Psol realiza convenção em Petrolina para homologar chapa majoritária

O Psol de Petrolina realiza neste sábado (27), a partir das 15h, a sua convenção partidária para homologar a chapa majoritária, tendo Perpetua Rodrigues como pré-candidata à prefeita.

Na programação também serão referendados o nome do vice na chapa e de 20 pré-candidatos e candidatas que disputarão vaga no poder legislativo municipal nas eleições 2024. A convenção acontece na Associação das Mulheres Rendeiras, localizada no bairro José e Maria, zona norte da cidade, a partir das 15h. 

Principal município bolsonarista do Estado, administrado pelo prefeito Mano Medeiros, sucessor de Anderson Ferreira, presidente estadual do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jaboatão dos Guararapes será o epicentro hoje de uma convenção na qual o prefeito dará um atestado anti bolsonarista. 

Não convidou nenhum aliado de Bolsonaro no Estado para a convenção, que já começou, nem mesmo o ex-ministro Gilson Machado, pré-candidato a prefeito do Recife. O próprio Anderson, ao receber um telefonema de Gilson, o orientou a não dar as caras na convenção, segundo apurei.

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), cumpre agenda movimentada neste fim de semana, reforçando palanques de aliados que disputarão as eleições municipais de outubro. Ontem à noite, Porto participou da convenção que oficializou a candidatura de Diego Cabral (Republicanos) e da Comandante Débora (PT) a prefeito e vice, respectivamente, em Camaragibe, no Grande Recife. 

Neste sábado (27), Porto inicia o dia em Olinda, participando da convenção do pré-candidato a prefeito Vinicius Castello (PT). Depois, segue para Correntes, no Agreste, onde integrará o palanque do ato que homologará a candidatura de Dr. Romão (PSDB) à prefeitura. No final do dia, vai a Ipojuca, no Litoral Sul, marcar presença na convenção que selará a candidatura do ex-prefeito Carlos Santana (Republicanos) ao Executivo daquele município.

Neste domingo (28), o deputado tem compromissos em São Benedito do Sul, onde participa da convenção da pré-candidata a prefeita Nicolly Cavalcanti (Republicanos); e em Brejão, no Agreste, onde estará ao lado do vice-prefeito, Saulo Maruim (PP), no ato que oficializará a sua candidatura à prefeitura municipal. 

Neste sábado (27), o pré-candidato Henrique Queiroz oficializa sua candidatura a prefeito de Buenos Aires em convenção partidária que será realizada no município, localizado na zona da mata norte de Pernambuco. 

Para o Queiroz, Buenos Aires tem condições de se desenvolver ainda mais com investimento na educação, na saúde, na assistência social e na segurança pública. 

Paris vai se mostrar para o mundo enquanto esconde um de seus maiores problemas. Nesta sexta-feira (26), na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos, enquanto a capital francesa levou milhões de espectadores pelo Rio Sena, milhares de pessoas em situação de rua foram retiradas da cidade.

A “limpeza social” tem sido denunciada pelo coletivo Le Reverse de la Médaille (O outro lado da medalha, em português), que reúne movimentos sociais para dar visibilidade à exclusão de moradores.

A maioria dos afetados é de imigrantes de origem africana, originários de alguns dos países mais pobres do mundo, como Sudão e Chade. De acordo com as denúncias, eles foram retirados de ruas e pontes da região de Paris e levados, contra a sua vontade, para abrigos em cidades como Lyon e Marselha.

Os registros de retiradas de moradores começaram no ano passado. Em um relatório publicado em sua página oficial, o coletivo detalha o perfil dos afetados: no período entre 1º de maio de 2023 e 30 de abril deste ano, 12.545 pessoas foram retiradas, sendo 3.434 menores de idade.

“Há um grande número de indicadores que sugerem que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos estão acelerando a dispersão e a remoção de pessoas em situação vulnerável”, afirma o coletivo no documento.

As cifras já aumentaram: na semana passada, 470 pessoas foram retiradas do Canal de l`Ourcq, dias antes da passagem da tocha olímpica. Outro grupo foi retirado do canal de St Denis, na altura de Aubervilliers. Na quinta-feira, grupos de apoio aos excluídos olímpicos foram ao local.

Também na quinta-feira, 24 horas antes da cerimônia de abertura, grupos organizados pelo Le Reverse de la Médaille reuniram-se na Place de la Révolution. Além das reivindicações contra a retirada dos moradores, houve críticas às promessas não cumpridas pelo poder público e pela organização.

“Essas operações nada têm a ver com os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Essa limpeza social não existe”, disse a ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castér ao ser perguntada sobre a situação em uma entrevista coletiva.

Em junho, o jornal L’Équipe teve acesso a um e-mail de um funcionário do governo, em que era recomendado “identificar pessoas em situação de rua nas proximidades de locais de competição olímpicos para removê-las”.

Rio também passou por limpeza

Os Jogos Olímpicos de Paris não são pioneiros na limpeza social. Há relatos de dispositivos para excluir moradores “indesejados” desde Atlanta, em 1996.

Em agosto de 2016, durante a Olimpíada realizada na cidade, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro classificou ações do governo nos meses anteriores ao evento como “higienistas”.

O modus operandi era parecido: retirada compulsória de moradores em situação de rua que estivesse à vista para atletas, turistas e torcedores em seus deslocamentos pela cidade.

Do Uol

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

No Brasil, o que se assistiu, historicamente, foi troca de farpas entre presidentes da República, mas entre primeira e ex-primeira-dama nunca antes no quartel de Abrantes. Isso se instalou na era Lula III, pós-Bolsonaro. Lá atrás, Janja jogou pesado contra Michele e Bolsonaro, acusando-os pelo sumiço de móveis no Palácio da Alvorada.

Foi a justificativa para Lula comprar móveis no valor acima de R$ 400 mil, mas o sumiço era mentira e os móveis apareceram no depósito do Alvorada. Ontem, a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro criticou a primeira-dama Janja Lula da Silva por “viajar” e pela compra de móveis sem licitação para o Palácio do Alvorada.

A declaração foi dada em um evento do PL Mulher e compartilhada, ontem, nas redes sociais. “Infelizmente, algumas primeiras-damas têm vocação para trabalhar, mas outras têm vocação para viajar e articular compra de móveis sem licitação”, disse. Michelle falava sobre o programa Pátria Voluntária, criado em 2019 durante o governo Bolsonaro.

Era coordenado pela Casa Civil da Presidência da República e chefiado por ela. Tinha como objetivo incentivar o trabalho voluntário. A ex-primeira-dama criticou Janja por não dar continuidade à iniciativa. “Como presidente do Pátria Voluntária, nós ajudamos o Brasil inteiro. Em lugares mais remotos, a nossa ajuda chegou, nós incentivamos, fomentamos o voluntariado e estamos colhendo os frutos hoje […] Infelizmente, está parado o programa de governo”, declarou.

Umas ‘gastam’ a si mesmas para ajudar o próximo. Outras ‘gastam ‘o que é do próximo para ajudar a si mesmas. C’est la vie. La vie est belle [Isso é vida. A vida é bela]!”, completou Michelle na legenda da publicação.

Janja viajou para a França para acompanhar os Jogos Olímpicos. Recebeu credencial de chefe de Estado e representará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que resultou em críticas por parte da oposição. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) disse ter protocolado um pedido de esclarecimento ao Itamaraty sobre a viagem.

É comum que Janja acompanhe Lula em idas ao exterior. Essa não é a primeira vez que a passagem da primeira-dama por destinos internacionais é alvo de críticas da oposição. Em junho, o casal presidencial viajou para a Europa próximo ao Dia dos Namorados, o que foi comentado pela família Bolsonaro nas redes sociais.

Em 3 fevereiro de 2023, o governo publicou no DOU (Diário Oficial da União) um extrato da contratação para aquisição, sem licitação, de 11 móveis pelo valor total de R$ 379,4 mil. O mobiliário era voltado para a área íntima do palácio, como o quarto do presidente e da primeira-dama Janja, que ganhou 5 novos móveis e 1 colchão pelo valor de R$ 196,7 mil.

Na época da compra, o governo alegou que parte da mobília do palácio tinha sumido. Lula e Janja fizeram várias críticas à gestão de Bolsonaro. A primeira-dama chegou a levar uma equipe do Grupo Globo ao local para reclamar das condições deixadas por Bolsonaro. Já o petista disse que o ex-presidente teria levado os móveis do Alvorada. 

Em março de 2024, a Secom (Secretaria de Comunicação Social do governo) informou que a Presidência localizou os 261 móveis do Palácio da Alvorada que estavam desaparecidos. 

Na quarta-feira, o TCU (Tribunal de Contas da União) julgou improcedente representação que questionava possíveis irregularidades na compra dos novos móveis. O entendimento da Corte de Contas é que o processo de contratação, embora tenha sido realizado sem licitação, correu de forma legal.

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), com o apoio do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), realizou nesta sexta-feira (26), a 38ª Operação de Repressão Qualificada, denominada como “Operação Escroque”. Com o objetivo de combater crimes contra a administração pública municipal. Na ação, foi recomendado o afastamento das funções de dois vereadores da Câmara Municipal de Lagoa Grande, no Sertão do estado.

Esta etapa da operação apurou o desvio de valores referentes ao pagamento de diárias pela Câmara Municipal de Lagoa Grande. Segundo o MPPE, até o momento, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa a marca dos R$ 4 milhões. Também foram executados dez mandados de busca e apreensão, sequestro de bens, além do bloqueio de ativos financeiros. As informações são do G1.

As investigações foram iniciadas em março de 2023 pela PCPE, com o apoio do MPPE, onde se apurava o desvio de valores referentes ao pagamento de diárias pela Câmara Municipal de Lagoa Grande.

Na operação, foi identificado o desvio de dinheiro público por meio de contratos com locadoras e construtoras pela Câmara Municipal, as quais devolviam cerca de 25% do valor recebido para os investigados.

A terceira parcela do mês de julho do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) será creditada nas contas das prefeituras brasileiras na próxima terça-feira (30). O repasse é referente ao 3º decêndio do mês, no valor de R$ 4.268.907.936,56, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em valores brutos, incluindo o Fundeb, o montante é de R$ 5.336.134.920,70.

O levantamento dos Estudos Técnicos da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que, de acordo com os dados da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), o 3º decêndio de julho de 2024, comparado com mesmo decêndio do ano anterior, apresentou um crescimento de 18,12% em termos nominais. O acumulado do mês, em relação ao mesmo período do ano anterior, teve crescimento de 11,20%.

A CNM ressalta que a arrecadação da base de cálculo do FPM subiu R$ 3,6 bilhões no terceiro decêndio de julho de 2024, passando de R$ 20 bilhões para R$ 23,7 bilhões. O fator preponderante para o aumento de 18,12% do FPM foi o crescimento de R$ 4 bilhões do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), nas modalidades de rendimento do trabalho e do capital, que explica quase integralmente a variação positiva do fundo no terceiro decêndio. Contribuíram negativamente o IRPF (-R$ 40 milhões), o IRPJ (-R$ 329 milhões) e o IPI (-R$ 104 milhões).

A despeito do elevado crescimento do FPM até este momento, a CNM orienta aos gestores municipais o uso dos repasses com cautela e atenção. “É de suma importância que o gestor tenha pleno controle das finanças da prefeitura, sobretudo no período final de mandato. A Confederação seguirá acompanhando de perto a evolução do FPM a fim de garantir a autonomia dos Municípios brasileiros”, diz.

Por Marcelo Tognozzi*

Aquele ano de 1980 começara quente. Bancas de jornais eram bombardeadas por grupos terroristas de direita. Em 10 de junho, operários trabalhavam na demolição do antigo prédio da UNE (União Nacional dos Estudantes) na praia do Flamengo, 132, quando um grupo de mais de 1.000 estudantes começou a protestar. Queriam manter de pé o prédio condenado pelo governo do general João Figueiredo a ser riscado do mapa.

Dentro do prédio, Flavinho, fotógrafo cego de um olho, perdido num acidente com arpão, registrava a demolição. Foi preso pela polícia. Cercados por mais de 500 policiais, nós seguimos protestando e repetindo o velho slogan de guerra: “A UNE somos nós, nossa força e nossa voz”.

A Lei da Anistia, sancionada em 28 de agosto de 1979, ainda não havia completado 1 ano de vida. O país vivia uma polarização entre os apoiadores do regime militar e seus adversários que pediam Diretas Já e Constituinte.

No meio daquela confusão, bombas de gás lacrimogêneo, bordoadas e gritaria, conseguimos fugir em direção à Glória, meu amigo Ricardo Lessa, mais uns 3 ou 4 amigos e eu. Lessa era um jornalista ligado ao MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) escrevia para o jornal Hora do Povo, em circulação desde 1979 e um dos ícones da chamada imprensa nanica, a qual explodiu em uma multiplicidade de títulos e estilos no fim dos anos 1970 e início dos 1980.

Lessa, nossos amigos e eu corremos muito. Escapamos da pancadaria, que naquela época era rotineira. Naquele Rio de Janeiro convulsionado, o tenente Martinelli da tropa de choque da PM era o terror de qualquer moleque que cruzasse seu caminho. Fui um dos poucos a escapar dele durante uma manifestação contra a posse do presidente Figueiredo em 15 de março de 1979, não sem antes levar umas borrachadas de cassetete e ficar 1 semana descadeirado.

Ricardo Lessa cresceu e amadureceu lutando contra o arbítrio. Por causa da sua militância política foi mandado para a cadeia, mesmo depois da Lei da Anistia, e ficou preso no quartel dos Bombeiros da rua Humaitá, onde nós íamos visitá-lo. Era tratado com toda dignidade e ainda por cima teve a sorte de ficar preso perto da casa da sua mãe, o que era, no mínimo, a garantia de mimos. Saiu daquela cadeia bem mais gordo do que quando entrou.

Dono de um texto leve e ágil, ele acaba de publicar “O Primeiro Golpe do Brasil”. Lessa dá um mergulho na nossa História e volta ao ano de 1823, quando d. Pedro 1º mandou fechar a Constituinte e decidiu ele mesmo escrever a Constituição do Império, a qual sobreviveria até 1891, quando o Brasil republicano elaborou uma nova Carta.

O livro é uma delícia. Mostra um imperador muito mais preocupado com a manutenção dos seus poderes absolutistas do que com o futuro da nação que ele acabara de tornar independente de Portugal. Expõe as raízes do autoritarismo brasileiro, seja de pequena ou grande monta, cuja síntese é o manda quem pode e obedece quem tem juízo.

D. Pedro desmanchou a Constituinte na porrada, com soldados comandados por portugueses, seus homens de confiança. E o fez convencido de que deputados queriam transformar o Brasil numa monarquia constitucional nos moldes daquelas que hoje funcionam na Europa, onde o rei reina, porém, não governa.

Oriundo de uma linhagem real acostumada a ser a personificação da lei, D. Pedro não poderia escolher outro caminho. Fez aquilo que Getúlio Vargas repetiu em 1937 ao produzir ele próprio uma Constituição capaz de dar respaldo jurídico à ditadura do poder absoluto.

O livro exibe sem retoques uma sociedade escravagista, comandada por burocratas pagos regiamente com dinheiro público, mas que ao mesmo tempo faziam negócios e mais negócios. Um Rio de Janeiro cuja elite era formada por traficantes de escravos, contrabandistas e outros aventureiros. O próprio imperador vendia cavalos e seus amigos e assessores vendiam prestígio e até títulos de nobreza.

O governo de D. Pedro descrito no livro de Ricardo Lessa é o pai do jeitinho brasileiro. Olhar para o passado pelo texto de Lessa é entender um pouco das origens do poder no Brasil e sobre como ele continua sendo exercido.

O absolutismo de D. Pedro causou revoltas, como a Confederação do Equador (1824), cujo líder frei Caneca foi condenado à morte. Em 13 de janeiro de 1825, frei Caneca deveria ser enforcado. João Cabral de Melo Neto, no seu poema “O Auto do Frade”, narra a recusa dos carrascos em enforcar Joaquim do Amor Divino Rabelo. A solução foi fuzilar o padre pernambucano.

Pedro deixou o Brasil depois de abdicar em favor do seu filho, o futuro imperador D. Pedro 2º. Ficou 5 dias num navio fundeado na baía da Guanabara antes de partir para a Europa. Lessa narra a conversa do imperador com seu ex-ministro Francisco Vilela Barbosa, que implora para voltar a Portugal. “Já trago muita gente nas costas. Por que não roubou que nem o Barbacena (Felisberto Caldeira Brant, o marquês de Barbacena)?”, reagiu o imperador.

Roubar era o normal para quem mandava e a corrupção já era um meio de vida, digamos, aceitável. Deveria ser terrível viver naquele Brasil de 200 anos atrás com a roubalheira correndo solta e totalmente impune, com ladrões sendo cortejados e admirados. Desde sempre, esse gene faz parte do DNA nacional.

Aquele ano de 1831 pegou fogo. Havia protestos em várias partes do país. O próprio D. Pedro teve de ir à Minas conter uma revolta. O ponto alto dos conflitos se deu em 7 abril, na famosa noite das garrafadas, quando portugueses e brasileiros se enfrentaram quebrando garrafas uns nos outros.  Pedro partiu do Brasil em 13 de abril, praticamente expelido pela oposição. Tinha 33 anos.

Ricardo Lessa, adversário figadal do arbítrio, nos leva a desvendar um Brasil que não está nos livros escolares. Uma viagem ao passado para entender o presente, num país em que prédios como o da UNE não são mais destruídos. Agora, a força bruta reprime a liberdade de expressão, apoiada por uma grande imprensa conivente com a censura e o absolutismo que contaminou o Poder Judiciário.

Um Brasil que surpreende a todos nós, que apanhamos da polícia nas ruas lutando pelo direito de pensar, falar e votar. No fim de tudo, sobreviveu firme e forte a máxima do manda quem pode e obedece quem tem juízo. Exatamente como há 201 anos.

*Jornalista

Por Roberta Soares*

A empresa de ônibus Vera Cruz vai deixar o Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP). A empresa entregou todas as linhas que operava ao governo de Pernambuco no último dia 22/7 e aguarda, apenas, a efetivação do ato pelo Estado.

As linhas que ainda estavam sendo operadas pela empresa serão repassadas a outras operadoras do sistema, como Borborema, Empresa Metropolitana e São Judas Tadeu.

Por nota, a Vera Cruz questionou a informação de que teria sofrido uma nova sanção pelo Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), com a transferência de mais 14 linhas nos próximos dias.

“A Vera Cruz informa que, diferentemente do que foi veiculado anteriormente na imprensa, a empresa não sofreu, sob qualquer hipótese, nenhuma sanção administrativa, tendo feito a entrega das linhas por livre e espontânea vontade. A empresa reitera também que será respeitado o cronograma de atividades, ainda a ser acordado com o CTM”, informou a Vera Cruz à Coluna Mobilidade.

Decisão de sair do sistema seria irrevogável

A empresa enviou, ainda, a carta protocolada no CTM no dia 23/7 e que comprova a efetivação da devolução das linhas. No documento, que tem como referência a desistência da operação de todas as linhas de transporte sob permissão da Vera Cruz, a operadora voltou a usar os mesmos argumentos que apresentou em abril, quando pediu para transferir e permutar parte da operação.

A empresa alega que a operação vem sendo deficitária sob o ponto de vista econômico-financeiro há anos, o que tem provocado “severos prejuízos” que comprometem a manutenção dos serviços regulares de transportes.

E segue afirmando que a decisão não tem volta. “Entendemos não ter mais sentido operar todas as nossas linhas de transporte por ser economicamente inviável. Assim, manifestamos formalmente a nossa desistência definitiva e encerramento das atividades operacionais, em caráter irrevogável, de forma amigável, a partir do dia 23 de julho”.

14 linhas da Vera Cruz passarão para Borborema e Metropolitana. Outras 12 já tinham sido transferidas

As linhas de ônibus da Vera Cruz serão transferidas para outras operadoras do sistema. Em abril, a Vera Cruz teve 12 linhas transferidas para outras operadoras depois de pedir ao governo de Pernambuco – gestor do sistema de ônibus na RMR – para devolver e transferir parte de sua operação.

Agora, serão outras 14 linhas de ônibus que terão a operação transferida para a Borborema e a Metropolitana, já consultadas oficialmente pelo CTM. Cada uma assumirá sete linhas. As duas já teriam confirmado o interesse e as condições operacionais para assumir a nova rede. 

Linhas a serem transferidas para a Empresa Borborema:

124 – VILA DO SESI/TI TANCREDO NEVES

125 – CÓRREGO DA GAMELEIRA/TI TANCREDO NEVES

151 – JARDIM JORDÃO/TI AEROPORTO

152 – JORDÃO BAIXO/TI AEROPORTO

153 – JORDÃO ALTO/TI AEROPORTO

154 – JORDÃO (BACURAU)

155 – JORDÃO BAIXO/BOA VIAGEM

Linhas a serem transferidas para a Empresa Metropolitana:

126 – UR-03/TI TANCREDO NEVES

131 – UR-02 (BACURAU)

132 – UR-02 (IBURA)/TI TANCREDO NEVES

134 – LAGOA ENCANTADA/TI TANCREDO NEVES

141- JARDIM MONTE VERDE/TI TANCREDO NEVES

143 – UR-06/TI TANCREDO NEVES

168 – TI TANCREDO NEVES (CDE. B. VISTA)

*Jornalista do Jornal do Commercio