Por José Adalbertovsky Ribeiro*
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Na vida há tempo para todo propósito, tempo para sorrir e tempo para chorar, tempo para a semeadura e tempo para a colheita, tempo para amar e tempo para odiar, reza a sentença do Eclesiastes. 2023 foi o ano de semeadura das guerras no mundo, tempos de reformas e conflitos.
Há tempo de diástoles e tempo da síndrome do coração partido, a síndrome Takotsubo, na linguagem dos cardiologistas. A síndrome partiu os corações auriverdes. Aconteceu um arrastão conduzido por “senhoras, crianças, rapazes e moças”, na expressão do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro. Arqueiro do território das espadas, o ministro JMM é mensageiro da boa paz.
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Um marginal, por sinal ex-governador, no Rio de Janeiro, comandou arrastões antidemocráticos para assaltar os cofres públicos. Todo assalto aos sofres públicos é um atentado antidemocrático. O marginal foi condenado a mais de 200 anos de cadeia. Recentemente conquistou a liberdade e está solto na buraqueira. Poderá ser reeleito governador ou prefeito daquela cidade que os abestalhados chamam de maravilhosa. Dirá que é inocente porque não quebrou nenhuma vidraça de palácio.
Precisamos de colírios para serenar nossos corações. Isto, com base na ideia de que só se vê bem com o coração, pois o essencial é invisível aos olhos. De manhã quando a pessoa acorda as remelas embaçam a vista. O problema da visão ideológica da humanidade são as remelas quânticas, segundo o cientista Dirac. O abençoado Machado de Assis recomenda o Emplastro Brás Cubas, “um medicamento sublime capaz de aliviar as dores da melancólica” humanidade.
Eu sou zarolho e não vejo com bons olhos a vermelhidão dos tempos de hoje. Perguntei ao doutor Alvacir Fox, meu oftalmologista preferido, quantas dioptrias preciso para corrigir meu olho zarolho. Ele examinou minhas retinas castigadas pela caterva vermelha e disse que não tem pince-nez que dê jeito. A solução é tocar um tango argentino à moda de Milei. Existem zarolhos de nascença, assim como existem analfabetos de nascença, segundo a ciência do bode rouco.
O que será do ano 2024? Eleição de Donald Trump nos Estados Unidos? Mutretas do Orçamento Secreto! Wesley Safadão! Reeleição de João Campos! Ucrânia! Governo de Raquel Lyra! Regulamentação da mídia! Faixa de Gaza! A ditadura de Nicolas Maduro vai cair? Prosperidade e democracia em nosso Brazil! Nenhum profeta tem o dom de decifrar a catraca do tempo.
Na Antiguidade havia profetas e Oráculos da verdade. Nestes tempos tecnológicos existem muito mais profetas e Oráculos que na Roma Antiga e na Grécia. São os profetas do fato consumado e oráculos de meias tigelas. Há mais sábios e profetas nas mesas de bares do que supõe nossa vão filosofia. Este Brazil é um canteiro de sábios e profetas em todas as esquinas.
Saibam vocês, Zé Manés, que esta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira Cruz, tem jeitinho, mas não tem jeito.
*Periodista, escritor e quase poeta
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