“Eu certamente terei eleitores que gostam do Lula e que não gostam do Lula, que gostam e não gostam do Bolsonaro. Cabe a mim cuidar do Recife, inclusive para aqueles que não votarem em mim”, afirmou em sabatina promovida por Folha e UOL.
Nas eleições de 2020, Campos disputou o segundo turno para a Prefeitura do Recife com a prima de segundo grau Marília Arraes, então filiada ao PT, hoje no Solidariedade, em disputa marcada por troca de farpas.
Uma das peças elaboradas pelo PSB de Campos mostrou um avião com os petistas Gleisi Hoffmann, Aloizio Mercadante e José Dirceu e os dizeres: “Cuidado, eles querem mandar no Recife”. Já Marília insinuou que Campos não teria preparo para ser prefeito por causa da idade —ele tem hoje 30 anos.
Mercadante é hoje presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e Gleisi Hoffmann presidente nacional do PT.
O prefeito do Recife afirmou que o combate tenso no segundo turno de 2020 foi por conta das “circunstâncias políticas” do momento. “Depois daquilo vimos uma frente ampla ser construída para viabilizar a eleição de Lula. No segundo turno de 2022 formamos o palanque com Lula, tendo Marília como candidata a governadora. Eu mesmo votei em Marília no segundo turno.”
Com nova aliança firmada, João Campos e Marília Arraes se consolidam na trincheira de oposição à governadora Raquel Lyra (PSDB). O grupo tentará voltar ao poder em 2026, após as derrotas em 2022, quando Marília perdeu no segundo turno para Lyra e o PSB, partido de João Campos, sequer foi à etapa final da eleição.
Campos despistou se tem planos de, caso reeleito, deixar a prefeitura para concorrer ao estado em 2026. Nos bastidores a estratégia é vista como possível e a concorrida vaga de vice na chapa das eleições de outubro ainda está indefinida. O PT tenta emplacar o nome de Mozart Salles. “Isso está sendo discutido”.
“Meu foco único eleitoral é a eleição de 2024. Meu pai (o ex-governador Eduardo Campos) dizia que cada eleição é uma eleição. Existe uma liturgia das coisas.”
João Campos afirmou que a prefeitura vai começar um estudo para armar uma parte da Guarda Municipal. A ideia é começar o armamento a partir de um grupamento tático, e ampliar caso a prefeitura avalie que a implementação deu certo.
No cenário nacional, João Campos afirmou que o terceiro mandato de Lula é “um governo de muitos acertos, de reconstrução”. Ele admitiu que a direita está à frente da esquerda na mobilização nas redes sociais, mas que muitas vezes “partem para uma comunicação violenta, distorcida”.
Durante a gestão, Campos tem sido criticado pela oposição pela forma como gere as redes. Durante o Carnaval, publicou fotos com o cabelo platinado. “É natural utilizar de ferramentas mais modernas para ter uma comunicação. Agora, não contem comigo para fazer uma comunicação violenta e deturpada do seu objetivo.”
Campos defendeu a gestão para conter as consequências das chuvas. O prefeito citou projetos de obras de encosta e um programa que subsidia e fiscaliza obras em residências em áreas de risco. “Nunca se investiu tanto quanto estamos investindo”.
O prefeito disse que houve avanços na educação, com abertura de vagas de creche, e na mobilidade urbana, alvo da oposição. O trânsito é um dos principais gargalos do Recife.
Além dele, outros dois postulantes foram convidados pelo portal UOL. Na terça-feira (2), no mesmo horário, foi a vez de Gilson Machado (PL). O ex-deputado federal Daniel Coelho (PSD) fecha o ciclo de pré-candidatos à PCR nesta sexta-feira (5).
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