípios”. A briga me custou caro. Não é fácil brigar com o poder, nem muito menos com os poderosos. Nunca conheci um governante que soube usar com tamanha intensidade as suas prerrogativas. Tudo começou porque ele não aceitou uma denúncia em minha coluna, de um coletivo de equipamentos agrícolas levando sol e chuva no IPA, em Serra Talhada.
Demitido por causa de uma entrevista – Quando deixei a Secretaria de Imprensa do Governo Joaquim Francisco, a quem servi apenas no primeiro ano, em 1991, meu amigo Antônio Camelo, de saudosa memória, me recebeu de braços abertos de volta ao Diário de Pernambuco. Passei a assinar uma coluna e fazer entrevistas. José Jorge, ministro aposentado do Tribunal de Contas da União, perdeu o cargo de secretário de Educação no Governo de Joaquim, simplesmente porque me deu uma entrevista exclusiva. Ao invés de chamar Jorge e a ele explicar as razões, Joaquim mandou o então secretário Luiz Alberto ligar para ele dizendo que estava precisando do cargo. Inacreditável? José Jorge está aí, vivinho da silva, para confirmar!
NEY MARANHÃO 1 – Na eleição histórica de 1986, a volta de Miguel Arraes ao poder, campanha com o mote “Ele vai voltar pela porta que saiu”, o velho cacique foi eleito e puxou os dois senadores – Mansueto de Lavor e Antônio Farias. Com menos de um ano de mandato, Farias sofreu um infarto fulminante, assumindo o primeiro-suplente Ney Maranhão, que havia sido indicado para a chapa por Jarbas Vasconcelos, a quem era extremamente ligado.
NEY MARANHÃO 2 – Lúcio Costa era editor-geral do Diário de Pernambuco e me escalou para cobrir a chegada de Ney ao Senado, a quem não conhecia. Informou apenas tratar-se de uma figura engraçada. Produzi uma página inteira no velho DP que deixou o senador boiadeiro, como assim se referia a ele o então colunista José Adalberto Ribeiro, lelé da cuca. No dia seguinte, fui fazer uma entrevista com ele sobre seu primeiro dia de senador e levei a pior. Trancou-me no seu gabinete, desligou o ar-condicionado e revelou toda a sua faceta violenta, passando um revólver na minha venta. Mais tarde, o episódio foi superado, Ney virou uma das melhores fontes como líder da tropa de choque do então presidente Fernando Collor.
Ameaça de bofetes – José Mendonça Bezerra, pai do ex-governador, ex-ministro e atual deputado federal Mendonça Filho, foi um dos políticos mais habilidosos que convivi, desde que não pisasse no seu calcanhar. Perdi as contas que por ele fui agredido. Corria o mês carnavalesco de fevereiro de um ano que não lembro mais, recebi um grosso telefonema dele dizendo que não ia naquele dia a uma famosa prévia extremamente concorrida, onde se divertiam políticos e jornalistas, para não me esbofetear. A razão? Uma notinha sobre o filho – nem lembro o assunto – que o havia tirado do sério. Mas diferente da maior parte dos políticos que perdem a cabeça, Mendonção se arrependia, pedia perdão e fazia juras de amor. Era bonachão e divertido. Só não aceitava bombardeios em direção ao amado Mendonça Filho, seu herdeiro na vida pública.
CURTAS
POR POUCO – Na Câmara dos Deputados, que cubro desde que me entendo de gente, o então deputado José Carlos Vasconcelos, cunhado do ex-senador Marcos Freire, me insultou no restaurante do décimo andar também por causa de uma nota na coluna. Não chegamos às vias de fato graças à coleguinhas que presenciaram a cena.
MURRO – Já o ex-deputado Nilson Gibson, muito amigo de Arraes, me ligou para dizer que não aparecesse na Câmara dos Deputados num determinado dia, bufando de raiva por causa de uma matéria minha no DP, porque também iria me bater. Baixinho e adepto desse tipo de comportamento, Gibson levou um murro de Ricardo Fiúza no plenário da Casa, mas por outro motivo.
COMUNISTA – Por fim, o deputado Inocêncio Oliveira, quando ainda não era famoso, integrante do baixo clero na Câmara, me convidou para editar o jornal dele em Serra Talhada. Não gostou das mudanças na linha editorial, me chamou de comunista e ainda me expulsou aos gritos da sua fazenda no dia do nosso acerto de contas. Com o tempo, virou uma boa fonte e até me levou para almoçar no Palácio do Planalto quando presidente da República interino.
Perguntar não ofende: Por que os políticos não sabem conviver com a crítica ?