O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) respondeu ao processo de controle administrativo movido pela Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE), no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), sobre as mudanças no funcionamento das novas 12 diretorias. Um ofício assinado pelo presidente do TJPE, desembargador Ricardo Paes Barreto, destaca que a OAB-PE foi informada e participou, desde o segundo semestre de 2023, todas as etapas que antecederam a implementação das novas medidas, que entraram em vigor a partir de maio de 2024.
O assunto ganhou grande repercussão na noite deste sábado (19), quando foi divulgado nas redes sociais pelo advogado Almir Reis, candidato à presidência da OAB nas eleições que acontecem no mês de novembro. “Venho de forma objetiva e clara compartilhar algo muito importante com a advocacia: a recente resposta do TJPE ao CNJ acerca das mudanças que impactam cada advogado e advogada militante”, disse Almir Reis em sua postagem nas redes sociais.
De acordo com a resposta do TJPE enviada ao CNJ, a OAB-PE participou ativamente de reuniões e discussões quinzenais sobre a criação das Diretorias de Processamento Remoto do 1º Grau e da Central Judiciária de Processamento Remoto (CENJUD).
“Durante esse período, que se estendeu por mais de um ano, não houve qualquer manifestação contrária ou objeção formal por parte da OAB/PE, evidenciando que a entidade esteve ciente e não se opôs ao processo de implementação”, afirma o ofício.
“Foram realizadas exposições e encontros com a OAB/PE, nos quais o novo formato de processamento foi detalhadamente apresentado, em uma demonstração clara da transparência e abertura ao diálogo mantidas por esta gestão”, complementa o documento.
A posição do Tribunal é de que as críticas surgiram em um contexto político, já que a OAB-PE está em período eleitoral para a escolha de seus novos dirigentes, com eleições marcadas para o próximo dia 18 de novembro. O TJPE aponta que, em março de 2024, a OAB-PE foi notificada para a escolha da lista sêxtupla de advogados para uma vaga de desembargador pelo quinto constitucional, mas optou por postergar essa escolha para novembro.
“Notadamente, a OAB/PE, requerente neste procedimento, encontra-se, neste momento, em pleno período eleitoral para a escolha de seus dirigentes, tanto é que foi notificada em março de 2024 para a escolha da lista sêxtupla de advogados, referente a uma vaga de desembargador(a) pelo quinto constitucional, e optou por postergar essa escolha para novembro de 2024”, observa o TJPE na resposta encaminhada ao CNJ.
Além disso, o TJPE questionou a base utilizada pela OAB-PE para fundamentar o pedido feito junto ao CNJ, que foi uma pesquisa realizada com cerca de 1.400 advogados — número que representa menos de 5% dos 45 mil inscritos na seccional.
Segundo o TJPE, a pesquisa não possui validade científica, comprometendo a sua credibilidade. Agora, a partir da resposta enviada pelo TJPE, a conselheira nacional de justiça Daniela Pereira Madeira analisará o pedido da OAB-PE, para decidir sobre o futuro das medidas adotadas pelo poder judiciário.
Em maio deste ano, a então presidente em exercício da OAB Pernambuco, Ingrid Zanella, participou da inauguração das novas diretorias e apareceu ao lado do desembargador Ricardo Paes Barreto em fotos e vídeos registrados nas redes sociais, o que corrobora.
Machados, município da Zona da Mata Norte de Pernambuco, amanheceu neste domingo (20) com uma tragédia nas proximidades da estrada de acesso à cidade. O trio elétrico Zeus, que participou da festa de vitória do prefeito reeleito Juarez da Banana na noite deste sábado (19), sofreu um acidente e caiu em uma ribanceira. Três componentes morreram, enquanto outros seis ficaram feridos.
As informações foram confirmadas por Juarez da Banana em suas redes sociais. Ele também expressou condolências pela fatalidade. “É com tristeza que recebo a notícia do acidente com o Trio Zeus, e o falecimento de três dos componentes, além dos seis feridos, que nesse momento recebem todos os cuidados necessários por uma equipe de seis médicos, quatro enfermeiros e técnicos preparados para realizar os procedimentos necessários até a remoção para outros hospitais.”
O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) foi acionado por volta das 8h45. Em nota, a corporação informou que a equipe está no local e a ocorrência segue em andamento.
O local do acidente, a Curva da Pedra, já havia sido palco de outra tragédia em 2004, quando o ônibus da Banda Metade se envolveu em um acidente que vitimou dois integrantes, incluindo a cantora Dani.
Um total de 22.135 clientes da Enel, concessionária de energia, estão sem luz na manhã deste domingo (20) no estado de São Paulo, após a chuva desse sábado (19). Segundo a empresa, o número representa 0,27% do total de usuários.
Apenas na capital paulista, são 15.570 imóveis sem energia elétrica, sendo a mais atingida em números absolutos. Na sequência, vem São Bernardo do Campo, com 2.693 clientes sem energia elétrica.
Segundo a Defesa Civil estadual, o domingo será marcado pelo tempo instável em todo o estado, mesmo com a frente fria já se afastando do território paulista.
“As temperaturas não subirão tanto e a sensação térmica será mais amena. Não há risco para tempestades em nenhuma das áreas monitoradas”, informou, em nota.
O órgão acrescenta que há possibilidade para pancadas de chuvas isoladas, seguidas por raios em especial nos municípios que fazem divisa com o sul de Minas Gerais. Além disso, como o solo já está encharcado devido aos acumulados das últimas 24 horas, a Defesa Civil recomenda atenção em áreas mais vulneráveis, pois há risco para transtornos.
É com imensa tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Alberto Ferreira da Costa. Um dos mais destacados empresários do nosso Estado, Alberto Ferreira da Costa deixa um legado que vai muito além dos negócios. Ele foi um verdadeiro visionário, com uma trajetória marcada pela inovação, ética e compromisso com o desenvolvimento de Pernambuco. À frente do Hospital Português e da Rio Ave, ele mostrou que é possível aliar excelência empresarial com responsabilidade social, sempre buscando o bem-estar da nossa comunidade.
Alberto Ferreira da Costa era mais do que um empresário de sucesso; ele era um cidadão comprometido com o futuro de Pernambuco e com o bem-estar coletivo. Sua atuação inspiradora, tanto no setor de saúde quanto no setor imobiliário, e seu envolvimento em causas sociais importantes, o tornaram uma figura admirada e respeitada por todos.
Em nome da A Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE) e de todos os nossos associados, deixo nossas condolências à família, aos amigos e a todos os colaboradores que tiveram o privilégio de trabalhar ao seu lado. Que o exemplo de vida e de empreendedorismo deixado por Alberto Ferreira da Costa continue a guiar as futuras gerações e a contribuir para o progresso de nosso estado.”
Pesquisadores e gestores públicos debateram esta semana a utilização da inteligência artificial e a governança de dados nas políticas públicas da educação. O seminário Educação, Governança de Dados e Inteligência Artificial, promovido pelo Ministério da Educação, buscou apontar alternativas para o gerenciamento de informações que garantem direitos e o uso de dados na tomada de decisões. O evento foi realizado em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e o Instituto Federal de Brasília (IFB).
Se analisados em tempo real, por exemplo, dados como a frequência em aulas podem ser usados para auxiliar uma instituição de ensino a tomar medidas necessárias para apoiar estudantes, garantindo a permanência dos alunos e o acesso à educação.
A diretora de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica (SEB), Anita Gea Martinez Stefani, afirma que um dos desafios é conseguir documentos como o histórico escolar da educação básica para alunos que estudaram em mais de uma instituição, demonstrando a necessidade de atualizar a forma que os dados são tratados na rede de educação como um todo.
“Quando falamos sobre interação e interoperabilidade de dados e conexão das informações, estamos falando sobre fornecer direitos, serviços públicos que já poderiam estar disponíveis, mas que tecnicamente a gente ainda não se organizou para disponibilizar para os cidadãos”, ressalta a diretora.
Para lidar com a demanda de atualização dos métodos usados atualmente, foi criado o Gestão Presente, um hub educacional (plataforma de armazenamento e organização de dados). O sistema foi desenvolvido em parceria do MEC e com o Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES/UFAL), para ser um Hub de Dados da Educação Básica, que armazena informações de estudantes e auxilia nos processos de gestão escolar, como diário de classe, matrícula, entre outros.
O representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Vilmar Klemann, também elenca alguns dos desafios enfrentados, como dados incorretos ou incompletos, a leitura e análise de dados e falta de profissionais qualificados.
“Geralmente profissionais qualificados não ficam nas redes municipais e infelizmente resulta em uma rotatividade muito alta”, lamenta Klemann.
As discussões apontaram como a tecnologia pode ser aplicada não só como recurso educacional, mas como ferramenta de otimização, auxiliando a escola a ser mais eficiente na gestão da educação.
Morreu, neste domingo (20), aos 88 anos, o provedor do Real Hospital Português de Beneficência em Pernambuco e fundador da construtora Rio Ave, Alberto Ferreira da Costa. A informação foi confirmada pela assessoria do hospital.
O empresário português era casado com Maria do Carmo Ferreira de Castro e Costa e teve três filhos: Álvaro, Cláudia e Alberto Júnior.
O empresário Alberto Ferreira da Costa nasceu em 4 de maio de 1936 em Freguesia de São Simão da Junqueira, concelho de Vila do Conde, em Portugal.
Ainda criança, aos 9 anos, começou a trabalhar na cidade Póvoa de Varzim, em uma carvoaria. Já aos 12 anos, seguiu para a cidade do Porto, como balconista da mercearia Rosa Leite. Na década de 1950, aos 15 anos, mudou-se para o Brasil para tentar uma vida melhor na cidade do Recife.
Após alguns anos no País, em 1958, fundou a Rio Ave, empresa pernambucana que atua no setor da construção civil, locação de imóveis, hotelaria e soluções ambientais. A construtora foi batizada em homenagem a um dos rios mais importantes do seu país de origem.
Em 1971, ergueu seu primeiro empreendimento no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o Edifício Luzitânia.
A sua história no Real Hospital Português – maior complexo hospitalar do Norte e Nordeste do País – começou em 1971, ano em que tornou-se sócio da instituição. Em 1976, foi eleito mordomo, alcunha dada aos integrantes da Junta Administrativa da Instituição.
Já em 1992, assumiu o cargo de provedor, líder que tem o poder decisório dentro do Hospital e norteia os rumos que a unidade deve tomar. Ele foi reeleito por diversas vezes até a atualidade, ficando fora do cargo apenas entre os anos de 1995 e 2000.
Em 2011, o empresário fundou o Instituto de Ensino e Pesquisa Alberto Ferreira da Costa, que faz parte do Complexo do Hospital. A instituição, entre outras atividades, coordena os Programas de Residências Médica e Multidisciplinar.
Já em 2018, inaugurou a Escola de Saúde do Real Hospital Português, voltada para a capacitação técnica e o aperfeiçoamento profissional.
Homenagens
Durante a sua trajetória, recebeu inúmeros títulos e honrarias em reconhecimento aos serviços prestados à sociedade pernambucana, entre eles os títulos de cidadão pernambucano e do Recife.
Em 2022, a Câmara dos Vereadores do Recife concedeu a Alberto, em sessão solene, a medalha de mérito José Mariano.
Já em 2023, o então corregedor-geral da Justiça de Pernambuco e atual presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), desembargador Ricardo Paes Barreto, entregou a homenagem pelos 52 anos da Corregedoria ao provedor do Real Hospital Português.
A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta que estabelece a gratuidade dos exames de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para condutores com mais de 60 anos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).
Por recomendação da relatora, deputada Dayany Bittencourt (União-CE), o texto aprovado foi o substitutivo da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, também elaborado pela parlamentar, ao Projeto de Lei 4036/20, do ex-deputado Léo Moraes (RO). O texto original previa gratuidade a todas as pessoas com mais de 65 anos nos exames de aptidão física e mental para renovação da CNH.
Dayany entendeu que o benefício deveria ser limitado a condutores inscritos no CadÚnico, de forma que a gratuidade beneficie apenas os que dela necessitam. Além disso, a idade para gozo do benefício foi alterada para 60 anos, que é a prevista no Estatuto da Pessoa Idosa (Lei 10.741/03).
A relatora lembrou ainda que o substitutivo incluiu uma fonte de custeio para o benefício. “Determinar que as despesas decorrentes da gratuidade sejam financiadas pelo Fundo Nacional de Segurança de Trânsito (Funset) – que recebe 5% dos valores arrecadados com multas de trânsito – garante que o projeto tenha sustentabilidade financeira sem impactar outros setores do orçamento público”, disse Dayany Bittencourt.
O projeto altera o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97).
Próximos passos
A proposta será ainda analisada, em caráter conclusivo, pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Além das comissões de Finanças e Tributação e de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, a proposta foi aprovada também pela Comissão de Viação e Transportes.
Para virar lei, a medida precisa ser aprovada pelos deputados e pelos senadores.
Foi protocolado no Senado um projeto de lei que estabelece garantias e medidas emergenciais para proteção dos consumidores afetados por apagões elétricos. A proposta também trata das responsabilidades das concessionárias e outros eventuais agentes causadores dos apagões. Entre as medidas previstas, estão a indenização por danos e o ressarcimento aos atingidos, além da obrigatoriedade de planos de contingência por parte das concessionárias.
Apresentado pelo senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), o PL 4.009/2024 aguarda despacho para análise das comissões permanentes.
Na justificativa do projeto, o senador registra o recente apagão de energia elétrica na cidade de São Paulo, que durou vários dias em algumas localidades e prejudicou cidadãos e comerciantes. Entretanto, ele lembra que há diversas outras cidades brasileiras que também já passaram e passam por apagões, inclusive em seu estado, Roraima.
“A Região Norte, especialmente o estado de Roraima, enfrenta historicamente problemas relacionados à falta de energia elétrica estável. Roraima é o único estado que ainda não está plenamente integrado ao Sistema Interligado Nacional e depende de energia gerada por termelétricas, o que resulta em fornecimento precário e de alto custo. (…) Urge a necessidade de ações para, efetivamente, assegurar que a questão do fornecimento de energia em estados como Roraima seja tratada com a devida prioridade”, afirma Mecias.
O projeto estabelece garantia de ressarcimento de crédito nas contas de luz residenciais, industriais, comerciais e rurais que tiverem o suprimento de energia interrompido por período superior a 12 horas consecutivas ou sofram interrupções que somem 12 horas ou mais em um período de 30 dias.
Além disso, o projeto cria outras possibilidades de compensação:
isenção de pagamento das tarifas de energia elétrica durante o período de interrupção para consumidores de baixa renda;
indenização por danos ou lucros perdidos, a ser paga pela empresa distribuidora, em casos onde a interrupção do fornecimento ocorrer por falha de manutenção;
ressarcimento automático para todos os danos materiais causados aos consumidores, decorrentes da interrupção do fornecimento;
suspensão do pagamento das dívidas de energia elétrica dos consumidores afetados até que os créditos e as indenizações sejam integralmente concedidos; e
indenização emergencial para consumidores que tiverem o suprimento de energia interrompido por calamidade pública.
Plano de contingência
O projeto também determina que as concessionárias de energia elétrica deverão apresentar relatórios detalhados dos períodos de interrupção, incluindo data e hora de início e término. Além disso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá garantir que as empresas geradoras e distribuidoras de energia elétrica criarão planos de contingência para evitar apagões, com criação de redes de fornecimento redundantes, manutenção periódica e preventiva das redes de energia, com relatórios públicos, e instalação de sistemas de backup de energia em regiões críticas e áreas não integradas ao Sistema Interligado Nacional que possam entrar em operação automaticamente em caso de falhas prolongadas no fornecimento.
“As medidas propostas buscam estender proteção imediata aos consumidores de energia elétrica que sofrem as consequências dos apagões, garantindo compensações financeiras e o restabelecimento rápido e seguro do fornecimento. (…) Este projeto de lei se faz urgente e necessário para proteger os direitos dos consumidores, garantir a continuidade dos serviços essenciais e fortalecer a infraestrutura energética do país, especialmente nas regiões mais vulneráveis, como a Região Norte e estados que ainda sofrem com os apagões de energia”, analisa Mecias.
Ainda de acordo com a proposta, os agentes causadores de apagões elétricos, incluindo concessionárias e empresas terceirizadas, serão responsabilizados diretamente pelos prejuízos causados aos consumidores e deverão arcar com indenizações por danos morais e materiais. Também poderão ter penalidades administrativas impostas pela Aneel, proporcionais à gravidade do apagão e à extensão dos danos causados.
Fui criado moleque de rua, pés descalços na terra seca do Sertão. Cresci num mundo de paz, mas povoado por personagens que me davam pavor, como Zé Doido, que revidava as provocações dos meus amigos de infância, em Afogados da Ingazeira, atirando pedras.
Havia também Coqueirão, um gasguito de tão magra, mas tão alta que tirava coco sem vara. Também Isabé Galinha, uma maltrapilha que não tomava banho. Zé Pretinho, Dom João e Perna de Pau também ainda continuam remoendo as memórias dos meus anos dourados.
Isso me faz lembrar as lições de Cora Coralina: o saber a gente aprende com os mestres e os livros, mas a sabedoria se aprende com a vida e com os humildes. Zé Doido tinha a loucura que só compreendi quando li Machado de Assis pela primeira vez. “A loucura é uma ilha perdida no oceano da razão”, escreveu o maioral dos cronistas brasileiros.
Ninguém nasce louco. A vida, sim, é que é enlouquecedora. Como me doía ver meus amigos infantis insultar Zé Doido. Carlos Drummond de Andrade tem um poema que se insere no mundo dos personagens folclóricos, divertidos, mas ao mesmo tempo produtos das desigualdades deste país desigual: “Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar”, resumiu ele.
Quando falo do meu passado, falo também de saudade. A saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas. O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminuem ou alteram no sentido de lhes dar outro aspecto.
Em Menino do Engenho, José Lins do Rêgo também manifesta traumas da sua infância. A maior delas foi a morte da mãe. “A morte de minha mãe me encheu a vida inteira de uma melancolia desesperada. Por que teria sido com ela tão injusto o destino, injusto com uma criatura em que tudo era tão puro?”, escreveu.
Como eu, que não entendia de nada, nem muito menos sabia explicar o povoamento de tanta gente débil em minha cidade, José Lins do Rêgo também foi no mesmo diapasão. “Eu não sabia nada. Levava para o colégio um corpo sacudido pelas paixões de homem feito e uma alma mais velha do que o meu corpo”.
Fernando Pessoa foi um poeta de alma muito parecida. “Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo”, disse num poema. A gente cresce, rompe o cordão umbilical, mas vive catando pedaços do que vivemos quando escrevemos. Eu sou do tamanho do que vejo o meu mundo todo próprio e não do tamanho da minha altura.
Clarice Lispector, que li muito em várias fases da minha vida, me ensinou: “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento”.
Como diz Coralina, todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.
O ticket médio de venda dos carros usados no Brasil atingiu, em setembro, o valor de R$ 83.273, superou o valor registrado em junho (R$ 81.908) e alcançou o recorde no ano. Os dados são do Estudo Megadealer de Performance de Veículos Usados powered by Auto Avaliar (PVU). Apesar do recuo na margem bruta, que voltou a 10,7% após atingir seu melhor resultado em agosto (11,2%), e no retorno sobre o investimento (ROI) médio das concessionárias (72%), o giro de estoque voltou à sua menor média registrada nos últimos anos, 34 dias, o que indica uma procura aquecida por parte dos consumidores. “Observamos um cenário de alta constante do mercado de usados. Quando consideramos o atual momento da economia do país, ainda em recuperação e com previsões de aumento de juros, esses números são bastante representativos”, avalia Fábio Braga, Country Manager da MegaDealer.
De acordo com a Fenabrave, a federação dos distribuidores, em setembro foram comercializados 1,026 milhão de carros e comerciais leves usados, um crescimento de 13,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Por região do país, destaque para o Norte e Nordeste, que apresentaram giro de estoque mais rápidos, 31 e 28 dias, respectivamente, e maior ROI no caso do Norte (11%, juntamente com a região Sudeste).
Os mais rentáveis – O Toyota Yaris Sedan ocupou o topo do ranking dos carros usados mais rentáveis. No mês de setembro, o modelo permaneceu em média apenas 36 dias no estoque das concessionárias, um pouco acima da média geral, porém foi comercializado por um valor de R$ 90 mil, com ótima margem bruta de 11,4%. Em agosto, o Toyota Yaris Sedan já havia ocupado a terceira opção no ranking. Na segunda posição ficou o Honda City Hatch, com preço médio de R$ 111 mil, margem bruta de 10,3% e giro de estoque médio em 33 dias. Também da Toyota, o Corolla se manteve no Top 3, após ocupar a segunda posição do ranking de rentabilidade de agosto. Desta vez o modelo apresentou margem bruta de 9,6%, preço médio de 134 mil e, isoladamente, o menor giro de estoque do mês: 32 dias. A amostra do estudo engloba 2.788 concessionárias de 23 diferentes marcas conectadas na plataforma Auto Avaliar.
Mercado de caminhões – As vendas do segmento específico de caminhões novos no Brasil apresentou crescimento expressivo em 2024, com um aumento de 15,53% entre janeiro e agosto, segundo a Fenabrave, a federação nacional dos revendedores. Nesse período, foram comercializadas 77.828 unidades, em contraste com 67.368 vendidas em 2023. Somente no mês de agosto deste ano foram vendidos 11.303 caminhões – um salto de 26,38% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse desempenho positivo tem sido impulsionado, em grande parte, pelo agronegócio, que exportou US$ 14,14 bilhões também em agosto, com destaque para o complexo da soja, carnes, e o mercado sucroalcooleiro e da indústria, setores que continuam a se expandir e aumentar a necessidade por veículos de carga. Tais resultados indicam uma tendência de melhoria para o setor agrícola, o que reforça a importância da indústria de caminhões no suporte às cadeias produtivas do país, principalmente para o escoamento eficiente dessas commodities. Atento ao aumento na procura por caminhões, o consórcio de veículos pesados tem ganhado relevância no mercado. Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac) mostram que mais de 38 mil contemplações, exclusivas de caminhões, foram realizadas nos primeiros oito meses de 2024, representando 32,9% das vendas totais de veículos pesados no mercado interno e atingindo 115,98 mil unidades.
Novo 2008 elétrico custa R$ 270 mil – O novo SUV compacto e-2008 da Peugeot acaba de ser lançado oficialmente no Brasil por R$ 269.990. Além do visual reestilizado, vem com mais equipamentos e, principalmente, bateria de maior capacidade de autonomia. O motor elétrico agora é de 158cv, com torque de 26,5kgfm. O modelo acelera de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos, com velocidade máxima limitada eletronicamente a 150 km/h. O conjunto é alimentado por um (também novo) conjunto de baterias de 54 kWh de capacidade. Com isso, segundo dados do Inmetro, a autonomia agora chega a 261km.
Mini Cooper S de 4 portas – A montadora britânica Mini lançou no Brasil o novo Cooper S com carroceria 4 portas. São duas versões: a Exclusive (R$ 250 mil) e a Top (R$ 280 mil). O modelo mudou tanto por fora quanto por dentro, mas resgata alguns detalhes da versão original dos anos 60. Tem entre-eixos 7,2cm maior e 16cm a mais no comprimento em relação ao de duas portas, com o porta-malas também ficando mais espaçoso. Por dentro, destaque para a nova central multimídia de 9,44″ (claro que com formato redondo, garantindo o característico layout dos antigos Mini). As duas versões têm motor 2.0 turbo de 204cv e 30,0kgfm. O câmbio é automatizado de dupla embreagem e 7 marchas. O Mini Cooper S vai de 0 a 100 km/h em 6,6 segundos e chega aos 240 km/h de velocidade máxima.
GM lança serviço por assinatura – A General Motors também entrou, com a Fleet, no mercado de carros por assinatura. Praticamente todos os modelos Chevrolet estão disponíveis, do compacto Onix aos novos elétricos Blazer e Equinox, com planos de 12, 24 ou 36 meses e 1.000 a 3.000 quilômetros por mês. Os assinantes também não se preocupam com despesas com documentação, IPVA, seguro, manutenção programada, carro reserva e assistência 24 horas. Preços? No caso dos elétricos, por exemplo, variam de R$ 13.299 mensais para a Blazer a R$ 11.649 para a Equinox. Um Onix hatch LT 1.0, com transmissão manual e plano de 36 meses, com franquia mensal de 1.000km, custa R$ 1.877/mês
Nova picape Hunter – A JAC Motors acaba de anunciar o lançamento da picape Hunter para o consumidor brasileiro. Ele vem em versão única (HD 4×4 AT), como motor turbodiesel, tração nas 4 rodas e transmissão automática de oito marchas. Mede 5.330m de comprimento, 1.965m de largura e 1.920m de altura, com entre-eixos de 3.110m. A capacidade de carga útil é invejável: são 1.400kg. Como tem sido frequente no segmento automotivo, o lançamento vem com ‘preço promocional’: a picape custa R$ 260 mil, mas os primeiros compradores pagarão R$ 240 mil, com condições ‘mais especiais’ ainda a venda direta ao produtor rural. Agora, a JAC inventou um negócio interessante: levar o modelo até a casa do cliente, para que ele possa conhecê-lo. É uma espécie de test drive delivery. Isso vale para pelo menos 100 cidades. Ela usa um 2.0 turbodiesel capaz de entregar 191cv de potência e 46,9kgfm de torque. A tração tem opções 4×2 (traseira), 4×4 High (integral) e 4×4 Low (reduzida), com quatro modos de condução: normal, sport, econômico e lama.
Toro: 550 mil unidades – E por falar em picape, vale lembrar que a Toro, da Fiat, chegou ao mercado brasileiro em fevereiro de 2016 e, desde então, se destacou, liderou e criou até concorrentes – e que, este mês, alcançou a produção de 550 mil. Toda montagem é concentrada na fábrica de Goiana (PE) ao lado dos modelos da Jeep (Renegade, Compass e Commander) e da prima RAM Rampage. A picape tem como bom diferencial a capacidade para levar até 937 litros e carregar até 1 tonelada (carga total, incluindo passageiros).
Motorista ou cobrador? – Um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados proíbe o acúmulo de cargos de motorista de ônibus e de cobrador. A proposta estabelece pena de detenção de seis meses e multa para os proprietários de empresa que exigirem ou permitirem esta prática. A iniciativa é da suplente de deputada Loreny (Solidariedade-SP) – atualmente fora do exercício do mandato – apoiada pelos deputados Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Luiz Carlos Motta (PL-SP). Loreny afirma que o acúmulo das funções de motorista e de cobrador nos transportes coletivos coloca em risco a segurança de passageiros, motoristas e pedestres, além de submeter os trabalhadores a condições degradantes. “A principal função do motorista é conduzir o veículo com total atenção e responsabilidade”, diz a autora. “Ao acumular funções, o motorista se vê obrigado a desviar a atenção da direção, e a distração aumenta significativamente o risco de acidentes”, acrescenta.
Preço dos combustíveis no NE cai – Análise mais recente do índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), levantamento que consolida o comportamento de preços das transações nos postos de abastecimento, revela que o preço médio do litro da gasolina foi comercializado a R$ 6,35 no Nordeste na primeira quinzena de outubro. Isso significa uma redução de 0,31% ante ao consolidado de setembro. Os preços médios do etanol e do diesel S-10 também caíram nos postos de abastecimento nordestinos, sendo encontrados a R$ 4,73 (-1,46%) e R$ 6,19 (-0,16%). Em contrapartida, o diesel comum, vendido, em média a R$ 6,17, apresentou acréscimo de 0,49%. Com exceção do diesel comum, o preço dos combustíveis repassado aos motoristas da região diminuiu. O recuo de 1,46% no valor do litro do etanol foi o maior em todo o país e Pernambuco ficou entre os estados brasileiros com a maior queda no preço do biocombustível, de 4,62%. Outros estados também apresentaram baixas significativas, como Sergipe, com a maior queda no preço do diesel comum, de 2%, e o Piauí, que apresentou a maior redução no preço da gasolina de 1,87%. “Diante desse cenário, mesmo com recuo importante, o etanol só foi considerado financeiramente mais interessante na Bahia e na Paraíba”, comenta Douglas Pina, Diretor-Geral de Mobilidade da Edenred Brasil.
Cabos de ignição: quando substituir – Esses componentes são essenciais para conectar a bobina às velas de ignição, conduzindo através da alta tensão que pode chegar próximo dos 45 mil volts, a corrente elétrica necessária para o funcionamento do motor. Quando apresentam defeitos, podem comprometer essa condução e causar problemas no motor e aumento de consumo de combustível. Para ajudar motoristas a identificar o momento de trocar os cabos de ignição, a NGK, marca da Niterra especializada em componentes para sistemas de ignição, lista cinco sinais de desgaste:
1 – Dificuldade na partida: se o veículo apresenta problemas ao ligar, isso pode indicar falhas nos cabos de ignição, que não estão conduzindo a corrente elétrica de forma eficiente.
2 – Marcha lenta irregular: pode refletir diretamente na eficiência do motor, sugerindo possíveis falhas nos cabos e sistema de ignição.
3 – Falhas na aceleração e retomada de velocidade: cabos danificados podem causar falhas durante a aceleração e na retomada de velocidade, afetando a performance do veículo.
4 – Aumento do consumo de combustível: problemas na condução da corrente elétrica podem levar a uma combustão ineficiente, resultando em maior consumo de combustível.
5 – Aumento nas emissões de gases poluentes: cabos de ignição defeituosos podem prejudicar a queima do combustível, elevando as emissões de gases poluentes e impactando o meio ambiente.
Testes e inspeções – Além dos sinais mencionados, inspeções regulares podem auxiliar na manutenção preventiva. Uma análise visual dos cabos é um bom ponto de partida. O mecânico deve verificar sinais de oxidação, fuga de corrente elétrica, ressecamento ou danos causados por agentes químicos. A medição da resistência elétrica com um multímetro é útil para identificar problemas nos cabos. Outros testes, como a avaliação da isolação elétrica e a medição da tensão do secundário do sistema de ignição, requerem equipamentos específicos. “Os cabos de ignição têm uma vida útil estimada de três anos ou 70.000 km, o que ocorrer primeiro. Portanto, é essencial realizar a manutenção preventiva regular do sistema de ignição”, afirma Hiromori Mori, consultor de assistência técnica da Niterra. “Cada motor possui uma ordem de ignição específica, que não deve ser alterada. Por isso, a substituição dos cabos deve ser feita por um mecânico de confiança, para garantir que a ordem de ignição e o funcionamento do motor sejam mantidos corretamente.”
Prevenção de desgastes – Para prevenir o desgaste dos cabos de ignição, a NGK recomenda testes de isolação elétrica para identificar possíveis comprometimentos, medição da resistência elétrica dos cabos, já que uma alta resistência dificulta a passagem da corrente, e verificação de sinais de flash-over, que são marcas visíveis e indicam passagem indesejada de corrente elétrica entre os cabos e as velas. Também é importante avaliar a integridade da borracha dos terminais, pois ressecamento ou flacidez comprometem a isolação, enquanto fios rígidos indicam deterioração dos cabos.
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico