Coluna da quarta-feira

Maioria não quer Lula reeleito

Em meio à tragédia que se abate no Rio Grande do Sul, a economia sem reagir e os juros em alta, o presidente Lula começou a semana recebendo uma péssima notícia: 55% dos brasileiros não querem mais vê-lo no comando do País em um novo mandato, a partir das eleições de 2026. O levantamento é do Instituto Genial/Quaest e acendeu uma luz amarela no Planalto.

Outro dado trazido pela Quaest é que 23% dos que votaram no petista em 2022 acreditaram agora que ele não merece ser reeleito. Entre os que votaram em branco e nulo no último pleito, 63% também não querem ver Lula de novo como presidente. O levantamento realizou 2.045 entrevistas presenciais com eleitores de 120 municípios de 2 a 6 de maio.

No recorte por região, o Nordeste é o que mais apoia a reeleição de Lula, com 60% dos entrevistados defendendo um novo mandato para o atual presidente. Já a maioria dos entrevistados no Sudeste expressaram o contrário: 63% acham que Lula não merece ser reconduzido ao cargo. Só 1/3 (33%) apoiaria Lula em 2026.

A queda no desempenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Sudeste foi fundamental para a eleição de Lula. A região concentra três dos maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente), equivalente a mais de 40% do eleitorado brasileiro. Apesar da maioria dos pesquisados não acharem que Lula merece um novo mandato, o presidente seria reeleito em uma disputa contra o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos). Neste cenário, Lula teria 46% dos votos e Tarcísio, 40%.

Novo Getúlio – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) comparou o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao retorno de Getúlio Vargas ao poder, em 1951, depois do fim da ditadura do Estado Novo (1937-1946). Para Ciro, os dois presidentes vinham de experiências políticas positivas no passado. Mas tiveram um retorno desastroso. “Estamos repetindo um fato histórico. Comparo o que acontece hoje no Brasil com o retorno de Getúlio Vargas à presidência em 1951. Ele tinha sido um grande presidente que implementou diversas reformas. Mas, quando voltou, voltou fora da sua época. Não conseguia mais se comunicar. Não falo da carta testamento, mas do seu governo”, afirmou.

O bom exemplo de Belo Jardim – O prefeito de Belo Jardim, Gilvandro Estrela (UB), tomou, ontem, uma decisão extremamente lúcida e sensata: não irá a Brasília participar da Marcha dos Prefeitos na próxima semana. “Acho uma estupidez num momento em que o País vive essa tragédia do Rio Grande do Sul prefeito fazer marcha em Brasília. Eu não sou militar para marchar, quem me representa em Brasília é o deputado Mendonça Filho e o senador Fernando Dueire. Não vou a Brasília passear gastando dinheiro público, já tão escasso em nosso município”, desabafou.

Baixa adesão – A Marcha dos Prefeitos perdeu sentido. Os olhos do Governo e do Brasil estão voltados para o Rio Grande do Sul, Estado praticamente destruído pelas cheias. Parece que a atitude do prefeito de Belo Jardim ganhará ressonância. Pelos menos até ontem, dos 184 prefeitos do Estado apenas 70 haviam confirmado presença. Há muito, essas mobilizações de prefeitos em Brasília não dão resultado e servem apenas para gestor público fazer turismo na capital federal.

Falta de sensibilidade – Os prefeitos deveriam ter mais sensibilidade e suspender a marcha. Segundo balanço da CNM, entidade dos próprios gestores, os municípios gaúchos afetados pelos temporais desde o fim de abril já contabilizam mais de R$ 8,9 bilhões de prejuízos financeiros: R$ 2,4 bilhões no setor público, R$ 1,9 bilhão na iniciativa privada e R$ 4,6 bilhões no segmento habitacional. Até o momento, foram registrados impactos em 105,6 mil habitações. A entidade, que acompanha diariamente a situação, reforça que os dados são parciais, uma vez que as gestões locais enfrentam dificuldades de inserir as informações nos sistemas.

O chorão atrás de lenço – Preferido pela governadora Raquel Lyra (PSDB) na disputa pela Prefeitura do Recife, mesmo sem assumir, para não se atritar com seu candidato oficial Daniel Coelho (PSD), o deputado Túlio Gadelha (Rede) tende a perder a batalha para se viabilizar dentro da federação Psol-Rede Sustentabilidade. A sua concorrente Dani Portela (PSol) oficializa sua pré-candidatura hoje, às 18 horas, na sede do seu partido, com muito mais chances. Melhor para Gadelha, que chegou a chorar nas eleições de 2020 porque não teve o apoio do PDT, seu então partido, já reforçar de antemão o seu estoque de lenço.

CURTAS

CONVITE – O presidente Lula convidou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para acompanhá-lo, hoje, na visita ao Rio Grande do Sul. Na viagem, o petista pretende anunciar novas medidas para socorrer a população do Rio Grande do Sul após as fortes chuvas que inundaram o Estado, matando mais de 140 pessoas.

MEDIDAS – Antes da viagem, Lula chamou, ontem, ao seu gabinete, os presidentes da Câmara e do Senado para uma reunião quando adiantou algumas das medidas que serão anunciadas. Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul após o início das chuvas, em 5 de maio, Lula já havia levado Lira e Pacheco junto. O ministro Edson Fachin, vice-presidente do STF, também acompanhou a comitiva.

PRISÕES – Uma operação deflagrada, ontem, prendeu 34 pessoas suspeitas de tráfico de drogas e outros crimes no Grande Recife e em João Pessoa (PB). Ao todo, 25 pessoas foram alvo de mandado de prisão e nove foram presas em flagrante pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Pernambuco (Ficco).

Perguntar não ofende: Lula está indo de ladeira abaixo?