O triste cenário da Venezuela
Deplorável as cenas de violência e de horror que o mundo assiste na Venezuela no pós-eleição de Nicolás Maduro. Desde 1998, com a eleição do coronel Hugo Chávez, que morreu em 2013, a economia da Venezuela perdeu o prumo. Chávez assumiu o poder com a promessa de transformar a Venezuela em uma nação socialista – ou em seu jargão, “bolivariana”, em alusão ao general Simon Bolívar (1783-1830).
Sua plataforma eleitoral se baseava na redistribuição da riqueza e na intervenção estatal na economia. Inicialmente, o militar usou os vastos recursos petrolíferos do País para financiar programas sociais, o que resultou em melhorias significativas nos indicadores de pobreza e desigualdade. No entanto, a dependência excessiva do petróleo criou vulnerabilidades econômicas, especialmente devido às oscilações de preços da commodity.
Leia maisChávez morreu aos 58 anos, vítima de um câncer, e foi sucedido pelo vice-presidente, o sindicalista Nicolás Maduro. Condutor de metrô em Caracas, Maduro governou com poderes especiais desde então. Em 2018 foi eleito para um mandato de seis anos em uma eleição contestada. Ele foi reeleito no domingo passado em um pleito novamente questionado pela oposição e sem transparência. Crise política à parte, sua continuidade no cargo manterá os problemas econômicos venezuelanos.
Ainda no século passado, Chávez implementou políticas de controle de preços e nacionalizou empresas privadas para além do estratégico setor do petróleo. A estatização incluiu eletricidade, telecomunicações e siderurgia. Essas nacionalizações, em muitos casos, levaram à queda da produtividade e da eficiência, devido à má gestão e à corrupção generalizada, com resultados desastrosos.
Os números, apesar da escassez de estatísticas confiáveis, mostram isso. Um em cada três venezuelanos poderia ser considerado pobre. Em 2021, essa proporção havia crescido para nove em cada dez pessoas. A pobreza extrema cresceu de 11% em 2013 para 68% em 2023.
Auge da crise em 2018 – A intervenção estatal e o uso da petrolífera PDVSA para funções sociais tiveram um impacto muito ruim na economia. Maior empresa venezuelana e uma das principais petrolíferas do mundo, a companhia chegou a ser usada para importar e vender eletrodomésticos. Não por acaso, o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela recuou 62% entre 2013 e 2023. O PIB caiu de US$ 258 bilhões para US$ 97 bilhões em dez anos. O auge da crise ocorreu em 2018. O governo imprimiu muito dinheiro para pagar as contas, fazendo com que a inflação atingisse 63.374% segundo o portal de informações econômicas Statista.
Fim das emendas suspeitas – Depois de audiência convocada para pôr fim ao “orçamento secreto”, o ministro Flávio Dino, do STF, determinou que a indicação de qualquer tipo de emendas por congressistas deve ter “absoluta vinculação federativa”, ou seja, só podem ser destinadas para os Estados (e municípios integrantes) que o elegeram. A única exceção aberta é para projetos de âmbito nacional cuja execução ultrapasse os limites do Estado. Dino também estabeleceu que, a partir de agora, a execução das RP-8 e dos “restos a pagar” das emendas RP-9 (que ficaram conhecidas como “orçamento secreto”) sejam pagas somente pelo Executivo mediante “prévia e total transparência e rastreabilidade”.
O patrimônio de Xinxa – Durante a Operação Duplo X, que prendeu Xinxa Siqueira, conhecido como Xinxa da Cebola, a Polícia Federal em Pernambuco alertou para as cifras milionárias da movimentação financeira da organização comandada por ele. Ontem, um dia depois da captura do empresário, a PF atualizou os números do patrimônio apreendido. A operação encontrou em poder da organização seis cavalos de raça. Eles estão avaliados em R$ 10 milhões. Também foram recolhidos pela PF 24 carros de alto luxo e esportivos, avaliados em R$ 30 milhões. Entre os veículos, estão um helicóptero e uma Ferrari vermelha, com a qual Xinxa circulava pelo Recife.
“Rei da cebola” – Filho do ex-deputado estadual Apolinário Siqueira, Xinxa atua, oficialmente, no setor de hortifruti. Ele ficou conhecido como o “Rei da Cebola” no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa). No entanto, a PF prendeu o empresário em uma investigação relativa a vários crimes como associação criminosa, agiotagem, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, empréstimo e aluguel ilegal de armas de fogo. Preso na última quarta-feira, Xinxa está no Centro de Observação Criminológica e Triagem Prof. Everardo Luna, o Cotel, localizado em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Caruaru lidera em gastos juninos – Caruaru foi a cidade que mais gastou com a contratação de artistas regionais e nacionais no período do São João, somando quase R$ 30 milhões. Em seguida, pela ordem, estão Petrolina, com R$ 15.693.000,00, Recife (R$ 9.491.470,79), Goiana (R$ 7.924.031,99), Vitória de Santo Antão (R$ 7.554.619,00), Araripina (R$ 6.738.100,00), Gravatá – R$ 4.995.930,00), Santa Cruz do Capibaribe R$ 4.915.200,00), Carpina (R$ 4.264.800,00) e Arcoverde (R$ 3.296.172,65). Os dados são do Ministério Público de Pernambuco informados pelas prefeituras até a última quarta-feira.
CURTAS
MULTADA – A prefeita de Tabira, Nicinha Melo, foi multada, ontem, pelo TCE, em R$ 25.976,63 devido a várias irregularidades, incluindo a ausência de procedimentos licitatórios para contratação de serviços de locação de veículos e fornecimento de combustíveis, além da contratação irregular de serviços contábeis nas contas de 2021.
LEI FEMINICÍDIO – Entrou em vigor, a partir de ontem, a Lei 14.942, que institui o programa Banco Vermelho, um marco na luta contra a violência doméstica e o feminicídio no Brasil. O projeto, de autoria da deputada federal Maria Arraes (SD-PE), prevê a instalação de bancos pintados de vermelho em locais públicos, acompanhados de mensagens de incentivo à reflexão e informações sobre canais de suporte e denúncia, como o Ligue 180.
MELHORIA – Pesquisa PoderData realizada de 27 a 29 de julho de 2024 mostra que 28% dos eleitores declaram que suas finanças pessoais melhoraram no último semestre. Os percentuais avançaram cinco pontos desde dezembro, na última vez que a pergunta foi feita aos entrevistados. No período, os que constatam uma piora nas contas recuaram três pontos percentuais. Eram 25% no fim de 2023. Hoje, são 22%.
Perguntar não ofende: Por que Lula não passa dos 47% de aprovação?
Leia menos