Dueire participa de lançamento de campanha em Lagoa Grande

O senador Fernando Dueire (MDB) participou do lançamento oficial da campanha à Prefeitura da atual vice-prefeita de Lagoa Grande, Catharina Garzieira. O deputado estadual Jarbas Filho também marcou presença no evento.

A ação incluiu um adesivaço e uma carreata pela cidade e contou com a presença do candidato a vice, Olavo Marques, e do atual prefeito, Vilmar Cappellaro. “Somar forças com Catharina é fortalecer um trabalho sério e comprometido que já vem sendo feito pelo prefeito Vilmar. Lagoa Grande deixou de ser passagem para ser destino”, afirmou o senador, que aproveitou a ocasião para conhecer as instalações do novo Centro de Treinamento e Aprendizado de Lagoa Grande, equipamento que será inaugurado nos próximos dias.

O roteiro do senador pernambucano no último final de semana contou ainda com eventos e ações nas cidades de Camaragibe, Macaparana, Dormentes, Afrânio, Ouricuri e Bodocó.

Uma confusão generalizada marcou o domingo de campanha na cidade de Rio Formoso, no Litoral Sul de Pernambuco. Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra militantes dos candidatos Berg de Hacker (PSDB) e Salmo Valentim (PSB) trocando socos após os dois grupos se encontrarem durante a realização de atos de campanha em um jogo de futebol.

Nas imagens, é possível ver o momento em que outro grupo de militantes, liderados pelo candidato a prefeito Salmo Valentim (PSB), que vestem vermelho, adentram no campo com um mini trio elétrico.

Assim que os dois grupos se encontram, tem início uma briga generalizada com direito a troca de socos, empurrões e objetos voando. Em determinado trecho da gravação, é possível ver que um apoiador de Salmo Valentim segura e agride um eleitor de Berg de Hacker com vários socos. Esse homem tem sua camisa rasgada por aliados de Hacker que tentavam apartar a agressão.

A confusão só teve fim quando seguranças apareceram no local e conseguem acalmar os ânimos dos manifestantes.

A prefeita da cidade, Izabel Hacker, informou pelas redes sociais que o Samu foi acionado e que pessoas envolvidas na briga precisaram ser levadas para atendimento em unidades de saúde. O Jornal do Commercio tenta contato com a secretaria de Saúde de Rio Formoso para saber a situação desses manifestantes.

A confusão aconteceu durante a realização de um jogo do campeonato municipal, em um campo aberto no distrito de Cocaú. No local, havia a concentração de militantes do candidato Berg de Hacker (PSDB), apoiado pela atual prefeita Izabel Hacker (PSDB). Os apoiadores aparecem no vídeo vestidos de amarelo.

O que diz Berg de Hacker

O candidato a prefeito Berg de Hacker (PSDB) repudiou as agressões ocorridas durante o evento, afirmando que o opositor Salmo Valentim realizou uma “caminhada ilegal e a utilização de um trio irregular sem aviso prévio, incitando a violência entre os presentes.

O que diz Salmo Valentim

O candidato a prefeito Salmo Valentim (PSB) afirmou pelas redes sociais que sua campanha foi “agredida de forma covarde” pelo candidato opositor, e que a prefeita Isabel Hacker “incitava seus militantes de forma irresponsável”.

PSB Pernambuco lamentou

O PSB Pernambuco emitiu nota afirmando que a confusão ocorreu durante uma atividade de campanha ao ar livre, em espaço público da cidade. O partido repudiou os atos de violência registrados contra a chapa de Salmo Valentim.

Do JC.

A deputada federal Maria Arraes (SD-PE) promove amanhã, às 9h, uma audiência pública para discutir a regulamentação da Lei nº 14.831. Sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 27 de março deste ano, a lei institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, certificação nacional para organizações que implementam políticas e práticas eficazes de promoção da saúde mental e bem-estar de seus trabalhadores.

“Nosso mandato empenhou todos os esforços para garantir a aprovação deste novo marco legal em tempo recorde. O próximo passo da regulamentação é fundamental para a definição clara dos critérios de avaliação das empresas e a formação de uma comissão certificadora que deve ser nomeada pelo governo federal”, afirma Maria Arraes.

Os requisitos para a obtenção do certificado incluem a implementação de programas de apoio psicológico e psiquiátrico, capacitação de lideranças, combate à discriminação e ao assédio, e a promoção de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional dos trabalhadores. A certificação terá validade de dois anos e poderá ser utilizada pelas empresas em suas comunicações e materiais promocionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou nesta segunda-feira um decreto que promete aumentar a oferta de gás natural, barateando o insumo para a indústria.

O decreto é resultado do grupo de trabalho do Programa Gás para Empregar, que há mais de um ano estuda maneiras de incentivar o mercado.

O gás natural é usado como insumo para uma série de produtos, seja como matéria-prima ou como fonte de calor, representando grande parte dos custos da indústria.

O barateamento do gás é uma forma de incentivar o setor.

O decreto dá mais poder à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para atuar em todos os elos da cadeia e determinar a redução dos índices de reinjeção de gás.

O texto também dá poder para a ANP determinar o aumento da produção em campos em operação, revisitando os planos de desenvolvimento apresentados pelas petroleiras à agência reguladora.

Por Aldo Paes Barreto

Não há notícias neste mês de agosto da já tradicional Festa dos Garçons, em Frei Miguelinho, cidade referência da profissão, embora não exista por lá nenhum curso preparatório. Mesmo assim, a tendência para a atividade colocou o município no topo dos geradores de emprego em restaurantes, hotéis e similares.

Vários desses profissionais prosperaram e são proprietários de bem-sucedidos negócios. Aprenderam a cozinhar, a servir e tratar bem os clientes. Não há coisa pior do que o garçom retirar o prato ou copo, quando ainda resta aquele pedacinho que você separou para o final. A fama de Frei Miguelinho nasceu e prosperou com o crescimento do mercado gastronômico no Recife, quando os primeiros restaurantes tomaram lugar das pensões familiares. Geralmente eram de portugueses e empregavam patrícios e parentes recém-chegados.

Início do século. O recifense passou a almoçar fora de casa e comia melhor no Lero-lero, no Cassimiro, no Leite, no Gambrinus. Com a ampliação do mercado, os restaurantes passaram a empregar brasileiros aprendizes da profissão. Mas existiam limites: as vagas eram vedavas às mulheres, pretos ou quem usasse barba, bigode ou unhas sujas.

Os nativos eram preteridos. A aparência pesava, seguindo o caminho que vinha de longe, antes da ocupação holandesa, em 1630. Mas muita coisa mudou. A derrota dos invasores e o consequente retorno dos vencidos, deixaram muitos holandeses no Nordeste. Ficou o DNA.
Dois consagrados livros de autores pernambucanos – “Tempos dos Flamengo”, de José Antônio Gonsalves de Mello e “Olinda Restaurada”, de Evaldo Cabral de Mello, refazem a história.

Recentemente, o historiador Eduardo Fonseca acrescentou que a ausência de mulheres holandesas estimulou a união e mesmo o casamento de militares e colonos holandeses com filhas de abastados senhores de engenho luso-brasileiros, ou com índias, negras, caboclas, mulatas e brancas locais. Novos caracteres acrescentados à nossa multirracial gente nordestina.

Quando a guerra terminou, temerosos da vingança dos nativos – e não sem motivo – aqueles invasores que não tinham como voltar à Holanda ficaram longe do litoral. Há registro da presença deles nas margens do São Francisco, na zona rural de Triunfo e em inúmeros povoados do interior. Quem pesquisar vai encontrar boas mostras do material genético na nossa gente.

Os invasores sobreviveram e deram variadas contribuições à receptiva terra nordestina. Na urbanização, na cultura. Na gastronomia, quase nada. Na guerra, o prioritário é saber se vai comer e não o quê. Os neerlandeses sobreviveram e se adaptaram rapidamente. Caminhavam apressados, hábito adquirido nos longos combate na terra que queriam conquistar. Faz bem ao coração. Pesquisas recentes descobriram que Frei Miguelinho é o maior município do Estado com número de pessoas acima dos 60 anos.

Garçons não morrem do coração. Mas podem matar.

Lá pelos anos 1970. Recém-formado, o advogado e escritor Arthur Carvalho recebeu no Recife antigo colega de faculdade. Tratava-se de destacado jurista exercendo importantes funções em Brasília. O convidado queria voltar no tempo, saborear galinha de cabidela, sarapatel, tomar um bom aperitivo e, na sobremesa, cocada de coco queimado. Na época, não havia explicação, mas era proibido servir cachaça nos restaurantes. Ofereciam conhaques de má fama, vinhos vinagrados. Nossa cachaça, nem pensar.

Arthur levou o colega jurista a um da poucos restaurante de comidas regionais da época: o Sarapatel do Gregório. Na entrada, o jornalista segredou ao garçom que, mais discretamente possível, servisse uma caninha ao convidado. Era proibido, mas ele dava um jeito. E dali mesmo o despachado garçom gritou para o balcão: Solta um pão na serra e uma Pitu na xícara…

Arthur quase enfarta.

O ex-governador do Tocantins, Mauro Carlesse, é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira. As autoridades investigam a participação dele em possíveis crimes de fraude à licitação ocorridos em contratos da extinta Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do estado. Carlesse esteve à frente do governo do estado de 2018 a março de 2022, quando renunciou ao cargo após denúncias de corrupção.

As investigações são parte da Operação Timóteo 6:9. Ao todo, mais de 100 policiais cumprem 30 mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, expedidos pela 4ª Vara Federal de Palmas, na capital Palmas e também nos municípios de Gurupi e Dianópolis. As autoridades averiguam os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O procedimento licitatório investigado pela PF diz respeito a contratação de uma empresa especializada em prestação de serviços de locação de máquinas pesadas e caminhões, fornecimento de combustível e manutenção preventiva e corretiva, com o intuito de atender os escritórios da Agência Tocantinense de Transportes e Obras (Ageto).

Do Jornal O Globo.

O presidente Lula (PT) se reúne com líderes dos partidos da base na Câmara dos Deputados na tarde desta segunda-feira para conversar sobre emendas e pautas econômicas.

O encontro no Palácio do Planalto é alinhar expectativas e permitir que os partidos apresentem suas visões sobre fatos recentes da política para o presidente.

O principal foco é o acordo fechado entre os Três Poderes para criar novas regras às emendas parlamentares. Apesar de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter participado do encontro no STF, a avaliação de integrantes do centrão é a de que as medidas representam retrocesso.

A equipe da articulação política do Planalto também pedirá apoio da base em votações de propostas econômicas nas próximas semanas, como um projeto que regulamenta a reforma tributária.

O Congresso se prepara para votar algumas propostas nas próximas duas semanas. Depois, Brasília ficará esvaziada para que congressistas se concentrem nas campanhas de seus aliados nas eleições municipais de outubro.

O convite para a reunião foi enviado pelo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PP-CE), para todas as lideranças de partidos da base do governo. São eles PT, União Brasil, Republicanos, PP, PSD, MDB, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, PC do B, PV, Rede e PSOL.

A mensagem enviada por Guimarães não diz quais assuntos serão abordados no encontro.

A ausência de explicações e a resposta genérica de que o presidente Lula somente quer conversar abriu espaço para especulações dos líderes partidários.

Uma delas é a sucessão de Lira na presidência da Câmara. Os cotados para sucedê-lo estão na expectativa de que o alagoano cumpra sua promessa de definir até sábado quem receberá sua bênção na disputa.

Disputam a vaga os deputados Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Corre por fora o emedebista Isnaldo Bulhões Jr. (AL).

O presidente da Câmara deu a Lula o poder de vetar um dos nomes. Os dois devem se encontrar nesta semana para Arthur Lira definir quem receberá sua aquiescência.

Da Folha de São Paulo.

O candidato a prefeito de Cabrobó pelo União Brasil, Dr. Lucas Novaes, denunciou uma invasão ao comitê de sua campanha por apoiadores da oposição. “Subiram no muro de nosso comitê e proferiram palavras de baixo calão, tripudiando de nossa candidatura“, relatou.

Dr. Lucas lamentou o ocorrido e fez um apelo para que a campanha eleitoral na cidade seja conduzida de forma civilizada. “Pedimos que essa seja uma campanha pacífica e honrosa. Tomaremos as medidas legais sobre isso. O evento deles parou em frente ao nosso comitê, com o candidato incitando seus militantes, que acabaram subindo no muro de nosso comitê e ofendendo nossa campanha“, afirmou.

Por Fernando Gabeira*

Sinto que é hora de planejar férias. Nada de grandes viagens, mas apenas um mergulho no território da literatura e de outras artes. Isso me ajudou na pandemia. Encontrei a obra de Jorge Luis Borges, quatro volumes editados pela Globo Livros, um refúgio de sensibilidade e erudição. Saltei alguns poemas, mas foi um tempo enriquecedor.

O ato de interpretar o cotidiano da política brasileira desgasta e pede um respiro anual. Pressenti o desgaste do STF quando decidiu julgar, sem estrutura adicional, milhares de pessoas. Prisões consideradas ilegais, problemas na própria cadeia, gente com câncer precisando de tratamento e, sobretudo, penas consideradas muito pesadas — enfim, uma sequência de problemas que acabariam se voltando contra a Corte.

Tentei ser discreto, mas não deixei de mencionar minha apreensão. O resultado foi a desconfiança de que protegia a direita. Da mesma forma que a própria direita acusa a defesa de direitos humanos como proteção de bandidos.

O Supremo agora tomou uma decisão importante, determinando que as emendas parlamentares sejam transparentes e rastreáveis. O Congresso queria retaliar, atribuindo-se o poder de anular decisões do STF. Tomar posição nesse caso valeu críticas dos que combatem o STF.

Enfim, como respondeu o personagem de Samuel Beckett que apanhava todos os dias quando lhe perguntaram quem bateu:

— São os mesmos de sempre.

Isso faz parte do jogo e pode ser levado com certo humor. Mas outros problemas me deixam mais preocupado. Pensei que as eleições municipais fossem discutir as mudanças climáticas e a necessidade de melhor proteção das cidades, sobretudo das áreas mais vulneráveis. A observação do debate em São Paulo não só me desapontou, como trouxe à cena uma imensa ameaça. Sabemos que o crime organizado se infiltra na política. Mas, para sobreviver, precisa aceitar as regras do jogo.

O que acontece lá é diferente. Um homem apontado como criminoso por inquéritos policiais entra na cena política cometendo crimes abertamente, como se invadisse uma residência e rendesse a família. E nada acontece.

Talvez tenha uma sensibilidade especial para esse tipo de problema. Mas, para mim, é o desdobramento da política da extrema direita na versão mais agressiva e, infelizmente, com chances de crescer. Steve Bannon, ex-assessor de Trump, já previu o surgimento de uma extrema direita mais audaciosa e disruptiva. Parece que isso acontece no Brasil.

Os ensinamentos básicos são estes: os políticos são corruptos ou comunistas; em ambos os casos, pode-se acusá-los de qualquer coisa sem provas. Para combater o sistema político, todos os meios são válidos, é possível cometer tantos crimes quantos forem tolerados por uma Justiça Eleitoral hesitante e tardia.

As eleições na maior cidade do Brasil trazem um ensinamento sobre o qual será preciso refletir. Não se trata apenas de uma aventura política camuflada pela luta anticorrupção. É um pouco mais que isso. É a mensagem apocalíptica de que todos são criminosos, e é preciso escolher entre os que falam diretamente com seus medos e preconceitos.

Até que ponto isso pode avançar? A extrema direita no poder na Itália temperou seu discurso. Mas essa é a tendência ou o que vemos no Brasil é algo que aponta para algum futuro, um tempo em que a própria tecnologia favorece a barbárie?

Não é simples formular o antídoto. Por onde começar? Pelo mundo político que precisa se voltar para as expectativas elementares da sociedade? Pelos setores da sociedade que conseguem se identificar com a barbárie na esperança de algo melhor?

Desses problemas não se tiram férias. A nova variante da extrema direita não se opõe apenas ao sistema político, à imprensa e à academia. Ela desafia abertamente a lei pelos crimes comuns em que se formou, mas também pela metralhadora giratória de falsas acusações. Houve todo um preparo do TSE para combater fake news. Chegaram com uma nova embalagem e ainda não foram reconhecidos.

*Para o Jornal O Globo

Por José Adalberto Ribeiro*

Dedico este artigo ao meu colega, o genial poeta Drummond, que um dia perdeu as ilusões de ser brasileiro

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Década 1990, havia um slogan: “Muda, Brazil!”. O Brazil mudou. E daí, e daí?! Segue o lema da cantiga da perua: “É de pior a pior”. A sentença nos tempos da guerra do Vietnã, década de 1970 — “Make love, not war”, faça amor, não faça guerra — comoveu a humanidade. Assim foi decretado em Woodstock, em São Francisco da Califórnia, nos bordeis de Brasília, na Praça dó Capitólio de Campina Grande, na Casa da Luz Vermelha, no Salão Oval da Casa Branca e na rampa do Palácio do Planalto. “Amem!”, todos disseram. Amém!

Sob o signo da Guerra Fria, décadas de 1950 e 1960, o Doutor Strangelove, um estranho amor, cavalgava a bordo de uma ogiva nuclear para simbolizar o equilíbrio do terror. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS e os Estados Unidos da América estavam armados até o tutano e os artefatos nucleares poderiam destruir o mundo. O timoneiro chinês Mao Tse-tung dizia que o capitalismo era um tigre de papel, mas não convinha arriscar.

O Papa polonês Karol Wojtila mobilizou os anjos da guarda do bem para combater os anjos das trevas, discípulos de Lúcifer (Vade retro, satanás!) e o maldito muro de Berlim desmoronou em 1989. O efeito dominó acarretou a falência múltipla do comunismo no Leste europeu. Ainda hoje, anencéfalos da caterva vermelha sentem saudades do muro.

Os ativistas costumam aplicar o rótulo de que o regime autoritário vigorou de 1964 até 1985. Vejamos algumas vírgulas. O AI-5 foi revogado pelo general-presidente Geisel no crepúsculo do seu governo, em outubro de 1978, como parte da redemocratização. A anistia e a volta do exilados políticos aconteceram em 1979. Exclamação. Em 1982 houve eleições diretas para governadores, deputados federais e estaduais e eleições indiretas para 1/3 dos senadores biônicos. Reticências.

Mas, no meio do caminho tinha uma pedra: além dos biônicos, o pacote de abril de 1977 continha teores casuísticos, tipo o voto vinculado e a famigerada Lei Falcão, de restrições à propaganda eleitoral. Leonel Brizola, inimigo implacável do regime, foi eleito governador do Rio de Janeiro. A história é escrita pelos vencedores, dizem os isentões. Ilusão de ótica. Neste reino de Pindorama a história é escrita pelos perdedores.

Ditadura, nunca mais! Censura, never more! Viva a democracia! Vírgula! Ponto e vírgula! Interrogação. Reticências! Et cetera! Lero-lero!

Uma vez meu colega, o genial poeta Carlos Drummond de Andrade, me contou um segredo: “Eu também já fui brasileiro/ moreno como vocês. /Ponteei viola, guiei forde/ e aprendi na mesa dos bares que o nacionalismo é uma virtude./ Mas há uma hora em que os bares se fecham/ e todas as virtudes se negam”.

Eu disse a ele: “Drummond, Vossa Excelência tem razão”. Ele respondeu: “Thank you, colega Adalbertovsky!” Saudades do meu amigão!

*Periodista, escritor e quase poeta